Capítulo 3 - O Baterista

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Meu amor pela música, sempre me levava a pequenos bares, aos fins de tarde de alguns sextas-feiras, para assistir apresentações de bandas alternativas. Algumas vezes era convidada a cantar ou tocar baixo, instrumento que eu amo! Gostava de pensar que o contrabaixo era o meu instrumento: firme, suave, a base que, delicadamente, levava o tom da canção... Muitas e muitas vezes me perdia tocando... Nestes momentos eu era a escrava dele, e ele o meu senhor. Ali não existia o prazer da carne, apenas o êxtase da alma!

Evitava ao máximo me envolver com quem quer que fosse nestes locais. Ali eu era Ella, a musicista, entusiasta e assexuada. Para estes eventos, meus casos também nunca foram convidados... Cada um no seu quadrado e este era só meu. Apenas Tom conhecia este costume, além de entender este amor, ele foi meu iniciador nestes eventos. Mais um caminho que devo a ele.

Entretanto, um dia, o desejo me venceu.

Fui convidada para assistir a apresentação de um grupo antigo e amigo, que fez muito sucesso na década de 90 em um bar próximo a minha casa. Logo minha mente foi tomada pela visão estupenda do deus negro que tocava bateria naquele grupo. Pensei então: Será que ele ainda toca lá? Seria muito bom nadar naquela pele de ébano! Huuumm, babei...

Sem pensar nas dificuldades que poderia encontrar ou no fato dele não aparecer, comecei a montar minha estratégia. Não, eu não tocaria, não cantaria... Eu iria caçar.

Ouvindo , a inspiração chegava para, montada em minha melhor versão caçadora, saia justa, nada curta e bota de cano alto, um leve decote e meu brilhante entre os seios, ir em busca daquele deus, que eu tinha certeza de que seria meu naquela noite.

Cheguei cedo, busquei um local estratégico e fiquei observando as pessoas chegarem, os amigos mais chegados sentarem e a banda começar a tocar. Quando a luz do refletor atingiu aquela pele negra, a felina que existe em mim se arrepiou dos pés a cabeça. Lá estava ele, exatamente como eu lembrava. Negro, musculoso e delicioso. Aguando, mas sem perder a postura, comecei a brincar com minha presa. Logo ele sentiu o peso do meu olhar, ficou um tempo a me olhar e abriu um sorriso enorme!

Bingo! É meu!

Por sorte, um dos que nos acompanhavam o conhecia e, no intervalo, ele veio direto para nossa mesa, cumprimentou a todos e veio a mim por último. O que ele disse quase me fez perder o foco.

- Oi ruiva. Você é a Ella, não é? Filha do Capitão José?

- Sou sim. – Respondi rapidamente, enquanto pensava se tinha mesmo sido uma boa ideia estar ali...

- Ah, sim... Te conheci moleca. Muito prazer, meu nome é Lucca. Bom saber que se tornou essa mulher linda! Fica pro fim da noite? Adoraria conversar com você fora daqui.

- Tudo bem. Estarei por aqui. – Finalizei a conversa enquanto dava um beijo nada casto bem próximo a sua boca.

Mais uma vez ele sorriu abertamente, piscou e se foi para conversar com outras pessoas.

Lá eu fiquei, num misto de expectativa e apreensão... Misturar minha família com meu mundo de caça não me agrada... Só o fato dele conhecer meu finado pai, já me incomoda o suficiente para querer sair dali de fininho...

Enquanto Ella pensava em suas opções, Lucca se divertia com seus pensamentos: Ah, não acredito que a jovem ruivinha, filha do Cap está essa mulher linda! E completamente livre para mim! Ô delícia! Ela tem o perfil de caçadora. Pelo jeito a brincadeira hoje será boa!

O fim da apresentação foi se aproximando e Ella levou mais um susto quando o vocalista, Lino, amigo de longa data, a convida para o palco.

- Pessoal, peço licença a vocês para convidar ao palco minha amiga gratíssima e talentosíssima, baixista e cantora, Ella!

Ruborizada, não tive alternativa senão pegar o baixo que me foi oferecido, fechar os olhos, sentir minhas tão amadas e amorosas cordas, enquanto começava a dedilhar a canção , do , música bem conhecida na época. Me transportei para longe, senti a canção em toda sua essência. Sabedora de olhares cobiçosos na plateia e ciente do olhar embasbacado do objeto de meu desejo, bem atrás de mim, fiz com que a apresentação fosse de puro êxtase carnal transcendental.

Seu amigo Lino, levando a batida, se deliciava com a apresentação. Deus, como essa mulher é perfeita! Quem me dera ser como ela! Pensava ele, enquanto a acompanhava nos vocais.

Lucca, boquiaberto, acompanhava a forte batida da música enquanto pensava: Porra! Além de gata, ela toca baixo e canta! Certeza trepa bem também! Puta que pariu! Tenho que casar com essa mulher, brother!

Ao fim da apresentação, aplaudida com entusiasmo, fui convidada pela banda para uma festa privada e, literalmente rebocada por Lino, sem opção, segui com o grupo para continuar a noite. Seguida de perto por Lucca, fui apresentada a muitas pessoas, que não me lembraria mais no dia seguinte, experimentei bebidas exóticas e fumei meu primeiro cigarro de maconha.

Discretamente Lucca, num momento mais tranquilo, levou Ella ao banheiro do segundo andar da suntuosa casa onde acontecia a festa.

- Que loucura é essa Lucca?

- Não aguento mais esperar. Preciso de você agora. Estou louco por você. Depois de sua apresentação então, mal me aguento! Vem Ella, me deixe sentir você. – Pediu Lucca enquanto a colocava sentada na enorme bancada do banheiro, e rapidamente, tomava o sexo de Ella com fome e luxúria.

Sem fôlego, na onda ainda da droga, afastei Lucca, respirei fundo e o trouxe de volta, me dando ao luxo de não pensar, não planejar, apenas sentir enquanto ele estocava repetidamente dentro de mim. Não me lembrava quando foi a última vez que me permiti apenas sentir, sem me preocupar em ser a perfeição do sexo... Sem saber se pela onda da maconha ou por todo absurdo da situação, me soltei, me abandonei naqueles braços negros perfeitos, sentindo a vibração do pau enorme e delicioso, aproveitei a rapidinha mais satisfatória da minha vida! Em casa, dormi como uma menina... Como há muito não dormia.

Lucca de fato era um amante atencioso, voraz e experiente. Mesmo grande, me virava do avesso. De quatro, por cima. Por baixo. Em pé. Deusa! Como era gostoso foder em pé com aquele homem! Ele me tomava por inteiro. Delícia de sexo, delícia de companhia. Cantávamos, ensaiávamos, curtimos muitas noitadas com a banda, cantei muito, me diverti bastante, até que, uns 6 meses depois, Lucca me convidou para morar com ele...

Ah delícia... Por quê? Aos poucos fui me afastando da banda, do meu amado baixo e do deus de ébano. Claro que foi difícil, quase aceitei. Pensei seriamente nisso, porém eu tinha certeza que não havia nascido para ser esposa, para viver presa a apenas um homem. E eu sabia também que homem nenhum aceitaria a vida que eu gostaria de levar.

Então, mais uma vez, parti.

Ali, um pedaço de minha alma se desfez...

Ella - O Conto (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora