Capítulo Dois

166 15 45
                                    

— Foi muito amável da sua parte receber-me, senhorita D'auvergne. — murmurou Ettore Montalbán De La Guardia.

Blanche ergueu-se graciosamente do sofá, enquanto ele era conduzido ao interior da casa de Mônaco do pai dela.

E teve outra escolha?

É claro que não!

O homem bateu em sua porta, pedindo para ver Oswald. Então foi informado de que ele não estava, mas que Blanche se encontrava em casa. Então, Ettore pediu para falar com ela e foi conduzido pelo mordomo da casa até o local onde se encontrava, após ser anunciado.

Apesar das advertências do pai, que continuava reticente em lhe revelar os motivos, lhe pareceu rude, para não dizer grosseiro de sua parte, recusar-se a receber o empresário, quando já o haviam informado de que ela estava em casa.

Logo, não fora exatamente uma escolha da sua parte, certo?

Ettore Montalbán De La Guardia aparentava da mesma maneira, alto e arrogante, como quando se conheceram um mês atrás no baile de caridade em Paris, embora agora estivesse vestindo um terno escuro e uma camisa azul clara, com uma gravata azul marinho em vez da roupa formal que usava naquela noite.

Respirou profundamente, estendendo a mão para cumprimentá-lo. Depois do comentário final que ele fizera no baile de caridade, a promessa contida em sua voz, Blanche teve certeza de que o veria novamente. Só não sabia quando ou onde. Por certo, não imaginava que ele viesse à casa do pai dela, para qual ela se mudara após seu divórcio. Era muito atrevimento.

—  Por favor, não quer se sentar, Sr. De La Guardia? — perguntou, indicando uma das suntuosas poltronas que faziam parte do conjunto estofado no qual ela estava sentada, lendo um livro, antes da chegada do espanhol.

—  Obrigado — Ettore aceitou a sugestão.

Os olhos perscrutaram o homem, no momento em que ele se sentou no local indicado. Blanche fizera a sugestão, talvez como um modo de diminuir o formigamento que aquela presença poderosa do empresário lhe causava. Mas aquele homem parecia ter o poder de encolher a espaçosa sala de sua casa.

E mesmo quando ele se acomodou na poltrona, percebeu que não adiantou. Ainda continuava sofrendo os efeitos que a sua forte masculinidade lhe causava. Podia sentir o rubor queimar-lhe a face e os mamilos enrijecerem sob a seda da blusa off white que usava, combinando com uma calça de alfaiataria preta.

Talvez o desconforto causado fosse o modo como aqueles olhos azuis, emoldurados por cílios espessos, a fitavam, como se lhe arrancassem cada peça do corpo para revelar-lhe as curvas acetinadas.

Fosse qual fosse a razão, estava tão excitada quanto ficou um mês atrás. Maldito homem! Quase podia sentir aquelas mãos longas acariciando-a, o contato dos lábios carnudos em sua pele, enquanto ele lhe provava...

Blanche se sentou na extremidade do sofá, apertando ligeiramente as mãos trêmulas no colo, ao mesmo tempo em que o fitou com uma expressão inquiridora.

O que posso fazer pelo senhor?

Muitas coisas, pensou Ettore, com um sorriso cínico, curvando-lhe os lábios.

Aquela mulher, cuja beleza não era menos notável agora, com os cabelos cor de mel soltos sobre os ombros, tinha o tipo de corpo que poderia deixar qualquer homem completamente louco.

Mas não ele, é claro. E qualquer relacionamento que por ventura viessem a ter seria de sua escolha, ao seu modo e sob o seu controle.

Então, a que devo a honra da sua ilustre presença em minha casa?

Um nervo pulsou na mandíbula quadrada e a boca sensual se contraiu, antes que ele respondesse.

Inimigo ÍntimoOnde histórias criam vida. Descubra agora