Duas cadeiras

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Sinto medo de envelhecer,
de passar de jovem promissora
para uma senhora desconhecida dos vizinhos.

de não ter meus pais por perto,

de nunca mais ouvir meus casos de infância,

e de esquecer meu poema preferido.

Às vezes não consigo dormir pensando na violência de acordar sem um familiar existindo.

Mas nos últimos dias tenho refletido,

e não tem me parecido mais tão terrível enfrentar um mundo adaptado,

se penso que mesmo com tudo mudado,

você vai estar velhinha,
numa cadeira ao lado da minha,

com essa mente que sempre enxergou a minha versão atual como a melhor que eu tinha.


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