O dia passa sem mais emoções. À noite, os tios de Anahí dão início a famosa disputa no Karaokê, que arranca boas risadas, inclusive se Isadora e Helena que não estavam acostumadas com aquela algazarra.
- Annie, canta pra gente – pede Pierre com o microfone na mão. Anahí corre o olho na varanda, e todos estavam na expectativa de ouvi-la cantar. Depois de muitos pedidos, acaba cantando Flashlight – Jessie J. Ela sente os acordes da música vibrar, tomando conta de todo o seu corpo, fecha os olhando e deixa as notas saírem, encantando a todos.
"A música é capaz de reproduzir, em sua forma real, a dor que dilacera a alma e o sorriso que inebria." - Ludwig van Beethoven
I know the road is long, now look up to the sky
E mesmo que a estrada seja longa, olharei para o céu
And in the dark I found, last hope that I won't fly
No escuro, descobri a esperança perdida de que não voarei
Then I sing along, I sing along
Eu canto junto, canto junto
I sing along
E eu canto junto
Helena rapidamente pega o celular e começa uma transmissão ao vivo no Instagram.
- Puta que pariu! – xinga Paulinha.
- O que foi garota? – pergunta Augustin, se assustando com o grito da namorada.
- A Helena subiu alguns stories de uma mulher cantando. Olha isso – fala aumentando o som do celular. E a voz de Anahí preenche todo o ambiente, despertando a atenção dos outros amigos, que se aproximam para assistir o vídeo.
Tessa acaba se aproximando também, e quando vê quem está cantando, faz uma careta. Se afasta em seguida dos amigos, ligando para Alfonso, mas esse a ignora completamente. Inferno!
Anahí canta a música com toda a alma, e coração. Lembra de Alicia. A vó era sua lanterna. Era para ela que Anahí corria sempre que tinha um problema. A emoção toma conta de cada célula de seu corpo, fazendo-a ficar com a voz embargada. Sua mãe leva a mão na boca, deixando lágrimas grossas correrem livremente pelo o rosto. Quando a música termina e Anahí abre os olhos, eles procuram como águia os olhos de Sofia, que imediatamente se levanta indo em direção a filha. Ao olhar o redor, Alfonso percebe que todos da família de Anahí estavam chorando. Os amigos da morena estavam emocionados. Sofia puxa a filha para dentro de casa, sabia que esta iria desabar. E sabia o quanto Anahí odiava plateia nesses momentos.
- Não chora, meu amor – pede aflita.
- Eu sinto falta dela, mamãe – chora, abraçada a mãe, que afaga seus cabelos. – Eu queria que ela estivesse aqui com a gente – encara a mãe, que também chorava. A morte de Alicia foi dolorosa para toda a família. - A vovó adorava a casa cheia – funga, com o nariz completamente vermelho.
- E ela está filha. Sua vó sempre estará no seu coração – fala Sofia, apertando a filha em seus braços.
Demora alguns minutos para que Anahí se recupere.
XX
- O que aconteceu? Por que ela ficou desse jeito? – pergunta Isadora, confusa.
- Com certeza ela lembrou da avó – responde Maria – A avó dela enfrentou uma dura batalha contra o câncer. Nem mesmo tendo uma indústria farmacêutica, todos os medicamentos e recursos disponíveis, eles conseguiram salvá-la.
- Nossa! – murmura Helena, visivelmente abalada.
- A Anahí era muito agarrada com a vó. – fala Christian, limpando o canto dos olhos.
XX
Sofia leva a filha para o quarto, lá Anahí acaba tomando banho e colocando um pijama. Não queria ver ninguém. Tudo que ela queria era deitar, e esquecer aquela dor que ainda era latente em seu coração. Sofia fica no quarto da filha até que ela adormece.
Os amigos dela acabam fazendo uma resenha na área da piscina, juntamente com os primos e os irmãos de Anahí.
Alfonso observava os primos de Anahí que estavam em um canto, fumando e bebendo. Paul, que estava com eles, encara Alfonso durante toda a noite. Alfonso acaba achando graça do ciúme do médico. Totalmente infundado, uma vez que Anahí não tinha nada com nenhum dos dois.
As cariocas estavam dançando animadas, junto com suas irmãs que pareciam se divertir. Era bom ver Isadora se divertindo, geralmente ela ficava o tempo todo atrás de Vivian ou metida em alguma cirurgia. Era bom vê-la sorrindo e se divertindo. Isadora e Helena eram a sua vida, e ele não poupava esforços para vê-las bem, seguras...felizes.
Por volta de 2 horas da manhã, quando todos estavam sentados na varanda, distribuídos nos enormes sofás. Anahí aparece, vestindo um short de algodão cinza e uma camiseta preta. Seus cabelos caiam pelas costas em cascatas, e ela estava usando óculos de grau. Se aproxima das amigas, que a abraçam com carinho.
- Você está melhor? – pergunta Mariana, quando a irmã se senta ao seu lado.
- Sim – responde, com um sorriso fraco nos lábios.
Anahí corre os olhos e vê que Alfonso estava fazendo alguma coisa na churrasqueira.
- Estou com fome – fala se levantando, indo até o moreno.
Alfonso quando avista Anahí, sorri. Estava preocupado, mas ficara com receio de checar o estado dela. Vê-la ali era um indício que estava tudo bem.
- Oi estranha! – sorri.
- Oi Masterchef! – sorri de volta, olhando atentamente para bancada – O que está fazendo?
- Peixe na brasa – responde, cortando um pedaço, e dando na boca dela.
- Está maravilhoso – geme, ao terminar de mastigar.
Alfonso pega um prato e coloca alguns pedaços de peixe. Espreme um pouco de limão, e dá para Anahí, que se senta na banqueta que ficava em frente a churrasqueira.
- A Anahí você serve, né? – pergunta Christian, indignado.
- Tenho prioridade na fila – dispensa, debochada.
Alfonso entrega a bandeja com o peixe assado para Christian, que vai servir os demais.
Paul risca o olho em direção a churrasqueira onde Anahí e Alfonso conversavam. A morena estava comendo, enquanto ele estava temperando outro peixe para pôr na brasa.
- O que você usou aqui? – pergunta Anahí, comendo mais um pedaço de peixe.
- Vinagre, limão, alho, pimenta do reino e sal grosso – responde, colocando a grelha na brasa.
- Está maravilhoso – diz, levantando da banqueta e dando a volta no balcão, parando do lado de Alfonso.
- Você é muito cheirosa – elogia, sentindo o aroma dela.
- Obrigada – agradece, olhando para ele de rabo de olho. – Não sabia que você era voyeur – dispara, fazendo Alfonso encará-la.
- E não sou. Prefiro estar em ação. – ri divertido – Mas você estava um espetáculo. – sorri, malicioso.