Capítulo 11

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"Como eu consigo ver através dos seus olhos, meu destino?

Eu me despedaço, você sangra por mim

Como eu consigo ver através dos seus olhos?

Nossos mundos colidem

Abra seu coração para fecharmos a nossa grande divisão"

(Tarja Turunen Our Great Divide)


Quando despertou, John já não estava mais entre os braços de Sean. Este não estava mais ao seu lado; apenas o vazio dos lençóis brancos.

John esfregou os olhos e se levantou. Sentiu um lapso de abandono por ter acordado sozinho, uma sensação estranha, parecida com a que sentia quando, após seus momentos com Steven, se via sozinho em sua cama, quando sua vontade era estar ao lado dele. Talvez as semelhanças não estivessem completamente descartadas.

Olhou-se no espelho do quarto e percebeu sua roupa toda amassada. Fazia frio. Cruzou os braços e saiu do quarto. Apesar do frio, pelo fraco brilhar do sol, já não era tão cedo. Procurou por Sean ou por qualquer outro que estivesse acordado.

— Ah, que bom que já está acordado.

John se virou em direção a quem lhe pronunciava. Ao ver Andrew, sentiu-se mal. Sentiu que, de certa forma, fora uma traição ter dormido com Sean, embora não tivessem trocado nada além de alguns beijos.

— Dormiu bem? — perguntou Andrew, abraçando John pelos ombros.

— Dormi... Cadê todo mundo?

— O Clive e o Phil estão dormindo e o Sean foi à concessionária. E nós vamos embora, que eu preciso tomar um banho e tirar essa roupa.

John assentiu. Voltou ao quarto e calçou seus sapatênis. Andrew deixou um bilhete sobre a mesa da cozinha, avisando que foram embora, mas voltariam noutra hora. Então partiram.

Enquanto dirigia, Andrew perguntou em tom razoável:

— E aí? O que achou deles?

— Nada.

— Como "nada"?

— Ué, você ficou com eles na piscina o tempo todo, depois ficaram jogando vídeo game a noite inteira, não deu tempo de achar nada.

— Mas você conversou bastante com o Sean. Aliás, você dormiu com ele — enfatizou.

John ergueu a sobrancelha e olhou Andrew com olhos desconfiados. Sem entender o que ele quis insinuar, respondeu:

— Sim, conversamos. Ele é muito bom de papo.

Fez-se breve silêncio. John não quis estender o assunto, pois sabia que Andrew sempre tentava, e conseguia, subtrair uma informação ou outra que John omitia.

— O Sean é o mais sério dos três — disse ele. — O mais sério, o mais responsável, o mais educado...

— E o mais bonito — acrescentou John, para satisfazer a curiosidade óbvia de Andrew, que disfarçou o sorriso pela resposta espontânea.

— Você achou?

— É, ele tem uma beleza diferente, rara.

— Hum...

— Satisfeito?

— Com o quê?

— Falei o que você queria ouvir.

Entre o Amor e o Fogo (romance gay)Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora