• Capítulo 22

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Caminhando em direção ao quarto assim que a porta do elevador se abriu, Mew Suppasit teve a impressão de que o corredor parecia se estender sob seus pés. Ele parou. Pensando seriamente nas palavras da 'Psicóloga Melanie' que havia entrado em ação, ele balançou a cabeça, um tanto envergonhado por ter seus sentimentos sobre Gulf jogados na cara, sem tardar,— de forma necessária.

A mentira que tentava se convencer, não teve efeito nem mesmo em seus amigos.

"Uma completa burrice", Mew constatou ao saber do inevitável. Pois, tentar esconder algo de seus amigos, era uma total perca de tempo.— A pior escolha já tomada depois de tentar mentir para si mesmo. Claro que já sabia. Pequenos detalhes e fragmentos sempre podem ser capturados por qualquer um, principalmente por alguém próximo,— principalmente por si mesmo.

O hesitar.

A aceleração dos batimentos.

A estúpida necessidade de querer estar perto.

Todas as setas pareciam se transformar em cartazes com mais de cinco metros para faze-lo relembrar do significado do conjunto e o efeito que aquilo tinha nele. Qualquer deslize poderia ser perigoso se não tomasse o devido cuidado. E, estar perto de Gulf tornava o perigo ainda maior. Afinal, todas as setas se ampliam de forma estrondosa em sua direção;— especialmente a necessidade de querer estar perto. Todavia, acompanhado a ela, como um resultado falho de um teste importante, o medo de se entregar aquele sentimento incomum também ressurge.

De uma maneira ou outra, palavras que se assemelham a uma maldição sempre voltam para assombra-lo:

"Eu não aceito ter um filho gay!"

"Que tipo de futuro acha que terá?"

"Você nunca será feliz!"

Balançando a cabeça freneticamente, Suppasit respirou profundamente, detestando o modo como aquelas palavras ainda o afetam e, como tudo aquilo ficava nítido para Mild e Sammy.— As duas pessoas que sempre o faz pensar no quão sortudo era ao tê-las ao seu lado. Erguendo a cabeça rente aos números de cada porta, Mew soltou o ar; completando os poucos passos que faltavam para adentrar seu quarto. Logo, sua atenção passou a ser somente para as costas do calouro que terminava de arrumar as tintas sobre o colchão.

De repente, o cenário havia mudado.

Com as camas, agora, separadas uma da outra, Mew notou que o vão entre os colchões havia se tornado um bom lugar para o tripé do quadro já posicionado,— estando a espera de ser utilizado. As seis cores fortes e distintas ficam ao lado do menor que passou a organizar os pincéis enquanto a cama se tornou seu improvisado banco de apoio. As cortinas antes fechadas feitos lacre, se encontram abertas; deixando o sol da tarde adentrar e iluminar o corpo de Gulf que parecia realmente animado para começar seu 'trabalho'. Em pensamentos, Mew achou que aquela era uma cena perfeita que, ao qual, realmente deveria ser pintado em uma daquelas telas brancas. Não seu rosto. Mas, sim, a imagem pacífica de alguém que é capaz de mudar seu estado apenas com sua presença no local.

De forma inconsciente, Mew sorriu.

— Eu espero que não esteja se arrependendo de estar me ajudando. - A voz calma de Gulf surgiu entre o silêncio do cômodo, fazendo Mew negar num movimento de cabeça. - Você está arrependido? - O calouro questionou, se virando em sua direção, procurando pela resposta que não foi dita em palavras.

Novamente, Mew negou.

— Não se preocupe, estou bem em te ajudar. - Ele afirmou, levantando em seguida a bolsa que havia sido jogada. - Mas, eu espero que não se importe em ter que me maquiar.

Sua CorOnde histórias criam vida. Descubra agora