it's not that we're scared it's just that it's delicate

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Dois traços paralelos na horizontal sendo ligados por mais dois de mesmo tamanho na vertical, fechando um quadrado tremido na parede com o resto de giz encontrado embaixo da cama dura e obviamente desconfortável. Outro traço, dessa vez maior, cortou a forma geométrica de ponta a ponta numa forma diagonal tão torta quanto as outras. Quatro riscos para formar um quadrado e mais um tracejado no centro. Cinco pequenas linhas. Poderiam ser sobre os cinco anos, mas eram mais pelos cinco dias.

Cinco dias para que o Natal, e consequentemente, seu aniversário na véspera, chegassem, trazendo o peso não só da idade, mas também da lembrança de que ele nunca tinha pelo quê ou por quem agradecer. Cinco anos desde que o primeiro risco de um desses quadrados tortos foi desenhado nas paredes da cela claustrofóbica e suja.

Ele também poderia mencionar os cinco meses exatos desde que o viu pela primeira vez, mas não era como se estivesse contando.

O cigarro feito à mão com um fumo cuja procedência ele desconhecia pendia entre os dentes, seus olhos corriam pela parede recém-marcada, distraídos e entediados, tentando calcular a quantidade de pessoas que já usaram pedaços de gesso para também contar alguma coisa.

Faltavam alguns minutos para que pudesse vê-lo novamente, minutos esses que passavam mais como dias, meses, anos.

— Venha, Tomlinson. Sua visita chegou — Bruce McMillan, um homem robusto que cuidava das celas apareceu como toque de mágica um tempo depois, o fazendo sobressaltar, mas permanecer com o objeto de rebeldia preso firmemente entre os lábios secos e rachados. McMillan fingia que não o flagrava todas as vezes produzindo fumaça tal como uma chaminé no inverno, talvez querendo usar o caso como artifício para futuras chantagens. O importante, de qualquer forma, era Gilbert não descobrir.

O Tomlinson se aproximou desleixadamente das grades enferrujadas da cela que dividia com mais três homens cujos nomes nunca se deu o trabalho de saber ou prestar atenção, estendendo os braços para que as algemas limitassem seus movimentos e impedissem qualquer plano impossível de fuga. Abriu um sorriso ladino para o homem uniformizado e de expressão severa que apertava um pouco mais do que o suficiente o aço contra os pulsos finos e cobertos por tatuagens.

— Estou louco para que a senhorita Gilbert descubra o que você anda fazendo aqui, seu filho da putinha estúpido — cuspiu as palavras no rosto impassível.

— Eu também, Bruce. O que ela faria? Tiraria o cigarro de mim me deixando em abstinência... Ou o contrário? Ela poderia me obrigar a fumar muitos outros até que um câncer começasse a crescer nos meus pulmões. Dois coelhos em uma cajadada só.

O carcerário revirou os olhos quando o mais baixo soprou a fumaça contra seu rosto, abrindo a cela e o puxando rudemente para que ele saísse de seu lar temporário e caminhasse pelos corredores, sendo observado por outros detentos.

Ele foi obrigado a se livrar do cigarro antes de dobrar o corredor até as salas de visitas.

— Não sei por que o doutor Styles ainda tenta — ele resmungou enquanto os dirigia a uma porta pesada de aço que dava para uma sala pequena e escura, com uma mesa no centro e duas cadeiras, uma de cada lado.

Louis Tomlinson, o homem condenado, por mais que suportasse o esforço e presença de Styles semanalmente, concordava com os murmúrios do senhor que o guiava. As provas contra ele eram mais óbvias do que a Lua iluminando as noites, mesmo assim, ele permanecia inabalável em sua fé sobre o preso. Outra coisa que ele achava curiosa eram os privilégios que somente o seu advogado de defesa conseguia. Nunca vira ninguém, além deles, usar aquela sala durante uma simples visita.

Não era como se ele estivesse reclamando, de qualquer forma.

— Bom te ver novamente, Styles — Louis cumprimentou com humor, sendo empurrado por Bruce até que estivesse sentado na frente do outro homem já acomodado para que pudesse ter seus braços libertos. Mais um item para a lista de incompreensões, que ele, particularmente, não reclamava.

only for a moment (i was the last thing on your mind)Where stories live. Discover now