Capítulo 1 sem título

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Ora, ora a jovem moça. Seus olhos são meditativos. Em sua meditação silenciosa, há a misericórdia. Ela olha ao seu redor,  amparada por José, seu prometido, que a traz, junto a um burrinho, em direção a Belém, na Judeia. É decretado o  recenseamento de todo o império romano por César Augusto, e caminham, ao fim do entardecer, ao seu Destino. Cantam-lhe os pardais pequeninos, pois importantes são as pequeninas criaturas.

Seus olhos misericordiosos envolvem a todas as coisas, e José a protege junto a seu filho, que sabe ser o filho do Espírito Santo,em gentil  e nobre contrição.

Também nasceria ali aquele que, na terra, seria conhecido como o filho do Carpinteiro.

Na sua espera,Maria  medita as coisas em seu coração.  Nada escapa aos olhos misericordiosos de Deus, nem mesmo a revoada de pardais.

Até eles têm sua casa. Até as andorinhas possuem seus ninhos. Também o Senhor não os abandonaria. Era quase chegado o tempo do nascimento. E as dores começavam, ao anoitecer.

Há alguns meses, a Virgem havia sido visitada em Nazaré, na Galileia, por um anjo, que a agraciara com a boa nova.

A princípio, ela se assustara.  Tão doce era, tão pura, e prometida a José, o carpinteiro. De coração e corpo imaculada.Mas aos poucos ela entendera que Deus lhe achara graça.

Em seu ventre cresceria Jesus, o filho do altíssimo, assim ele se chamaria, que nasceria da visita do Espírito Santo, que a cobriria com sua sombra. E dela, sairia a luz.

Em sua alma imaculada, em seu ventre virgem, nascia o filho de Deus. Nascia também com isso, Maria, a mãe do Nazareno e salvador. Nascia a mãe de todos nós, os imprecadores de sua misericórdia.

Bendito era o fruto do seu ventre, e Maria o acariciava, em placidez.

Que fosse feita a vontade do Senhor dos Exércitos. Cumpra-se o que se há de cumprir. Magnífica era sua sujeição.

Plácidos eram seus olhos. Plácidos os seus pensamentos. Plácida, sua gravidez.

Sua força está em Deus, o salvador. E ela confia. Confiando nele, seus caminhos seriam aplanados.

Maria espera no Senhor. Maria espera, em seu ventre,o salvador.

Bem aventurada era o seu novo nome.

Estava agora em Belém, na Judeia,  terra de Davi, onde nascera  pois  seu prometido, o justo José, que a honrava e amparava em gestos santos, e que seria o tutor de nosso Senhor, Jesus Cristo. A quem lhe ensinaria o seu ofício de carpinteiro,um dia.

Estavam mais fortes as dores. Maria montada em seu burrinho, José, ao seu lado, começa a procurar hospedarias. Mas estava cheia a cidade. E não encontravam  pousada.

Vencida pela dor, chegam a um Presépio. Lá nascerá o menino Jesus. Nasce uma estrela antes anunciada, a estrela guia do Oriente, que para no lugar onde nasce o Ungido. O alfa e o ômega. Nasce o princípio e o fim.

Faz-se a noite feliz. Rebenta o Cristo. Num presépio, numa manjedoura, tendo-lhe José o coberto de panos de paz e acolhimento.

O presépio era o seu palácio. Os animais, suas testemunhas. A sagrada família nascia na humildade e na simplicidade, e Maria e José sabiam que assim teria de ser. Pois importante era a mensagem de humildade aos súditos do Senhor.

Nasceu o menino Jesus. Faz-se silêncio. Deus está conosco. Seu nome é Emanuel. Jesus, o Nazareno. No tempo do Rei Herodes, nascia o rei dos Judeus.

Nasce a redenção. A salvação, em humana forma.

Vai para os braços de José e da mãe, em toda sua humanidade. E faz-se a luz da estrela guia, em toda sua deidade.

Dorme em paz celestial, o menino. O filho de Deus. O tutelado do carpinteiro.

Acompanhados dos simples, dos animais guardados pelos pastores.Começava a trajetória da misericórdia do Sumo sacerdote.

A alegria do natal se fazia. Nascia a esperança do consolador, numa manjedoura. Nasceu pequenino, como todos nós. E voltará grande como um leão, após nos dar sua vida e seus ensinamentos.

Eis o nascimento daquele que nos renasce e nos renova. Jesus, a alegria dos homens. A esperança dos vivos. O ressuscitar dos mortos em vida.

Ao verem o sinal deixado nos céus, três reis magos, seguem a Estrela de Belém. Os três reis sábios astrólogos que liam os céus. Era chegado o Messias. E resolveram prestigiá-lo.

Após seis dias, guiados, chegam ao Deus na manjedoura, e alegram-se e ajoelham-se diante do Deus vivo e menino. Dão-lhe as três dádivas: ouro, incenso e mirra, os presentes dignos de um Rei. São a paixão, a realeza e a divindade em símbolos.

Na manjedoura, Jesus era o rei na humildade. Extasiados ficaram os reis magos diante do Deus rei menino, como um cordeiro, numa manjedoura. O cordeiro consolador, que tirará o pecado do mundo.

E ajoelham-se, em regojizo e adoração, pois sabem que ele voltará como o consumador, como Leão de Judá.

O redentor rei de Judá. O rei dos homens.

Nasceu Jesus, o salvador. Relembremos esse dia, na noite natalina. Em algum lugar, a estrela do Oriente nos guia ao seu encontro.

Sejamos todos como os reis magos, que  de tão reis, se prostraram e se ajoelharam, em júbilo.Que de tão sábios, prostraram-se sob jugo.

É universal a salvação. Todos podem buscar a salvação. Pois a verdade está no que busca nosso coração.

Nos ajoelhemos, pois, ao nosso rei, nesse dia. Ao Redentor na manjedoura, que todos os dias, dá a vida por nós.

Os reis de toda terra devem adorá-lo, e o rei dentro de nós, nosso ego, também deve se ajoelhar e adorar àquele que enche de amor nossas vidas. E nos ampara.

Somos todos como Cristo na manjedoura. É dessa imagem que nos reconhecemos em nossa pequenez e humildade, precisando do pai.

  A misericórdia  de Deus se estende, de geração em geração, sobre os que o temem.  

Deixem-se prostrar os soberbos.

Sempre é tempo de renascimento, de ressurgimento, e o dia do nascimento de Jesus vem para nos lembrar quem somos, nossas tradições e nosso caminho.

Nasceu Jesus, o salvador!





Conto de natal: Nasce Jesus, o nazarenoWhere stories live. Discover now