Capítulo Quatorze

1.6K 158 10
                                    

—Tem certeza que consegue fazer isso? —indaga mais uma vez Júlio me olhando nos olhos. Ele estava esperando o menor sinal de hesitação da minha parte, mas ele ficaria esperando. Eu estava decidida, e se só eu poderia fazer essa parte do plano para salvar a minha irmã, eu farei sem hesitar!

—Eu consigo!

—Ela consegue, Júlio. —afirmou Julia do outro lado da mesa me mandando uma piscadela.

   Estávamos todos sentados ao redor da mesa de jantar de Henrique. Júlio ao meu lado e Julia do outro com Hugo ao se lado e Henrique na cabeceira esticando a planta da casa de Alexander. Não fazia a mínima ideia de como ele havia conseguido a planta da casa, mas o que importava é que a tínhamos. Traçamos detalhadamente o plano que seria executado amanhã à noite. Tudo estava acertado e combinado. Cada um sabia o que tinha que fazer para que tudo o ocorresse bem. E eu sabia exatamente que tudo dependia da parte que eu iria realizar. Era arriscado e um deslize me levaria a acabar com tudo antes mesmo de começar. E era por isso que eu entendia a preocupação que eu via nos olhos de Júlio ao me fazer essa pergunta novamente.

Tudo bem! —ele cedeu ainda parecendo meio contrariado.

—Se tudo ocorrer como o planejado... —comentou Hugo concentrado como eu nunca o virá. Ele sempre estava calmo e descontraído quando estava ao redor de Julia, mas agora ele mostrava seu lado profissional. Como todos os homens na mesa. —Entramos e saímos pela frente já que não tem saída por aqui.

   Ele apontou para o final da planta da casa onde Henrique explicará que não tinha nada além do muro alto que rodeava em torno da casa e árvores. A planta até mostrava o subsolo, mas como todos nós e até mesmo Henrique não tinha entrado onde as garotas eram mantidas quando não estavam trabalhando, e como Alberto devia ter reformado todo o subsolo para os seus negócios, teríamos que contar com a sorte ao passar pelas portas marrons.

—Sem falar que temos que passar pela segurança da frente com dois carros. —incrementou Júlio ao voltar atenção para a planta também.

—É por isso que eu vou pedir ajuda aos meus velhos amigos. —sorriu Henrique. —Vou pedir a eles que agitem um pouco a outra casa de Alberto que fica nos arredores de Berlim. E quando o gerente pedir a ajuda de Alexander para acalmar os ânimos lá. Será a hora que terá um terço de capangas e vai ser a hora que deveremos estar agindo.

—Tenho certeza que ele te receberá a qualquer hora. —comentou Júlio ao virar o rosto para mim.

   Seus olhos mostravam em conjunto com sua expressão seu desagrado. Fazia dois dias desde a festa e os acontecimentos no penhasco, e eu poderia ver a diferença que aquele dia fez para Júlio. Ele já deixava (pelo menos na maior parte do tempo) eu ver o que ele pensava. Tinha sido como um muro derrubado por mim em suas barreiras quase indestrutíveis. Ele estava deixando eu ver o que o desagradava livremente...

   Limpei rapidamente o sorrisinho que meus lábios quiseram formar com esses pensamentos. Já que Júlio pareceu entender errado, pois até levantou uma sobrancelha na minha direção e só faltou furar meus olhos do jeito incisivo que ele me encarava.

—Isso é bom, não é? —disse tentando soar neutra. Como se seu olhar não causasse nenhum rebuliço em meus nervos, já nervosos!

—Isso é ótimo! Não é mesmo Júlio? —ouvi Hugo perguntar com um tom divertido.

—É. —rebateu Júlio duramente fuzilando Hugo com os olhos quando virou para o amigo. Júlio já voltava para sua expressão indecifrável mais uma vez quando cruzou os braços sob o peito, que estava revestido por uma camisa branca sem mangas. Suspirei internamente mais uma vez quando tentava saber o que se passava em sua mente.

Perdendo-se pelo CaminhoWhere stories live. Discover now