Capítulo um

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                                                                                — Capítulo um —


                        ''
Estou morto. Só a vingança pode me fazer voltar.''
                                                                    Terry goodking





O
baque alto contra a madeira polida preenchia o local. Rose Hathaway movia-se com calma, estampando a sua elegância a cada passo. A maior e famosa agência de detetives estava amarrotada de pessoas.

A maioria dos indivíduos que passavam por ela, eram detetives renomados, que mostravam os seus distintivos com orgulho e arrogância. Cada um que cruzava o caminho dela tentava ser mais. Todos queriam a melhor posição, alcançar o topo. Esse era o desejo de todos.

Respirando mitigada, Rose aumentou os passos, quando finalmente conseguiu passar por todos os companheiros de trabalho. Levando a mão ao cabelo, ela colocou alguns fios no lugar, deixando o cabelo escuro e volumoso perfeitamente arrumado.

Assim que as órbitas profundas da mulher conseguiram vislumbrar uma grande porta de madeira, que estava localizada no final do corredor, ela avançou até que em questão de segundos ela parou em frente à porta. Suspendendo a mão, Rose bateu contra a madeira, escutando os estalos ecoar pelo corredor, ao passo que esperava alguma confirmação.

Naquela manhã, Rose sentia-se completamente puída. Apesar das suas roupas estarem integralmente compostas, o seu corpo permanecia plenamente dolorido. O último caso resolvido havia sido um pouco turbulento. Ela havia recebido férias a menos de doze horas e por incrível que pareça, tinha sido convocada novamente pela Bancroft.

Posteriormente, sendo puxada dos seus pensamentos, Rose captou a voz arrastada invadir os seus ouvidos. Movendo os lábios inquietamente, ela contornou a maçaneta dourada, empurrando a porta, com as duas mãos, usando toda a sua força até que a porta estivesse inteiramente escancarada.

Com toda certeza aquela porta deveria ser trocada. Entretanto, parecia que o senhor Carter mantinha uma benevolência por ela. Afastando-se discretamente da porta, Rose voltou-se para a outra direção, encontrando a sala do senhor Carter que ela bem conhecia.

As pesadas cortinhas cor de vinho cobriam as janelas, deixando pouca luz entrar. Uma enorme estante da mesma cor das cortinas encontrava-se na parede do seu lado direito. Já do lado esquerdo, tinha um enorme mapa, marcando os principais pontos de Nova Iorque, preenchendo toda a parede. E a sua frente, uma grande mesa de madeira de cerejeira polida, dominava quase toda a dependência.

Deixando de observar o recinto, Rose ergueu os seus olhos profundos, deparando-se com um senhor de idade. O senhor Carter possui um rosto dilatado com um queixo quadrado enorme e olhos verdes ásperos sob sobrancelhas escuras e pesadas. O nariz era deformado, possivelmente por ter sido quebrado diversas vezes. O seu cabelo grisalho balançava conforme ele se mexia.

O seu corpo forte e espaçoso repousava-se sobre uma enorme cadeira de couro vermelho, à medida que ele apoiava confortavelmente o queiro na mão. Perpassando exatos dez segundos, ele retirou a mão do queixo e fez um corriqueiro aceno, em direção a cadeira vermelha de couro, que estava diante a mesa.

— Sente-se senhorita Hathaway. —exprimiu curto e grosso.

Caminhando paulatinamente, Rose acomodou-se no acolchoado vermelhusco, cruzando as pernas formalmente, durante o tempo que olhava diretamente dentro dos olhos transcendentes do senhor Carter.

Mantendo a sua postura impecavelmente rígida, Carter continuou sentado em sua cadeira. Os seus olhos verdes investigavam cada comportamento da detetive Hathaway. Para ele, a disciplina era o que valia todo o esforço. A sua mania de analisar os seus subordinados era constitucional. Com a sua postura rígida e intelectualidade, ele conseguiu gerar a suprema agencia de detetives que existe. O seu orgulho estava estampado e impregnado em todas as paredes daquele local.

— Espero não ter incomodado você, em seu dia de folga. — ele começa cordato. Desviando as órbitas dela. Ele alisou o anel de ouro maciço, que brilhava em seu dedo anelar.

