Capítulo 3

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- Mas... Mas como o fizes-te mudar de ideias quanto a abortar? O que ele te obrigou a prometer?

- Ele não mudou de ideias Sofia

- Como não, o bebê nasceu.

- Numa última esperança de conseguir ajuda contei tudo ao médico que me feia o procedimento. Contei que não queria tirar o meu filho que estava a ser coagida a fazê-lo. Ele ajudou-me, disse ao teu pai que estava feito, e ele nunca mais me procurou.

Sofia levanta-se e abraça Margarida, riram e choraram, apesar das mágoas, mentiras, enganos e trapaças.

- Ainda bem que existem pessoas boas neste mundo que não se deixam corromper pelo dinheiro ou influências sociais, esse médico é o meu herói Margarida.

Riem as duas, perante o comentário de Sofia.

Margarida pensa por um segundo como seria Sofia e Matt juntos?

Ambos eram donos de um grande coração. Matt além de ter sido seu médico ficará seu amigo, ao longo deste três anos sempre esteve por perto para ajudá-la,

Ficaram as duas na sala a bebericar o chá e a conversarem sobre como tinham sido estes três anos.

- Mas Sofia o que te trouxe aqui exactamente? Acho que acabamos por nos perder nas novidades e desviar-nos do motivo da tua vinda.

Sofia encarou Margarida, e ficou visível no seu rosto a sua inquietação, o que fora que trouxera Sofia não era assunto fácil, concluiu para si mesma Margarida.

Após um silêncio constrangedor, Sofia levanta o olhar para encarar Margarida.

- Nem sei por onde começar. Vim numa missão que sabia que não ia ser fácil pois iria de alguma forma abrir as feridas do passado. Mas agora...

- Que tal ires directa ao ponto?

- Adrien precisa de ti, precisas voltar, agora mais que nunca.

- Não acredito que seja possível.

Margarida não sabia porque, talvez sexto sentido mas seu coração estava apertado, e um nó na garganta.

Sofia acariciou a bochecha de Margarida

- Querida, o Adrien a 6 meses teve um acidente de carro e ..,.

- Aí Meu Deus.... Como assim um acidente? O que aconteceu, ele.... ele ...

- Ele ficou paraplégico.

Margarida puxou as pernas para o sofá abraçou-as e começou a chorar, tinha uma dor tão grande no peito, porque o destino tinha que ser tão cruel com eles os dois....

Por um momento pensou que ele partirá deste mundo.

De certo modo era um alívio saber que estava vivo, mas conhecendo Adrien como ela conhecia, ele certamente preferia estar morto a não poder andar.

Sofia puxou Margarida para que deita-se a cabeça em seu colo e ficou a acarinhar os seus cabelos até que se acalma-se.

Doía-lhe o peito perante tanto sofrimento, ela só queria ver os dois bem, sabia que o amor deles era dos mais puros e belos.

Eles eram agora uma família, queria vê-los rir, queria poder ouvir de novo as gargalhadas contagiantes do seu irmão que morreram no dia em que teve que se afastar dela.

Quando estava mais calma Sofia continuou

- Querida, Adrien recusa-se a ir para a reabilitação, os médicos acreditam que ele possa voltar a andar, vai ser um processo longo e doloroso.

- Porque que não quer?

- Ele diz que não tem porque que tentar, diz que aceita ficar em cadeira de rodas.

- Teimoso_ Disse em lágrimas e um sorriso

- Margarida, és a única que podes lhe mostrar que vale a pena tentar, que ele precisa tentar, por ele, por ti, por Aaron por vocês.

- Tenho medo Sofia o teu pai não vai aceitar-nos

- Desculpa querida mas acho que o meu pai neste momento quer e ver o Adrien feliz, não importa como.

- Não tenho tanta certeza.

- Podes ter, quando eu disse que tu serias a solução, apenas disse que fosse, apenas queria que Adrien recuperará-se a força de lutar e o sorriso que desapareceu do seu rosto desde que se separam.

Margarida queria poder pegar no filho e ir a correr ter com o seu amor, queria vê-lo, senti-lo queria poder partilhar seu filho, dar-lhe o presente mais lindo que lhe podia dar, pois ele tinha dinheiro mas nenhum dinheiro do mundo podia dar-lhe o que ela tinha para lhe dar, amor e um filho.

Conversaram e Sofia achava melhor falar com o irmão antes de aparecerem assim, mas Margarida não queria esperar.

Venceu o amor, estavam os três agora a caminho do apartamento de Adrien.

Ao fim de duas horas de viagem e quanto mais perto , mais o coração da Margarida estava apertado, qual longe da vista longe do coração, o amor dela não morreu, não enfraqueceu, estava igual ou maior.

O pequeno Aaron estava feliz por finalmente ir conhecer o pai, ele só tinha visto fotos.

Subiram no elevador e Margarida sentia o coração a bater nos ouvidos.

O pequeno Aaron ia ao colo da tia, agora não largava, força do sangue é grande mesmo, pensa Margarida pois a empatia dos dois foi imediata.

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