Parte 1

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Meu telefone tocou e ao olhar a tela lá estava mais uma mensagem dela, daquela que nunca dizia nada e sempre falava tudo. A maneira que a gente se tratava era diferente, as conversas com frases soltas, as entrelinhas que eu sabia ler como ninguém. Abri um sorriso e logo me forcei a parar por que no fundo sabia que aquilo não era o certo. Julguei aquele sentimento que me dava a sensação de estar viva, mas que culpa tenho eu de sentir?

Li a mensagem que dizia pra gente marcar alguma coisa e jogar conversa fora. Ah, tudo bem né? Esse é o tipo de coisa que amigas fazem, elas bebem e fazem fofoca, Rs.

Aceitei o convite e marquei pra sexta à noite.
Um dia antes a minha ansiedade estava gritando e eu não conseguia entender o motivo.
Enfim a sexta feira chegou.
Coloquei um vestido preto básico pra não errar com uma leve fenda na altura da coxa esquerda, salto e uma maquiagem leve.
Cheguei lá um pouco antes do combinado.
Meu celular ascendeu com a mensagem que li pela barra de notificação.

-Acabei de estacionar, você já chegou?
Meu coração acelerou e rapidamente ajeitei minha postura e meu cabelo.
Quando ela entrou pela porta com os olhos passeando pelo salão enquanto me procurava eu senti um calafrio que não sei explicar.
Nossos olhos se encontraram e sorrimos discretamente.
Nos abraçamos e eu senti o cheiro dela se misturando com o meu.
Finalmente aquilo tava acontecendo e a minha ansiedade deu espaço para que as coisas fluíssem normalmente.

Conversamos sobre tudo, falamos de trabalho, séries, bebidas, relacionamentos, músicas. Era incrível como tudo fluía de maneira leve, tirando os momentos em que nossos olhos se encontravam e a tensão voltava a tomar conta.
Aqueles olhos que eu tentava decifrar, olhos que me diziam coisas sem falar uma palavra.
Que pareciam querer que eu os decifra-se.
Até pensei em falar algo mas fui interrompidas por um pensamento muito sensato que dizia: e se você estiver errada?
Então eu dava um passo atrás, por que eu gostaria muito de estar certa mas eu poderia não estar!

Depois de uma noite leve e de muita risada decidimos ir embora. Peguei o celular pra chamar o Uber e ao caminhar para a saída percebemos que estava chovendo muito, então, ela me ofereceu uma carona e eu rapidamente aceitei.

Depois de uns 5 minutos percebemos que era praticamente impossível enxergar um palmo a frente e que seria melhor parar e esperar a chuva passar. Nesse momento nos viramos uma de frente pra outra e voltamos a conversar, só que dessa vez os olhos dela passeavam por mim de um jeito menos discreto, parecia que ela queria que eu percebesse. Fiquei desconcertada , mas fingi que estava tudo sob controle. E então decidi retribuir o olhar na mesma proporção que ela. Parei meus olhos por alguns segundos internáveis naquela boca linda enquanto ela falava sobre ser boa com códigos. Pois eu realmente espero que ela decifre os meus.
Depois de muita conversa, o silêncio. Aquele silêncio que grita e a tensão ficou tão grande que parecia que os vidros do carro iam explodir.
Nesse momento eu já sabia exatamente o que queria, mas eu precisava ter certeza de que não queria sozinha. Até que ela quase como se tivesse lido meus pensamentos falou uma daquelas frases de duplo sentido ( do tipo eu falei mais não disse) mas dessa vez era pessoalmente e eu li além das entrelinhas consegui ler o seu corpo, os movimentos. Ela queria!
Então fui chegando mais perto, lentamente,com os meus olhos no dela e então ela sorriu como quem diz: isso!
E quando vi minha boca já estava na dela, aquela boca linda também era extremamente gostosa e parecia que havia sido feita pra me beijar. O encaixe perfeito, o ritmo exato, a mesma frequência.
Nossa respiração sincronizada até que ela colocou a mão na minha nuca, afastou delicadamente a boca da minha e sorriu. Aquele sorriso que me mata em mil níveis diferentes, sorriso que parecia dizer: era por isso que eu estive esperando durante todo esse tempo....

EntrelinhasWhere stories live. Discover now