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Josh Beauchamp

O dia não estava nem na metade e eu já sabia que seria longo, com certeza turbulento, só não sabia se seria de uma forma boa ou ruim. Antes das 9h da manhã o interfone do meu apartamento tocou, eu estava sonolento, não fazia ideia de quem podia ser e o susto que eu levei quando minha mãe se identificou, chegou a ser engraçado.

- Eu avisei que viria -ela disse assim que abri a porta da sala para que a mesma entrasse. Como eu já imaginava, me esqueci que minha mãe havia dito que viria me ver, talvez por essa ter sido a semana mais conturbada da minha vida.

Ela beijou meu rosto e eu ainda um pouco sonolento buscava algo para dizer, mas ela era minha mãe, nenhuma desculpa esfarrapada a convenceria de algo.

- E eu com a boa memória que tenho, esqueci -respondi com a voz ainda um pouco rouca

- Me emociona o tanto que você se importa comigo -disse colocando a bolsa na cadeira giratória próxima ao sofá e mexendo no cabelo loiro que como sempre estava brilhante e com um aspecto de muita vida. Linda como sempre, se existia alguém mais vaidosa que minha mãe em todo este planeta Terra, eu desconhecia.

- Me desculpe tá bem?! -pedi desculpas coçando um pouco os olhos em meio a um bocejo

- Alguém precisa de um café -ela disse se direcionando até a cozinha - Vou preparar um pra você

- Já que você insiste -sorri torto e ela soltou uma risadinha, eu adorava o café dela e ela sabia disso.

Fiquei observando minha mãe preparar o café enquanto falávamos sobre trabalho, e coisas aleatórias. Contei a ela sobre o jogo que teria no dia seguinte, ela como sempre me incentivou a tomar cuidado e dar o meu melhor. Diferente do meu pai, ela sempre apoiou os nossos sonhos e desejos, a meta sempre foi nos fazer felizes e nos ajudar a nos tornarmos pessoas boas. Meu pai sempre foi ambicioso, mas o tipo de ambição doentia. Quanto mais dinheiro ele tinha, mais dinheiro ele queria, não importava o que isso lhe custaria, independente se fosse a felicidade de sua família. Quer dizer, ele nunca deixou faltar nada dentro de casa, qualquer coisa que o dinheiro comprasse ele poderia nos dar, mas as coisas relacionadas ao coração ele nunca fez questão de ser bom. Nunca fomos amigos, nunca fomos aquela dupla incrível que vemos nos filmes, ele sempre tentou controlar minha vida e a única vez em que decidi confiar nele verdadeidamente, ele apenas se aproximou de mim para conseguir oque queria. Quando eu não fiz suas vontades e não desisti dos meus objetivos e sonhos, ele apenas se tornou frio novamente, eu não podia fazer nada apesar de ter sido uma situação muito difícil pra mim. Agora já consigo reconhecer o homem real nele, alguém que eu não faço a mínima questão de ter algum tipo de relacionamento. Me perguntei várias vezes se eu estava sendo frio, como ele, pensando dessa forma, mas não, eu apenas estava lidando com aquilo da forma que eu podia, e essa realidade foi uma escolha dele para nós.

Me pergunto como minha mãe, uma mulher tão incrível, conviveu com isso por tanto tempo de sua vida. Mesmo assim ela sempre se mostrava uma pessoa alegre e feliz, otimista e muito, muito forte. Não sou tão forte quanto ela, então não consegui aguentar por muito tempo a pressão de ter meu pai tentando controlar cada passo da minha vida. No fim das contas, meu pai nunca deu valor para a mulher incrível que ele tinha ao seu lado. Alguns meses depois do acidente, ele entrou com o pedido de divórcio, o que fez minha mãe sofrer muito, mas eu sabia que aquilo faria bem a ela a longo prazo.

- O que está passando nessa cabeça? -ouvi a voz da minha mãe sentindo o cheiro do café sendo preparado

- Só pensando no quanto você é incrível -falei fazendo nascer um grande sorriso em seu rosto, ela segurou minha mão dando um beijo em minha palma. Sorri com aquilo.

Twice Love || beauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora