Capítulo único

83 9 11
                                    


Eu o amo.

Desde que o conheço, eu o amo.

Por isso ele foi a primeira pessoa que me veio em mente quando estranhos papéis cortados em formato de estrela começaram a aparecer no meu armário do trabalho.

E não simples papéis cortados em formato de estrela.

Papéis cortados em formato de estrela com recadinhos românticos escritos neles.

Por isso ele foi a primeira pessoa que me veio em mente quando os papéis surgiram.

Eu o amo.

Sempre o amei.

E ele me ama de volta, então, quem diabos iria colocar recados românticos no meu armário do trabalho além dele?

Essa história está confusa, não está?

Ok.

Eu devo dizer de imediato que sou uma péssima narradora e, por isso, as coisas tendem a ficar confusas.

Mas prometo me esforçar.

Vamos ao início.

Eu cheguei ao meu trabalho, o colégio Caminhos, no horário de sempre, às seis e meia. Passei pela secretaria em direção à sala dos professores, vendo alguns colegas e alunos chegando também. Lá dentro, cumprimentei aqueles com quem tinha mais intimidade e abanei mão de leve para os que não conhecia muito bem.

Os armários dos professores ficavam no fundo da sala, cada um com o nome de um docente.

Abri o meu esperando encontrar o normal. Pastas, trabalhos, provas, um ou outro recadinho da coordenação ou de algum aluno pedindo três décimos para não bombar na minha disciplina.

Mas quando abri a portinha minúscula do compartimento, ele estava quase completamente vazio.

Quase.

Porque ali, no meio dele, havia um único e singular papel-cartão amarelo, cortado em formato de uma estrela de cinco pontas. Olhei para trás, procurando por explicações (e os meus pertences) e notei que apenas Júlia, a professora de literatura do ensino médio, me encarava com um sorrisinho nos lábios. Ela estava sentada no sofá e, em seu colo, estavam todas as minhas coisas.

Decidi que as pegaria depois.

Agarrei o papel como uma criança se agarra a um filhote fofo e virei ele entre meus dedos, querendo saber se era apenas aquilo.

Era apenas aquilo.

Apenas um papel amarelo cortado em formato de estrela.

Bufei, procurando a graça naquilo, e ouvi os passos de Júlia, que se aproximava para devolver meus materiais. Perguntei:

"Foi você?"

"Claro que não" Ela respondeu. "Tenho cara de quem consegue cortar um papel cartão num formato tão perfeito?"

Nós rimos e eu guardei minhas coisinhas. Me ajeitei, passei mentalmente a aula que teria no nono ano e, quando vi, já era hora de ir para a sala. O resto do dia correu normalmente.

Naquele dia, não me importei com o papel. Afinal, era só um papelzinho, não havia nada demais.

Uma semana depois e a situação se repetiu. Dessa vez, quem estava com as minhas coisas não era Júlia, e sim Marco, um professor do pré. E, diferente da primeira ocasião, havia um recado.

O primeiro recado.

"Sua confusão com a primeira estrela foi adorável."

Olhei em volta, mas ninguém prestava atenção em mim. Nem mesmo Marco, que havia abandonado meus materiais em cima do sofá e estava tomando um café e dando em cima de Léo, professor de educação física.

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Jul 19, 2016 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

Escrito Nas EstrelasWhere stories live. Discover now