CAPÍTULO 2 - NA CASA DOS ALBUQUERQUE

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Domingo, 17 de julho de 2016

Nina acordou em cima de suas anotações com a campainha tocando. Levantou-se preguiçosamente, se olhou no espelho do quarto, esfregou o rosto e tentou ajeitar a bagunça do seu cabelo. Notando não ter adiantado muito e que a pessoa parecia impaciente, seguiu do jeito que estava para a porta da casa e pelo olho mágico viu que era seu amigo Davi.

— Liguei ontem para te chamar novamente para sair e você não atendeu.

Ele entrou sem dar bom dia, foi direto para cozinha e começou a mexer nos armários da cozinha relativamente grande e moderna da amiga.

— Oi, estou bem e você? Bom dia.

Torceu que ele entendesse a ironia e prosseguiu:

— Acabei focando no caso da Andressa e dormindo de cansaço.

— Você deveria esquecer isso.

— Davi! Ela foi morta por algum motivo, tem algo muito estranho por trás disso. E o que diabos você está procurando na minha cozinha?

— O Ricardo te confirmou que foi alguém que matou? Como eu disse ontem, pode ter sido suicídio e queiram abafar o caso... Onde está a farinha? ACHEI!

— Ontem, depois que saí do restaurante, liguei para o delegado. E adivinha? Ele veio com uma conversa muito estranha, dizendo que já era de se esperar que ela cometesse suicídio. Quando perguntei se poderia fazer mais uma pergunta, ele desconversou, disse que tinha muito trabalho para fazer, que era para eu noticiar a morte dela e partir para outro caso.

— E não é melhor você fazer exatamente isso? Partir para outro caso?

— Não! Estou pensando em ir até a casa deles tentar procurar alguma coisa, como a polícia já não está tomando conta do local, posso tentar entrar.

— Você quer que eu vá com você?

— Não, obrigada. Eu prefiro ir sozinha para estar mais atenta ao local, é capaz de você ficar assustado pensando que a alma do falecido está atrás da gente. Pensa que não te conheço?

— Eu sou homem, eu te protejo se alguma coisa acontecer.

— Vai me proteger como? Com sua frigideira? Eu sei o que estou fazendo. Não é porque você tem um negócio balançando no meio das pernas que pode me proteger, posso fazer isso sozinha.

— Você está engraçadinha, né? Saiba que com minha frigideira eu posso tudo. Inclusive te deixar sem comer agora mesmo.

. . .

Depois do Davi cozinhar para os dois e precisar ir embora, Nina seguiu para casa dos Albuquerque. Ficou um tempo em frente vendo por onde entraria, optou por ir ao quintal e forçar a porta que sabia, pela outra vez que tinha ido na casa, ser fraca. Tinha certa experiência em entrar em casas e forçar portas sem precisar fazer barulho. Era parte de uma vida da qual ela não queria se lembrar.

Entrou na casa e seguiu direto para o escritório do senhor Albuquerque, tinha certeza que ali estaria qualquer informação que precisasse. Não passou muito tempo no escritório na outra vez que esteve na casa, preferiu ficar no quarto do casal já que o crime ocorreu lá; um grande erro, poderia ter descoberto alguma pista.

Chegando ao escritório se surpreendeu, o espaço encontrava-se revirado, com pastas pelo chão, folhas espalhadas e a mesa do Senhor Albuquerque virada. Quando ela veio ao local há duas semanas não estava assim, a polícia fez questão de que ninguém mexesse e mudasse os objetos de lugar, alguém veio naqueles últimos dias. Vieram, na verdade. A mesa de Roberto era de madeira pesada, uma pessoa sozinha não poderia ter a virado.

AntoninaWhere stories live. Discover now