Capítulo 3

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Eu tinha que ser uma mulher forte. Aqui estou eu assinando os papeis do divórcio, está sendo muito doloroso, mas o pior de tudo que ele não parece o mesmo homem que eu conheci a anos atrás, ele está diferente, ele não consegue nem olhar nos meus olhos.
-- É isso mesmo que você quer? Vai desistir de nós?
Ele me olha, desacreditado no que eu estava falando.
-- O nosso relacionamento morreu faz tempo, não sinto mais desejo por você, olho para você e me pergunto como tive coragem, coragem de uma hora querer ter algo sério como você, tentamos e olha no quê deu? Em um casamento fracassado. Por sua culpa eu te traí, você não fazia nada, todas as vezes que eu chegava em casa você já dormia, parece que não queria me ver, mas agora encontrei alguém que me de valor, alguém que eu ame, por que ela me ama e eu a amo, ao contrário de você que não passou só de mais uma mulher na minha vida, ela é melhor do que você em todos os sentidos.
O olho descrente sem acreditar, mas assim é a vida nem tudo é um conto, nem todos é o que aparentam ser.

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  -- filha vem comer, tem dois dias que você não se alimenta.
  Ouço a voz abafada da minha mãe através da porta, mas o desânimo, a coragem que eu não tenho de não fazer nada, não me deixa responder.
  -- Ele não te merecia.
Ouço ela respirar fundo triste pelo fato de sua única filha está tomando remédios controlados novamente.
  Eu tinha parado, eu não usava já tinha dois anos, eu não ia ao psicólogo a dois anos, e aqui estou, três vezes na semana aquela mulher me liga.
  Estico o braço, e pego na cabeceira da cama os remédio, e tomo mais um para dormir e vagar para única felicidade que os sonhos me proporcionam.
  No outro dia lá estava eu, enfrente ao espelho vendo o tanto que eu estava feia, magra, desnutrida, com a pele sem brilho, sem vida, eu estava sem vida.
  Pela primeira vez na semana estava saindo do quarto.
-- Até que enfim, já estava na hora.
Esse jeito de minha mãe falar, me magoava, mais do que eu já estava
-- É...
Estava sem paciência para falar com todos. Saí de casa para respirar um pouco, precisava de paz, não aguentava mais minha mãe, aos vinte dois anos e ainda queria falar o que devo fazer.
Vou para praça para espairecer, mas nada faz sentido, tudo parece muito monótono, e surge a bela ideia de mudar de vida, mudar onde eu vivo.

Sóbria da RealidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora