cap 37

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Lua🌜

Ao despertar, senti os braços de Gabriel ainda envolvendo-me. Observei-o dormindo, sabendo o quanto ele estava tentando ser forte. Com carinho, acariciei seu rosto antes de me levantar com cuidado.

Hoje seria o velório da minha madrinha, e precisava me recompor para enfrentar o dia.

Após o banho, me troquei ainda no banheiro, vesti um vestido preto e coloquei uma sapatilha preta também, não fiz nada no cabelo. Voltei ao quarto e encontrei Gabriel ainda dormindo serenamente. Seu rosto tranquilo me trouxe um leve sorriso, mesmo diante da tristeza que pairava sobre nós.

Com cuidado, me sentei ao seu lado e gentilmente toquei seu ombro.

__ Gabriel, hora de acordar.

Ele mexeu-se levemente, os olhos começando a piscar lentamente enquanto despertava.

Gabriel: Lua...? -- sua voz estava rouca.

Ele se levantou com um suspiro e um aceno de cabeça, indicando que compreendia.

Gabriel: Vou tomar um banho rápido e já volto para buscá-la.

Enquanto aguardava, preparei-me mentalmente para o dia que se seguia, reunindo forças para enfrentar a despedida da minha madrinha.

Olhei ao redor do quarto e senti um vazio profundo preencher meu coração. Caminhei até a cabeceira da cama e me deparei com um retrato meu e de minha madrinha.
Com lágrimas nos olhos, segurei o retrato com as mãos trêmulas e o abracei contra o peito, como se isso pudesse trazer de volta a sensação reconfortante de sua presença. Por um instante, fechei os olhos e me permiti afundar na lembrança de todos os momentos que compartilhamos juntas.

•••

Com o retrato de minha madrinha ainda entre as mãos, fiz o caminho até o local do velório.

Caminhei lentamente até o caixão, onde repousava o corpo sereno daquela que foi tão importante em minha vida. Ao me aproximar, as lágrimas voltaram a inundar meus olhos.
Me ajoelhei diante do caixão, oferecendo minhas últimas despedidas à minha querida madrinha.

No momento do enterro, segui ao lado de Gabriel e Madalena, buscando apoio na presença deles diante da dor avassaladora que me consumia. Enquanto o senhor Carlos estava lá na frente ao lado do caixão, não consegui reprimir a raiva que sentia por ele, por ter traído minha madrinha, e estivesse agindo como se fosse o melhor marido do mundo.

Quando finalmente ela foi enterrada, a ficha finalmente caiu: eu nunca mais a veria, nunca mais sentiria seu abraço reconfortante. A indignação cresceu dentro de mim, misturando-se com a tristeza e a frustração. Ela era tão saudável, tão cheia de vida... Por que isso tinha que acontecer?

Solucei de chorar, incapaz de conter a dor que me inundava. Gabriel me levou para longe dali, envolvendo-me em seus braços enquanto eu desabava em prantos.

__ Por que ela teve que ir embora? -- solucei, as lágrimas escorriam livremente pelo meu rosto.

Aos poucos as lágrimas foram se acalmando. Levantei o olhar para ele, encontrando seu olhar gentil e solidário.

Voltei a observar o local do enterro. Vi algumas pessoas já se afastando. Piscando para afastar as lágrimas de tristeza que ainda embaçavam minha visão, avistei uma figura entre as árvores do cemitério.

Davi estava lá, mais reconhecível do que da última vez que o vi. Um arrepio percorreu minha espinha ao vê-lo, e meu coração disparou com o susto.

Apontei para ele, chamando a atenção de Gabriel, que também o viu. Antes que pudéssemos reagir, Davi se afastou rapidamente, como se estivesse fugindo.

𝐋𝐚ç𝐨𝐬 𝐝𝐞 𝐎𝐛𝐬𝐞𝐬𝐬ã𝐨Where stories live. Discover now