O Homem que lutou com Deus

Parte 3: Jacó conta como enganou Esaú.

Jacó ora ao Deus de seus pais, mas não recebe nenhuma resposta. Então decide dar suas bênçãos à Esaú, afim de aplacar sua raiva. Ele caminha em direção ao acampamento de seu irmão para executar seu plano, mas nota que próximo a ele um homem está acampado. Movido pela curiosidade, atraído pelo estranho aspecto daquele homem, Jacó caminha na sua direção.

Jacó caminha em direção ao homem, que está sentado perto de uma fogueira. Ao notar a presença de Jacó, o homem rapidamente se levanta: 

- Quem é você? Por acaso é algum ladrão?

- Não sou nenhum ladrão- respondeu Jacó, preocupado.

- Então por que você age como um ladrão? Caminhando essa hora da noite até o acampamento dos outros?

Aquela fala do homem deixou Jacó mudo por uns momentos.

- O senhor está certo, perdoe os meus modos- disse Jacó.

O homem se sentou novamente perto da fogueira.

- Tenho aqui comigo uns pães e leite de cabra- disse Jacó- gostaria de um pouco?

- Aceito sim. Sente-se perto do fogo- respondeu o homem.

O homem comeu um pouco do pão e bebeu um pouco do leite. E perguntou:

- Por que você está sozinho a essa hora da noite? Aonde está o seu acampamento?

- Minha família está escondida. Nasci nesta terra e fugi daqui por causa de meu irmão. Agora que voltei, temo que ele queira se vingar de mim e fira a minha família.

- Mas o que você fez a ele?

- É meio complicado. Nascemos no mesmo dia da mesma mãe, ele é o primogênito. Vi ele crescendo em favor diante dos olhos de meu pai, e fiquei com medo de ficar sem nenhuma parte da herança dele. Então eu o enganei, para que ele me desse os direitos de primogênito.

- E como você fez isso? -perguntou o homem.

- Teve um dia em que ele saiu para caçar e voltou sem caça para a nossa tenda. Eu fiquei para cuidar dos rebanhos e estava fazendo um cozido com lentilhas. Ele chegou com muita fome e me pediu para comer do cozido. E eu só dei o cozido para ele depois de fazê-lo desistir dos direitos de primogênito.

- Isso foi insensato da parte dele. Mas até aí não vejo razão para ele se enfurecer contigo. Pois ele perdeu a primogenitura dele porque quis.

- Sim, mas meu pai não aprovou nosso acordo e continuou do lado de Esaú. Eu sabia que meu pai nunca abençoaria a mim e a minha herança. Eu estaria condenado a servir meu irmão. Então enganei meu pai para que abençoasse a mim.

- Como conseguiu fazer isso?

- Isso já faz vinte anos. Meu pai ficou com os olhos cansados pela velhice e quis abençoar meu irmão antes de morrer. Meu irmão, a pedido do meu pai, foi procurar caça nos campos. Minha mãe sabia que meu pai iria abençoá-lo após a refeição e me ajudou a enganá-lo. Fizemos um guisado de cabritos e entrei na tenda de meu pai disfarçado como meu irmão. Ele me abençoou, mas depois disso soube que Esaú tramava contra minha vida e fugi.