Labelle | Poder e Glória

1- A carta

Boa Leitura ❤️

Olá, pessoa maravilhosa que encontrou a minha trágica história escrita em papéis sujos de cigarros e lágrimas.
Eu espero que goste minha da minha vida contada em palavras, espero que seja um pouco excitante para você... espero que chore como eu chorei e espero sorria como eu sorri.

Minha vida foi um grande mar de rosas cheio de tempestades e tragédias, mas teve seus momentos de felicidade e eufória. Não posso dizer que fui a todo tempo feliz durante os meus 19 anos, mas nesse pouco tempo, tentei viver como ninguém, com glória, amor e beleza. Talvez você me ache uma vadia presunsosa e egoísta, talvez goste de mim, talvez me entenda... ou talvez me ame como todos.

Vou tentar contar a minha história por partes, desde o primeiro choro até o meu último sorriso. Desde o meu primeiro e trágico amor até o meu último amor.

Eu nasci e cresci na desconsertada e amável Paris, uma cidade perfeita para se perder e ao mesmo tempo se encontrar. Sempre fui uma criança muito alegre, e desde nova apaixonada pela vida e pelo mundo, encantada com as pessoas. Me lembro que aos meus sete anos eu e meu irmão acordávamos cedo, íamos colher flores no jardim e rega-las, então íamos todos sujos de terra comprar pão para o café da manhã. Papai sempre brigava conosco por chegar na hora do café sujos como dois porquinhos, mas mamãe sempre nos defendeu argumentando que éramos apenas crianças, e deveríamos aproveitar enquanto ainda era tempo.

Depois de um pouco crescida, digamos que eu gostava de contrariar as ideias do meu pai, sempre questionando tudo e querendo conhecer tudo. Sempre tive algo dentro de mim, uma furia e uma garra incansável, uma vontade de querer ser notada, ser alguém, gritar para o mundo que eu tinha belos e grandes talentos, e que eu deveria ser reconhecida por isso.

Quando fiz 11 anos, mamãe me levou para um teste de comercial na televisão e eu fui escolhida entre tantas outras. A partir dali, a representante de uma agência me chamou para trabalhar com eles, e foi quando o meu amor pela moda começou. Todos os ensaios e trabalhos, toda a atenção em cima de mim, claro que eu queria mais, queria todos os red carpetes, as câmeras e seus flashes. E apesar da minha grande e precose luxúria, eu sempre fui o tipo de menina livre, sempre amei muito as pessoas ao meu redor, e uma delas com certeza foi o meu irmão...

Leonard e eu não sendo gêmeos, mas sim ligados por algo maior. Meus olhos se enchem de lágrimas quando me lembro dos nossos dias de felicidade, dias raros e intermináveis de sol, de quando ele saia para me procurar, e eu estava em algum beco beijando algumas meninas ou alguns meninos. Naquela época era algo tão inocente, e eu nunca vi uma diferença, gostava de pessoas, e aquilo me deixava tão elétrica por dentro.

Já a minha família, nunca foi uma das melhores, meu pai era um francês antiquado que tentava nos fazer uma família tradicional parisiense. Marion Duval. Ele era um homem arrogante, com seus estranhos valores achava que era um homem íntegro. Então quando eu completei 14 anos, papai me apresentou a Adrien Delyon, filho de um empresário francês bem sucedido, chamado Armand Delyon. É claro que meu pai quis me jogar para cima de Adrien; na cabeça dele eu precisava me casar jovem com um homem bom e rico para ser uma boa mulher de família, que iria ficar o dia inteiro em casa cozinhando e limpando, apanhando e sendo traída. Basicamente ter um casamento como o dele e de minha mãe. Mas não era 1906, estávamos em pleno 2006, as filhas não eram mais propriedades de seus pais, e não éramos mais obrigadas a nos casar forçadas em um casamento arranjado. Mas meu pai não pensava assim, ele ainda estava preso em um lop de uma família parisiense perfeita dos anos 20 talvez.

Armand e Adrien... guarde esses nomes, eles foram pessoas importantes em uma fase da minha vida, certamente a minha maior decepção, mas com certeza me tornei a pessoa que sou hoje por causa deles.

Agora não vou contar o papel que eles tiveram na minha vida, é algo muito delicado, talvez eu nem tenha coragem de colocar em palavras o que meu pai e eles dois me fizeram, mas, por favor, guarde esses nomes. Não com carinho ou apreço, pois juntos, Armand e Adrien foram o meu céu, até que tudo mudou e me fizeram viver o pior inferno na terra.

Um ano após a maior tragédia da minha vida, eu estava em Florença com a minha mãe, aproveitando a Itália, mas com saudades do meu eterno amor que era a França. Continuei com meu sonho em me tornar uma modelo, o que não foi muito difícil, pois sempre atrai muitos olhares para onde eu ia. Um dia, fui chamada para estampar uma campanha para uma marca nos Estados Unidos, foi algo único e eu pude me ver pela primeira vez chegando perto do meu objetivo. Lembro-me como hoje, no exato momento que pisei meus pés em solo americano, senti que tudo a partir daquele momento seria diferente... e foi. Tive o prazer de mudar a vida de cada pessoa que conheci, algumas é claro de um modo ruim, mas hoje, queria poder dizer a elas que nunca foi a minha intenção. Tudo que fiz foi por amor e um incansável instinto de sobrevivência, mas sempre pensando nas pessoas especiais na minha vida.

Me apaixonei, chorei, menti, fui feliz e vivi para as próximas vidas... e então perdi.

Por agora, quero que você saiba um pouco como a vida de algumas dessas pessoas eram antes da minha chegada. Bom, sente-se, meu amor. A história da minha vida está prestes a começar.