— Não incomodou senhor Carter. —debicando deleitadamente os beiços, ela endireitou a postura, sabendo que estava descaradamente mentindo para o seu chefe. Entretanto, ela sabia que não poderia dizer que ser chamada em pleno dia de folga, incomodava e exasperava-a profundamente.

Espartanamente os lábios do homem desapegaram-se, mantendo uma distância, liberando assim uma risada baixa e seca.

— Que bom! Senhorita Hathaway. — expõe um sorriso inventivo. — Eu lhe convoquei aqui, porque tenho um novo caso. — ele faz uma pausa, vincando a testa e erguendo o rosto, ao passo que olhava dentro das profundezas dela. — E eu veneraria que você resolvesse mais um. — curvando-se diante dos olhos da moça, ele puxou duas pastas do fundo de uma gaveta. — Esse é um caso um pouco mais complexo, diferente dos outros que você está acostumada a resolver.

A cada palavra que saltava dos lábios do homem, Rose sentia todos os cabelinhos do seu corpo se eriçar. Com as órbitas penetrantes aguçadas no seu chefe, ela endireitou a postura mais uma vez, colocando os braços no apoio, espero ele continuar.

— É por isso que decidir confiar ele a você. Um grande amigo meu, pediu-me ajuda e não pensei duas vezes em mandar a melhor detetive que a Bancroft tem. — ele diz. Com um sorriso de orgulho em sua cavidade bucal.

— Do que se trata exatamente esse caso, senhor? — Rose questionou curiosa, inclinando o corpo á frente, mantendo a sua expressão inflexível, ao passo que recebia as duas pastas pretas, que o seu chefe havia pegado há poucos minutos.
Os seus dedos finos e delicados passaram sobre as pastas, colocando-as sobre o colo. As suas costas recostaram-se no apoio, enquanto os seus olhos fundos serpenteavam pelas pastas, ainda lacradas.

—Veja você mesma detetive. — voltando-se para o homem, ela balançou a cabeça concordando. Curiosa, ela puxou o lacre e vislumbrou a foto de um homem. — Essas foram ás mortes mais recentes.

Manuseando as folhas, Rose começou a adquirir as informações sobre a vítima. Todavia, ao passo que seguia para as folhas seguintes, os seus olhos principiaram quando identificou a causa da morte; Decapitação.

Isso não era algo fora do comum e muito menos incompreensível, contudo houve algo nos derradeiros parágrafos que chamou bastante atenção. A sua sobrancelha direita ergueu-se, demonstrando a sua total confusão.

Só poderia ser um tipo de piada.

Segurando com firmeza a pasta e relendo várias e várias vezes as informações, ela tentou automaticamente criar um quebra-cabeça, onde encaixava com celeridade os dados. Depositando a primeira pasta sobre a mesa, ela abriu com agilidade a outra, começando a ler sobre a outra vítima. O seu interior latejava como um martelo batendo em um prego, implorando aos gritos para que ela lesse com atenção e que não perdesse nenhum detalhe, que poderia considerar importante.

Assim que leu os últimos parágrafos, os seus globos oculares ergueram-se mirando na direção do senhor Carter que, observava atentamente a sua subordinada. Uma gargalhada gostosa escapou dos lábios dela, quando ela soltou a outra pasta sobre a mesa, cruzando os braços, achando engraçado o que tinha acabado de ler.

Impossível!

Impossível era a palavra que dominava a mente de Rose. Em nada que estava nos últimos parágrafos daquelas duas pastas, fizeram Rose acreditar, sobre as suspeitas que tinham do assassino.

— O senhor não está querendo me fazer acreditar, ou melhor, não está querendo-me dizer que existe um cavaleiro sem cabeça, atacando uma cidade denominada como Sleepy Hollow, não é?

— Não creio nessas especulações detetive Hathaway, e acredito que você também não. — disse Carter, inclinando-se á frente, conduzindo a deixar os olhos bem abertos. — No entanto, a população de Sleepy Hollow é bem, como posso dizer, recatada. Sleepy Hollow há muito tempo atrás foi uma cidade importante para o crescimento da população, porém a população mantém a tradição dos seus antepassados. Está me entendo, senhorita Hathaway?

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⏰ Last updated: Oct 21, 2016 ⏰

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