A lenda das sereias amazonas

Capítulo 2

  Não muito tempo antes do surgimento do primeiro homem, dois fragmentos desconhecidos vindos do espaço caíram no planeta Terra, um deles em um dos oceanos e o outro em um rio que os primeiros homens chamaram de Ucayali. Esses fragmentos possuíam um brilho único, semelhante a um arco-íris, sua luz as vezes desaparecia, mas sempre que eles brilhavam seus raios de luz esculpiam lindas criaturas, que do tronco para cima se assemelhavam às primeiras mulheres, porém mais belas que todas a que já habitaram a Terra, e do tronco para baixo se assemelhavam a lindos peixes, assim surgiram as primeiras sereias.

As sereias do oceano cuidavam de toda a vida marinha. elas tinham profunda conexão espiritual com as sereias do rio, mesmo jamais as encontrando e dificilmente se aproximavam das praias para conhecer os animais terrestres; seus melhores amigos eram os golfinhos e elas possuíam uma maravilhosa conexão com eles, juntas elas reinavam com esplendor e graça em seu reino salgado. Por outro lado, as sereias do rio adoravam ir às margens para contemplar a beleza dos animais e da floresta, elas possuíam uma forte conexão com os botos e os amavam mais que tudo, cada sereia possuía um boto, sempre que o fragmento brilhava um boto fêmea dava também a luz a um boto diferente dos demais, eles eram brancos como a neve ao invés de cor de rosa e o mesmo acontecia com os golfinhos que nasciam após o fragmento brilhar, porém um ano antes do primeiro homem surgir os fragmentos pararam de brilhar sem nenhuma explicação. Nunca mais nenhuma sereia nem botos e golfinhos brancos nasceram, porém já existiam centenas de milhares delas espalhadas pelos cinco oceanos e ao longo do grande rio Ucayali, lindas criaturas imortais que amavam todas as criaturas vivas.

Com o surgimento dos primeiros homens na Terra, surgiram também pequenas civilizações às margens do grande Ucayali, as sereias observavam de longe os humanos, elas sentiam afeto especial por eles, mas não gostavam de ver homens pescando e nem caçando, então sempre que tinham oportunidade elas soltavam os peixes das redes e enroscavam os anzóis nos galhos de arvores que caíam nas águas e nas raízes das plantas aquáticas. Porém, certa noite uma garotinha de apenas seis anos saiu de casa, sem a menor razão aparente e se perdeu na mata; seus gemidos e seu choro ecoavam pela mata e chegou ao grande rio. As sereias que habitavam próximo àquela margem do rio possuíam excelente audição e puderam ouvir a pequena criança, era de cortar o coração o tamanho desespero da menina. As sereias então chegaram tão próximas da margem e choraram tanto de angústia que suas caldas se tornaram pernas humanas, elas ficaram apavoradas, mal sabiam como andar, e seus botos ao verem suas amadas donas tão apavoradas chegaram muito próximo às margens de Ucayali e se transformaram em lindos cavalos alados.

Sem tempo a perder, assim que as sereias conseguiram dominar suas pernas, e os novos cavalos a andarem sobre quatro patas, elas montaram em suas costas e instintivamente seguraram na crina de seus amigos alados que correram ao encontro da garotinha perdida; assim surgiram as poderosas guerreiras amazonas. Ao encontrar a pequena humana, Ynara, uma das primeiras sereias a surgirem colocou-a em seu cavalo e partiram para a aldeia; chegando lá deixaram a menina e voltaram às margens do grande Ucayali antes que outros humanos notassem suas presenças, porém elas não sabiam como voltar à sua forma natural. Então ,Naynatura, a mais jovem sereia existente naquela margem, numa desesperada tentativa de voltar para seu hábitat desceu de seu cavalo, saiu correndo e se jogou no rio, imediatamente sua calda ressurgiu; suas companheiras vendo isso fizeram o mesmo, logo em seguida seus cavalos tomaram coragem e seguiram os passos de suas donas, voltando a sua esplendorosa forma de botos brancos. Daquele dia em diante suas vidas nunca mais seriam as mesmas, logo elas aprenderiam que ser uma amazona não seria apenas uma benção, mas sim o fim da fé na humanidade e da paz que elas tanto presavam.