ARMADA I

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Luck

Depois de se esconder em seu aposento como uma Argora temerosa, Kiron lacrou todas as entradas do castelo e reforçou a superfície da sua casa.

Nós os poucos que sobramos a fora, tentavamos dispersar a multidão que corria desperada pela arena. Porem, um a um, seus corpos caiam ao solo depois de espostos a minutos sob o sol.

Por sorte (ou não) Solty era o reino do sol, do fogo. O calor corre em minhas veias e eu, mais que ninguem estava na linha de frente, mandando mantas e cobertas e tudo o que pudesse ser usado para proteger aos que estavam ali.

Mesmo que eu quisesse, só haviam poucos guardiões de outros reinos. Os nascidos de gelo infelizmente eram as principais vitimas, e deixar seus postos para sobreviver nao era uma de nossas opções.

Aos poucos mesmo que eu os tentasse ajudar, o calor e os raios UV penetravam as mantas e suas armaduras. As vestes eram finas e suas peles incapaz de os proteger.

Corro para o portão principal e paro em um espaço aberto, antes da entrada do cartelo.


Kraus um dos guardiões, agonizava ao solo, seu rosto ja estava parcialmente queimado, o vermelho se apoderava de sua face e lentamente por seus lábios entre abertos, uma espuma branca é despejada ao solo.


Assim como ele, muitos mais sofriam as consequências da ação de Kiron.

A luz ja havia sumido mas ainda sim, as nuvens continuavam a se dissipar.

Onde você esta Hannah? Por que continua fazendo isso, nao vê que todos eles estão sofrendo?

Kiron nesse momento deve estar tramando maneiras de ocultar seu feito. Ignorando o clamor de seu povo para que os salve.

Vejo um vulto vermelho surgir ao longe.

Valen Sundar surge à minha direita, seu corpo se move rápido. Suas mãos se direcionam ao céu e o vejo tentar neutralizar a entrada dos raios uv naquela parte do reino. Era uma zona muito grande e um reino diferente para ele controlar, provavelmente não aguentaria manter tal feitiço por muito tempo.

Vejo ao longe Sadrack Phentus, rei de Teren ultrapassar a muralha do Palácio e seguir para o povoado onde os desesperados inocentes tentavam sobreviver. Suas mãos ainda que velhas, ousavam lançar feitiços e moldar a terra a fim de criar barreiras contra os raios solares, mas assim como Valen Sundar, suas tentativas eram frustadas pela terra de Cyrus que diferente da de Teren, era fria e de pouca vida.

Os mestres seguramente estavam reunidos como sempre ocorre em situações críticas como essa, buscando soluções com poções e feitiços. Mas nada se compararia se tivessemos ao nosso lado Hannah. Seu sangue puro de uma nascida de gelo controlaria o reino e salvaria a todos.


Um som alto irrompe a multidão. Nossos corpos estacam no lugar. E por um momento os gritos cessam.

Olho para o castelo. Na torre mais alta o centinela avisa que algo se aproxima. O som conhecido por todos nós havia sido tocado poucas vezes, a centenas de anos. Tão poucas vezes que só durante treinamentos fechados o ouviamos apenas para saber quando de fato esse momento chegasse.

Kiron aparece na sacada de seu quarto, logo abaixo da centinela. Seus olhos correm toda a imensidão de Cyrus.

Sinto um arrepio subir por minha espinha.

Entreolho a todos os que estavam ali. Se não bastasse as consequências da segunda fase de prova, agora entrariamos em guerra. E a maioria de nós ja estava em guerra, porem contra a própria morte. Não sobreviveriamos a mais essa.

Corro olhos por todo ambiente.
Guardiões corriam, de um lado a outro. Alguns tentando proteger uns aos outros assim como eu, e alguns poucos agonizando em seus postos, sem a opção de correr para salvar suas vidas. Apenas esperavam a morte em cantos aleatorios.

O som agudo que houviamos não nostrazia esperança alguma, só a constatação de nossas mortes. O rostos de todos os guardiões se viram e me fitam como se esperassem um resposta, uma palavra de conforto.

Mas não há nada que possa ser dito para acalma-los.

Isso não é um treinamento.

É tarde demais. Os Viajantes Estelares ja estão aquí.

A paz foi esquecida. Alguem havia quebrado a regra crucial, a lei pela qual foi salva milhares de vidas .

Alguém roubou uma estrela.

Quem ousaria tocar em algo tão poderoso quanto uma estrela?

Não há nada a fazer se não, lutar por nossas vidas.

- Vãooooo! - grito alto. - Aos seus postos!

Vejo os guardiões me olharem como se olha a um louco.

Precisavamos guardar o reino. Precisavamos ir ate a muralha a frente e impedir que tomem o povoado.

-Vamos!! - solto os mantos que trazia comigo e corro para a ala de armas mais proximas.

Necessitavamos de algo do arsenal de Kross. Nada cyriano surtiria efeito. Apenas as armas de Kross tinham pode de matar qualquer um, de qualquer reino e espécie.

Na grande guerra tinhamos o apoio do reino de Rudix, porém após sua queda, não havia novas armas. Apenas as poucas que conseguimos estocar. 

A sorte foi lançada, e infelizmente ela não está do nosso lado.

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