Bato a porta do meu quarto com força, enquanto ouço a minha mãe resmungar e dizer mais de uma vez que me odeia. Que não era para mim ter nascido. Que sentia nojo, de saber que um ser como eu, fraco e sem talento nenhum, tinha saído de um ventre "de ouro" como o dela.
Só novidades.
Eu sei exatamente, tudo que ela diz. Sei, que não deveria ter vindo para esse mundo, pelo simples fato, de que sou insignificante para o mesmo. Ninguém se importa comigo ou até mesmo se eu estou bem ou não. Vivo ou morto. Como todos dizem, eu sou nada para eles.
E a resposta, é não. Eu não estou bem. Porém, para quem eu poderia dizer tais sentimentos? Absolutamente ninguém. Pra que, eu iria desabafar se todos estão "foda-se" para mim?
É difícil ser sozinho no mundo. E acreditem, sozinho de verdade. Minha mãe, diz que eu sou desse jeito, para conseguir a atenção dela. Para ela, sentir pena de mim e me tratar como eu não mereço. Ou seja, bem.
Mero engano. Se eu quisesse chamar a sua atenção, estaria roubando um banco, para dar tudo que ela gosta. Dinheiro.
E ai sim, teria a sua total atenção. Total carinho. Total amor. Mas, eu não sei nem fazer isso. E mesmo se soubesse, não faria. Iria fracassar sem dúvidas e isso seria mais um motivo para ela me odiar ainda mais.
Nunca entendi o porquê desse ódio todo. Nunca fiz nada para ela. Sempre fiz, tudo que ela pedia e pedi. Nunca resmunguei. Nunca, fiz nada para ela me odiar. E olha, que eu poderia. E muito.
Mas para melhora, não a odeio. Eu sei, que a culpa toda é minha. Somente minha. Eu deveria melhorar, para ela tentar gostar de mim, mas não, eu não consigo ficar nem um minuto, sem fazer merda.
Por isso quero morrer. Quero partir. Vai ser melhor para todos. A minha mãe se livrará de um encosto. As pessoas do colégio, ficaram aliviados por não terem aulas comigo. E os professores, ficaram satisfeitos por não ter um aluno desligado em suas aulas. E eu, ficarei em paz. Finalmente, em paz.
A minha única esperança, é essa.
Morrer e deixar todos em paz. Inclusive, a mim.
— Davi, anda logo! — O seu grito me assustou — Se você se atrasar para a escola, irá deixar a sua mãe mais chateada ainda — A mesma diz rudemente e eu suspiro pegando a minha mochila. Chantagem emocional. Sua especialidade. É sempre assim. Me xinga, fala coisas horríveis para mim, para depois me deixar culpado e ser "carinhosa". Minha mãe, nunca tocou em mim. De forma alguma. Nem mesmo, para me guiar pelas avenidas da cidade, quando criança. Ela diz, que nunca tocaria em algo como eu. Amor, carinho e afeto, eu desconheço. Leite materno então, nem em sonhos. Até parece que ela ia deixar, eu tocar nas suas "armas" para conseguir um homem rico e poderoso. Mãe narcisista, que fala, certo? E foi por esse motivo, que cresci sem o peso ideal. Só melhorei, depois que comecei a me "cuidar sozinho". Lógico, tomava leite de vaca e industrializados, porém não era igual, óbvio. E não fazia o mesmo efeito.
— Já estou indo, mamãe — Digo suspirado fortemente e demoradamente. Me recuso a chorar novamente e pego a minha mochila saindo do meu quarto. Felizmente, a minha mãe nunca deixou me faltar nada — Além dos essenciais para criar uma criança —, para ela não importa, onde durmo, o que eu como ou se fico até tarde assistindo seriados. Ela só se preocupa, se for algo direcionado a ela. Como disse: Mãe narcisista.
Saio do meu quarto com uma expressão solida. Nenhum sorriso ou qualquer traço de alegria. Desço as escadas deixando as alças da mochila nos meus ombros e chego na sala minutos depois.
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Seja a Minha Esperança... - TRILOGIA Sonhamos
Teen FictionTRILOGIA Sonhamos - Livro 3| NÃO PERMITO ADAPTAÇÕES DESSA HISTÓRIA! "Eu preciso que você seja o meu Deus. A minha ajuda. Seja o salvador que possa... Concertar o que foi quebrado..." - Davi. Por um lado, Lua, uma das meninas mais gente boa que você...