A última coisa que Stiles queria fazer naquele momento levantar da cama, onde estava deitado. Não por preguiça, não por estar exausto, mas por curtir o momento e curtir o silêncio confortável que se instalou assim que o ranger da cama, os suspiros e gemidos – que perfuraram minutos à fio – cessaram.
Ele via o tempo passar, com a cabeça repousada na maciez do seu travesseiro. O sol da tarde atravessava as frechas tortas da persiana e o alcançavam. Cobriam e aqueciam sua pele com listras alaranjadas, em conjunto ao corpo da coiote aninhado ao seu.
Stiles encarava o rosto da Tate, a cabeça repousada em seu peito. O olhar inquieto da coiote, sentida os dedos macios dedilhando seu tronco, como contasse e recontasse as suas costelas.
Ele queria dizer alguma coisa, mas ao mesmo tempo queria que o momento seguisse, que o silêncio se estendesse. Refletia sobre algumas coisas a medida que imagina que talvez a Tate estivesse pensando – dado a concentração – no que havia lhe falado antes do beijo acontecer, das roupas escorregarem dos seus corpos e eles se pudessem em movimento e mandassem ver.
Malia não sabia o que era uma peeira. Não riu quando a palavra com F foi mencionada, a que Stiles ficou agradecido. Aparentemente eles não eram tão populares assim. O rapaz ainda estava indeciso se aquilo era algo bom ou ruim.
Inconscientemente ele fazia aquilo de novo, como na primeira vez que fizeram sexo. Encarava o rosto da jovem com curiosidade. Do mover das pálpebras a íris acastanhadas. E certamente fora pego outra vez. Não era tão sútil assim como pensava. Ou talvez fosse o seu sexto sentido. Mas Stiles admitia que era mais fácil ser a primeira opção.
Malia o encarava de esguelha e ele sequer se ateve a isso. Estava distraído com um comentário que escutara certa vez. Sem nem saber o motivo de todo o interesse. Era quase uma pesquisa e ele não usaria esse termo em voz alta.
— qual é o problema?
Ela indagou, se movendo. Malia se virou e deitou de bruços, apoiando o queixo no ombro do rapaz. A cama de solteiros ajudava
Stiles piscou. Puxado do devaneio pelos movimentos do queixo da Tate, a mão em sua coxa e o calor em seu ventre.
— como assim? — Perguntou sem entender.
A coiote suspirou e se sentou, encarando-o da mesma forma. Stiles estava atento aos seus movimentos. Aos seios que tocara minutos atrás e desejava tocar novamente. Se perguntava também o motivo dela ter se vestido da cintura para baixo.
— Sempre que transamos você fica encarando meu rosto como se esperasse algo. — Explicou. E logo em seguida o encarou com desconfiança, supondo. — Eu não vou me transformar. É isso, algum tipo de fetiche?
Malia franziu o cenho, como se reforçasse sua pergunta. Stiles riu baixinho; embora estivesse atônito e com o rosto quente.
— Não é nada disso!
Ele garantiu, balançando as mãos de forma exasperada. A coite se manteve atenta a cada palavra e assentiu por sentir a verdade em cada uma delas.
— E o que é então? — Ela quis saber. Curiosa em relação àquele olhar.
— Não é nada. É besteira. — Stiles balbuciou, deitando-se de lado. Nunca havia pensando naquilo pois até então não tinha transado com alguém como Malia.
— agora você vai me contar!
A jovem pontuou segurando e apertando a coxa de Stiles. Os olhos do Stilinski se recaíram sobre o ato; alternando entre os dedos que afundavam em seu músculo e o sorriso torto da coiote.
— Isso, não é exatamente uma tortura...
Ele avisou baixinho, animando-se. Malia encarou sua virilha por um instante.
— Desembucha, caçador. — Ela insistiu, estapeando o joelho.
Stiles meneou, sorrindo de canto, deixando o ignorar de lado.
— É que certa vez Scott me contou que, as vezes, quando ele transa com a namorada. Depois de tudo, os olhos dele ficam vermelhos. Ele não controla, sabe?! — Explicou o castanho, pensativo.
Malia moveu os lábios. A boca se abriu e fechou mas de início nada saiu. O cenho estava franzido como se repassasse as palavras do rapaz.
— A, isso... — Ela resmungou, só para não ficar como se não dissesse nada por tanto tempo.
— É... — Stiles insistiu, ansioso para saber. Não era sempre que podia conversar com alguém nascido. Que sabia das coisas, ele esperava. Sem entrelinhas.
— É besteira. — Pontuou a coiote. — Não vai acontecer.
Ela Esfrega a mão até alcançar a barriga do outro. Ignorando propositalmente sua ereção. A provocação foi até ignorada pelo rapaz, dado a sua curiosidade.
— O que, exatamente? — Ele insistiu, se sentando também, recostando-se na cabeceira da cama.
— você e seu fascínio por lobos.
A coiote revira os olhos se jogando na cama, repousando a cabeça na coxa do castanho, aproveitando os minutos que lhe restavam.
— Talvez eu tenha uma certa fixação mesmo. — Stiles balbuciou.
— Talvez? — A coiote riu baixinho. Aquilo não era um caso de talvez e sim de certeza. De certo ele possuía uma fixação, talvez fosse uma coisa de peeira. Não fazia diferença para ela.
O celular de Stiles vibrou ali perto. Ele fitou o aparelho por um instante, não havia a mínima chance de ele pegá-lo agora. Ainda estava surpreso por seu pai ter dado um jeito nele. Estava novinho em folha. Quase. E ele se distraiu com isso, com a tela lisa do aparelho, com a luzinha piscando indicando mensagens.
— Me matriculei em um curso. Foi on-line. Mas está valendo, é isso.
A coiote falou de repente. Fitava o teto do quarto do amante, olhando a estrutura encurvada com certo fascínio. Havia um certo privilégio em dizer-lhe. Afinal Stiles era a primeira pessoa para quem ela contava, fora do seu círculo íntimo e familiar naquela cidade.
— curso? Faculdade? — Stiles a encarou de abrupto incapaz de esconder surpresa. A coiote deu de ombros. — Mas... Você acabou de se formar...
— Eu já estava decidida, de qualquer forma. — Ela balbuciou, erguendo a mão e passando a encarar os próprios dedos.
— E o que você vai fazer? — Ele quis saber, curioso. Malia parecia mesmo animada com a ideia de ir para a faculdade.
— Psicologia...
Stiles reprimiu um arquejo. Fitou-a como se tivesse escutado errado. Até processar o que ouvira.
— Você não tem cara de psicóloga.
Malia ergueu os olhos. Fitando-o por um instante.
— você não tem cara de ativo. — Ela retrucou.
— Isso não faz sentido. — Stiles afirmou, com uma careta.
Malia o encarou como se dissesse “você que começou.”
— Viu só? Surpresa. Surpreender é a alma do negócio. Quem vê cara... — Ela deixou a conclusão no ar.
— Certo. Você me pegou. — Stiles admitiu. Deixando a ideia de deduzir de lado. Ele não tinha como saber como funcionaria afinal.