Por favor, confie em mim!

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POV RAFAELLA

Depois de ficar uns 20 minutos olhando para as paredes eu resolvi descer, eu ainda estava assustava com o fato de ter dormido, digo, isso não acontecia a muito tempo, meu corpo não precisava disso e com meus instintos de defesa é quase impossível relaxar o bastante para cair no sono, cheguei na cozinha e resolvi preparar um café da manhã para Bianca, afinal não custava nada. Abri a geladeira que o cômodo continha e apanhei alguns ovos, leite, fui até o armário pegando farinha e alguns outros ingredientes, não demorou mais de 15 minutos. Quando tudo já estava pronto, Bianca ainda não tinha saído do banho, eu podia ouvir o chuveiro ligado, então eu resolvi sair para tomar o meu café, fui até a mochila que eu tinha guardado longe de todas as outras, e retirei dela uma bolsa térmica, peguei um dos saquinhos que a bolsa continha e guardei tudo de novo em seu devido lugar.

Saí do quarto e passei rápido pela sala, eu tinha que sair da casa antes que a mineira saísse do banho e me enchesse de perguntas, coloquei um bilhete na mesa ao lado do café da manhã que havia preparado para ela e me embrenhei na mata, ali eu podia agir mais solta, eu corri rápido, o meu máximo até estar bem afastada da casa, então me sentei em um dos galhos altos de uma árvore que me parecia ser uma mangueira, assim que estava confortável eu rasguei o topo do recipiente, e comecei a me deliciar com o líquido que invadia meu paladar sensível de maneira quase alucinante, eu bebi devagar, aproveitando cada gota, quase como um especialista degusta um vinho caro, mas aquilo era bem melhor que qualquer vinho, digo, para mim é claro, sorri com meu pensamento, desde quando Rafaella Kalimann se dava ao luxo de ter pensamentos que geralmente eu julgava como desnecessários? Essa era uma pergunta fácil de responder, desde que esbarrei com aquela aluna tímida que gaguejava só de respirar o mesmo ar que eu, tudo estava mudando numa velocidade impressionante e também tinha o noivado com Gabriela, porcaria de noivado, eu estava enganando minha aluna, contra a minha vontade,mas estava.

Eu fiquei ali tentando imaginar como seriam as coisas sem esse noivado, sem a Fla estar morrendo, e até sem Bianca na minha vida, mas a última opção era impensável, não conseguia mais me ver sem ela. Eu acabei meu café da manhã quando ouvi passos abaixo de mim, eu fiquei alerta, não podia ser a garota que eu deixei tomando banho, eu estava muito afastada e ela demoraria um dia inteiro para chegar ali, mas por outro lado eu tinha pedido ao reitor que esvaziasse a ilha, então quem será que ...

- Droga - eu saltei do galho e comecei a ir de encontro com o som, se fosse um dos soldadinhos da corte, ou até mesmo Gabriela, Bianca e eu estaríamos em apuros, o som se movia rápido, tanto quanto eu, e a direção que estava tomando .. não havia dúvida de que se dirigia para a casa onde estávamos hospedadas - Vamos lá Rafaella ... mais rápido - eu repetia para mim enquanto forçava meus músculos a me proporcionarem mais velocidade, a essa altura as marcas das minhas mãos já deviam estar visíveis, usar tudo de mim, trazia os símbolos do meu pacto a tona, mãos e pernas, como uma tela humana.

Continuei a correr, seguindo olfato e audição até que encontrei, o progenitor dos sons que chamaram minha atenção e eu quase não acreditei quando vi de quem se tratava. O homem parou de correr e se virou pra mim com um sorriso nos lábios, eu fiquei estática, não sabia o que fazer, dizer e nem mesmo pensar, parece que de repente todo meu passado resolveu voltar e se esfregar na minha cara, eu fiquei observando aquele rosto e o silêncio que já se fazia presente por cerca de 3 minutos teve um fim quanto eu finalmente consegui despertar do torpor que aquela presença me causava.

- O que você está fazendo aqui? - eu disse em um tom baixo e o mais calmo possível.

- É assim que você me recebe Kalimann? Achei que o amor da sua vida mereceria um pouco mais de respeito - ele disse debochado.

- Eu ... - suspirei - Olá, quanto tempo.

- Tempo demais, mas eu finalmente te encontrei - ele sorriu de novo e eu recuei um passo.

AMOR ANTES DO SANGUEOnde histórias criam vida. Descubra agora