Capítulo VI - Missão

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Uma sensação boa tinha consumido Jonas. Talvez tenha sido por notar que agora a temperatura estava bem mais agradável do que quando caiu no sono ali no sofá sem cobertor. Acordou naquele momento, abriu os olhos na esperança de poder sentir a luz do dia invadir suas pupilas, esperando ser ofuscado pelo brilho da manhã, mas não. As pupilas, nos olhos cansados, continuavam dilatadas para absorver a maior quantidade possível da luz das pequeninas velas que estavam prestes a se apagar. Ergueu sua cabeça do encosto do sofá e então percebeu o quanto seu pescoço doía, mas nada o chamou mais atenção do que a ausência de luz no céu enquanto o relógio no seu pulso esquerdo marcava oito horas e treze minutos. O pouco que conseguia ver do céu era um cinza escuro como nunca antes tinha visto, parecia que o céu estava coberto de uma fumaça escura, as luzes azuis haviam sumido. Se colocou de pé com dificuldade para não chutar o colchão de Leo ou esbarrar nas pernas de Ricardo que dormia profundamente no sofá. Enzo ocupava o sofá menor e parecia dormir tranquilo, ao lado Judah, num colchão no chão ainda com a cabeça enfaixada. No meio da sala o colchão de Leonardo e mais ao lado o de Julia que dormia com a carta de sua mãe entre os dedos. Fabio dormia encolhido no colchão mais próximo da mesa, parecia que iria dormir por uns dez anos. Nathalia havia dormido ao meu lado no sofá, se lembrava de ter insistido que fosse dormir na cama da mãe da Julia depois de ter sofrido aquela convulsão estranha que a fez entrar na mente de uma daquelas sombras, mas ninguém queria dormir lá, todos queriam ficar juntos.

Seu corpo estava cansado, mesmo com o curto período de sono ele ainda se sentia fraco. Começava a pensar se não tinha relação com o que tinha acontecido a ele e ao Judah no dia anterior. Ainda podia sentir aquela dor misteriosa no peito. Olhou lá para baixo e não havia ninguém, o céu era formado por um cinza profundamente escuro, nem preto e nem da cor das nuvens durante uma tempestade. O que poderia explicar aquele fenômeno? Nenhuma tempestade solar era capaz de causar aquilo, fazer o dia tão escuro daquele jeito, como se o dia fosse um longo início de noite. Estava completamente perdido em seus temores em relação a sua família quando ouviu um barulho diferente do coro de respirações dos meus amigos a dormir.

- Que horas são, Jonas?

- São... Oito e vinte – respondeu a um Enzo que coçava os olhos e se colocava numa posição mais confortável naquele sofá menor.

- Oito?

- O céu... Continua escuro... – contou com um sorriso bobo no rosto.

- Mas como... – Enzo desistiu de terminar a pergunta quando viu Jonas dando de ombros – Meu deus, o que está acontecendo?

Ficou um breve silêncio.

- Eu sei que você não acredita nele, mas... – dizia com medo de ser indelicado.

- Hmm – soltou.

- Você não tem medo de ser o fim de tudo?

- Então...

- E se for o fim, você... Ah sei lá, é que acho que já orei tanto com a esperança de ter alguma resposta que eu acho que a minha fé está meio abalada – disse observando os rostos tranquilos dos amigos que dormiam.

- Entendo, mas você está bem? – Perguntou Enzo.

- Estou... Quer dizer, não sei. Eu não me sinto muito bem desde que eu... Morri – contou.

- O que você sente?

- Não te disse antes por que não acho que seja algo no corpo... É como se doesse na alma, entende? Não né? – Falou sorridente.

- O Judah me contou, ele está sentindo a mesma coisa eu acho... – disse enquanto conferia se o curativo ainda estava na posição certa na cabeça de Judah.

AURA: Mundos Sombrios Vol. IDonde viven las historias. Descúbrelo ahora