07 - Sentimentos confusos

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Jullian Lopez

Tomar a decisão de ficar não foi tão fácil, mas diante a situação era minha melhor escolha. Sei que posso estar fazendo uma burrada, mas meu coração me diz para confiar nessas pessoas. Talvez seja a carência que senti por toda a minha vida, mas desde que cheguei nessa casa eu me senti acolhido e protegido de certa forma. Então a proposta de Bella veio em uma hora muito oportuna diante minha indecisão. Eu quero recomeçar, quero pelo menos uma vez na vida viver de verdade e não apenas sobreviver.

— Ju?

Um estalar de dedos me tira do mundo dos pensamentos e olho para Bella, em minha frente. Em suas mãos há uma bolsa térmica e minha expressão automaticamente se torna confusa.

— Sim? Para que essa bolsa, Bel? — questiono quando ela coloca o item em minha mão.

— O senhor Mazza não poderá vir almoçar hoje, preciso que leve a comida até ele. — Ela diz e arqueio uma sobrancelha.

— Ele não poderia, tipo, comer em um restaurante? — pergunto e é a vez de ela levantar uma sobrancelha para mim.

— E deixar de comer a minha comida? Nem pensar. Agora vai, o motorista está te esperando.

Bella me empurra suavemente para fora da cozinha e um suspiro baixo escapa por minha boca. Encontro o motorista a minha espera e entro no veículo com minha entrega em mãos.

Faz exatamente uma semana desde que decidi ficar na Itália e estou me acostumando aos poucos com minha nova vida. Sou muito grato ao senhor Mazza, mas ele parece me evitar desde o episódio em que o vi sem máscara, o que eu acho uma tolice, mas não sou ninguém para dizer algo. Já Matteo me trata como um irmão mais novo, o que eu confesso estar adorando, pois nunca tive esse tipo de relação com alguém. É o mesmo que acontece com Alexandre. E com Bella é como se eu pudesse ter uma mãe. No fim eu pareço ter ganhado uma família.

— Chegamos, Jullian. — O motorista chama minha atenção e meus olhos piscam, se desviando para a construção ao nosso lado. O prédio é modesto, possui dois andares e amo a mistura de vidro e madeira em sua fachada.

— Qual é o negócio do senhor Mazza? — pergunto a Ramiro enquanto saio do veículo.

— Ele é dono de um dos vinhedos mais produtivo de toda a Toscana, sem contar outro na Sicília. Além de outros negócios. — Ele responde e confesso que isso me impressiona um pouco, pois me dá uma dimensão do quão importante Lorenzo é.

Aceno para Ramiro e sigo até à recepção do prédio, me sentindo um pouco intimidado. Deus, será que eles entendem português? Porque italiano eu só sei falar "bom dia" e "boa noite".

— Buon giorno posso aiutarla? — É o que a mulher bem vestida e de sorriso bonito diz quando me aproximo.

— Ahn... Senhor Mazza — falo, pedindo a Deus que ela entenda minha intenção.

— Vuole parlare con il signor Mazza? — Ela questiona e tenho certeza que minha expressão é de pura confusão, mas entendo uma palavra.

— Yes! Parlare — respondo e ela assente antes de pegar seu telefone e discar um ramal.

Seguro a bolsa térmica com mais força em minhas mãos e sinto um leve frio na barriga enquanto espero. Não sei de onde Bella teve essa brilhante ideia de me mandar a um lugar onde não sei me comunicar. Sinceramente!

— Come ti chiami? — A moça volta a chamar minha atenção e isso eu entendo.

— Jullian — respondo e em seguida ela repete meu nome a pessoa do outro lado, assentindo.

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