50 - Minha família.

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	SUNWOO 
	
	É loucura pensar que no que o mundo se tornou

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SUNWOO

É loucura pensar que no que o mundo se tornou.

Sempre acreditei no fim do mundo, mas eu achava que se nós não fossemos incinerados pelo Sol, os zumbis acabariam com a gente. Monstros realmente não estavam na minha lista de possíveis apocalipses.

Também é loucura pensar que eu sou um monstro. Eu sempre achei que sobreviveria a um apocalipse zumbi, mas nao sei o que pensar sobre ser um sobrevivente de um vírus que transforma pessoas em qualquer tipo de monstro. Sou o monstro que o restante dos humanos vivem fugindo, o infectado por quem os soldados procuram e os laboratórios usam para conseguir uma cura.

Mais loucura ainda é pensar que eu, nesse momento, sou o pote de ouro no fim do arco íris. Estou no meio dos caras que mais me odeiam. Soldados. Agora eu sou um soldado. Bom, pelo menos pelas próximas horas, mas preciso dar um jeito de desaparecer antes que eles decidam que está na hora de testar para ter certeza de que não há um novo infectado por perto.

— Sunwoo. – viro em direção a voz, vendo a bombeira.

Já faz algum tempo que eu havia a perdido de vista, quando ela vestiu um uniforme igual o de todos os outros e sumiu no meio deles. Antes que eu pudesse responder, a mulher se vira e caminha para longe, afastando-se disfarçadamente. Segundos depois, eu a sigo, fingindo assim como ela que estou mexendo em um dos carros.

— Eu vou embora.

— O que?

— Preciso ir. Tenho algo a fazer.

— Mandaram você fazer algo?

— Não. Escute, Sunwoo, eu vou embora, só vim te avisar isso. Não posso mais te ajudar.

— Tá, tá legal. Por acaso você vai atrás do Hyun-su?

Ela balançou a cabeça, negando.

— Ouvi os soldados conversarem. Os Infectados Especiais são levados para o Comando Central. Assim que capturarem Hyun-su, é pra lá que eles vão leva-lo.

— Então eles fizeram um novo laboratório?

— Novo?

— Eu destruí o último. Haviam dois laboratórios, mas foram destruídos por mim e por Ryu nas nossas fugas.

— Bom, então eles tem outro. O Hyun-su vai ser levado pra lá assim que for pego.

— Certo. Eu vou ficar com eles, então.

— Com os soldados? Você vai ser pego. Eles vão descobrir quem é você logo logo.

— No momento eles estão preocupados em como vão recuperar Hyun-su. Antes de descobrirem quem eu sou, já vou saber onde meu amigo está.

Ela me encarou por alguns segundos. Seu rosto estava escondido de baixo de uma máscara preta, mas seus olhos deixavam bem claro como ela julgava o meu plano. Tudo bem, eu admito, na minha cabeça também não parece um bom plano, mas ele é o melhor que eu tenho no momento.

— Vê se fica viva, bombeira.

Yi-Kyung acenou com a cabeça.

— Boa sorte com seus amigos.

Depois disso, ela virou-se e foi embora, misturando-se mais uma vez entre os soldados.

— Tivemos notícias! – gritou um comandante. – Para os carros, rápido! Eles foram vistos no shopping!

Um segundo depois, todos estavam correndo para os carros mais próximos. Eu entrei no carro a minha frente, que eu fingia mexer enquanto conversava com Yi-Kyung. Um outro soldado se juntou a mim assim que liguei o motor. Depois, acelerei e segui atrás de um dos veículos que já havia saído da área em que estávamos.

Quando chegamos no shopping, uma formação foi feita do lado de fora. Cercamos todos os lados, querendo evitar uma nova fuga. Depois, alguns soldados da linha de frente receberam instruções para entrarem. A fila dos homens armados se estendeu, pelo menos trinta deles estavam dentro do shopping, procurando por Hyun-su. Do lado de fora, nós esperamos. Eu tentei falar com Hyun-su, fazer qualquer tipo de contato por telepatia, mas não obtive nenhuma resposta.

Minutos antes dos rádios tocaram um atrás do outro avisando que o lugar estava vazio, eu já sabia que Hyun-su não estava aqui.

Acho que, no momento, a melhor opção que tenho é continuar junto dos soldados. Eles tem pessoas por todos os lugares que vão avisar quando tiverem qualquer pista sobre um Infectado Especial perdido por ai. É melhor que eu deixe que eles façam o trabalho mais chato, de capturar Hyun-Su, para depois apenas roubá-lo do Centro de Comando.

Depois que todos nós retornamos aos carros e partimos para um lugar do qual que não faço ideia, aproveito o tempo sentado na traseira daquele caminhão para pensar nos acontecimentos das últimas vinte e quatro horas.

Me separei de Ryu pela manhã de ontem, depois da explosão da ponte. Desde então, não tive mais nenhuma notícia dela. De qualquer forma, sei que está viva. A Ryu totalmente humana sobreviveu a uma facada do pai e a morte do seu melhor amigo. A Ryu meio monstro sobreviveu a uma explosão feita pelo seu próprio corpo em um elevador e depois a uma estaca no peito. Ela não morreria para uma queda de uma ponte. Ela não pode morrer por isso. Eu a mataria se ela tivesse uma morte tão ruim depois de tudo isso.

Suspirei, abaixando a cabeça e encostando uma das mãos na testa, enquanto a outra mantinha o fuzil com poucas balas equilibrado para o alto.

— Ei, garoto. Você ai. Fuzileiro.

Ergui a cabeça, olhando para o soldado em minha frente. Diferente de mim, ele não usava mascara ou capacete. Tinha olhos cansados, como os de alguém que não tinha uma boa noite de sono a dias, não muito diferentes dos meus. Além dele, haviam outros dois soldados ao seu lado, tão cansados quanto.

— Qual é mesmo o seu nome?

— Kang Sunwoo.

— Ah, certo. E você tem quantos anos?

— Vinte e dois.

— Eh? – ele parecia surpreso. – E porque serviu no exército tão cedo?

— Precisava ajudar minha família, senhor.

Essa conversa está me cansando.

— E onde está sua família? Estavam naquele prédio do infectado especial com você?

— Meu irmão morreu antes da pandemia. Minha irmã estava no prédio, ela foi levada com os outros sobreviventes.

Ele balançou a cabeça, olhando para os lados.

— E como seu irmão morreu?

O encarei, ficando em silencio. Entediado, desviei minha atenção para a estrada atrás de nós.

— Ai, Kang Sunwoo, to falando com você.

Ele cutucou minha perna, começando suas implicâncias. Conheço esse tipo de cara. Ele continuara perguntando, até que eu fale, e, se eu não responder, ele terá um ataque de raiva. Sinceramente, estou muito disposto a arranjar uma briga agora. É tudo que eu mais quero, na verdade. Quando o caminhão parou no instante perfeito antes de outra reclamação do homem, eu me levantei. 

— Minha família não é da sua conta.

Eu quero brigar. Quero mesmo. Mas não vejo como chamar atenção de todos esses soldados sendo um Infectado procurado possa ser uma boa ideia. Então, depois de responde-lo, eu desço do caminhão e caminho para longe, me juntando a outro grupo.

Espero que encontrem Hyun-su logo.

Será uma longa tarde.

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Os Mais Fortes Sobrevivem - Sweet HomeWhere stories live. Discover now