1𝒔𝒕 𝒕𝒐 4𝒕𝒉 𝒈𝒓𝒂𝒅𝒆

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Quando entrei para o 1º ano a minha vida mudou completamente, fui para a escola Correeira, eu era odiada pela turma porque havia um rapaz chamado Stas que era o "dono" daquilo tudo, eu não gostava dele e não me deixava ser cachorrinha dele, então ele colocava todos contra mim.

Eu tinha duas "amigas" que sempre me excluíram, usaram me e aproveitaram se da minha bondade, porque eu sempre desculpei todos independentemente dos seus erros, eu acreditava que podiam melhorar, então sempre deixei fazerem o que quisessem comigo, até que começou a doer, mas eu não sabia o que era errado, porque a minha infância inteira foram rosas praticamente.

As pessoas de lá eram más, batiam me, chamavam me nomes e tratavam me mal.

O Mateus sempre me defendeu das pessoas que me tentavam magoar, com o tempo começaram a tratá-lo mal também, mas ele não dava importância porque o importante para ele era cuidar de mim e ver me feliz. Juntávamos ramos de amendoeiras e fazíamos uma mini coleção (hoje tenho uma tatuagem, um ramo de amendoeira, em homenagem a ele), nós brincávamos, e ele tentava me fazer feliz todos os dias e tentava me proteger num "ninho", para que eu não visse o quão más as pessoas eram.

Por muito tempo foi tudo igual, todos os dias chegava a casa e chorava porque me tinham batido ou tratado mal, os professores também não gostavam muito de mim porque eu estava constantemente a levantar-me da minha cadeira, inventava desculpas, ía à casa de banho, afiar o lápis, etc. Eu simplesmente não conseguia ficar sentada por tanto tempo, nem concentrar me mais de 10 minutos consecutivos, e ninguém me conseguia entender, o que me prejudicou muito, pois estava constantemente a ser titulada como irresponsável, mal-educada, imperativa, mas eu realmente não conseguia.

Tudo continuou igual, eu a sofrer bullying e ninguém fazia nada, tentei falar com a professora e ela dizia que era brincadeiras de crianças, os meus pais o mesmo.

Eu era castigada constantemente por coisas que não tinha culpa, incluindo uma vez que fiquei 2 meses de castigo por algo que até hoje não sei o que era, eu saía das aulas, os outros iam para o intervalo e eu tinha que ir para um banco longe de todos, refletir sobre os erros que nem eu sei quais eram, pois os outros culparam me de algo que nem eu sei o que é, esse tempo foi tortura, eu tinha muita energia, precisava de falar com alguém...

Eu era apenas uma criança, eu não merecia ser excluída por 2 meses de todos, os meus pais foram reclamar que isso era ridículo, uma criança de poucos anos ser excluída dessa forma do mundo lá fora, e vocês pensam "ah não faz mal depois aos fins de semana sais com eles", não, os meus pais sempre foram muito restritos sobre tudo, até aos meus 13 anos eu não saía a quase lado nenhum, enquanto eu via todos os meus amigos a divertirem se.

A opção que eu encontrei para evitar o bullying era fazer com que o Stas gostasse de mim para me defender, então comecei a namorar com ele e fazia de tudo para ele não me deixar, pois, esses eram os momentos em que eu mais tinha paz.

Em 2017 algo que mudou a minha vida por completo aconteceu, eu tinha 9 anos, o Mateus 10, ele andava com muitos problemas, sofria bullying na escola, em casa os pais batiam nele, o pai chegava bêbado, ele sempre levou com muito, e eu era o motivo de ele estar ali.

Certo dia nós discutimos, no dia seguinte eu estava à espera dele na escola, nada de ele aparecer, uns dias depois a mãe dele foi à escola e veio para cima de mim a gritar a dizer coisas do tipo "A CULPA É TUA" "ELA É A CULPADA DISTO" "TU ÉS UM MONSTRO" "SUA ASSASSINA" e a partir desse dia todos os dias recebia comentários a dizer que eu era uma assassina, que eu era a culpada pelo seu suicídio.

Eu tinha perdido o meu melhor amigo, eu estava a sofrer, ainda mais com todos esses comentários eu sempre me culpei, sempre achei que era culpa minha, por medo de ser presa e de mais alguém me odiar fingi que não tinha nada haver com aquilo e que nem o conhecia, prometi que dali para a frente nunca mais falava nele, mas todas as noites chorava e arranhava me a implorar para que ele voltasse para mim.

Aos nove anos descobri a automutilação, algo que mudou muito a minha vida, até aos 16 anos o fazia, agora estou limpa e espero não voltar a fazê-lo, mesmo que por um bom tempo me tenha salvo. (1 mês completo)


Mary's lifeWhere stories live. Discover now