Diferenças e outros questionamentos

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— Me alcance uma taça de vinho, por favor.

— O de sempre?

— Sim. — Responde, enquanto coloca os pés sobre o recaimer recém instalado em frente ao sofá.

Enquanto observa os movimentos dele com cuidado, ela o vê abrindo uma garrafa de um vinho branco que ela até então não havia experimentado.

— Não vai beber?

— Não. Estou com retenção de líquido.

— De novo, Otto? — Questiona Luísa, o encarando.

— Uhum. — Desconversa ele.

— Ela dormiu? — Pergunta, com um olhar desconfiado, enquanto ele pegava a taça para levar até ela.

— Você conhece a filha que tem. — Diz, movendo a cabeça de um lado para o outro. Aquele jeito de não concordar com as atitudes da menina se apresentava apenas como um encanto, nada além, porque, de certa forma, ele era extremamente agradecido — dento das condições não cristãs — por Aurora ser exatamente daquele jeito que todos conheciam.

Sentando devagar naquele sofá branco, na qual ambos faziam questão em manter, ele logo se ajeita mais próximo dela, colocando um dos braços sobre os ombros, permitindo que ela se recoste contra ele. Brevemente, Luísa concede um beijo na região da mandíbula e logo toma a taça de vinho branco da mão dele.

— Qual foi a história de hoje? — Riu, enquanto olhava para a taça e movia para que se formassem círculos do líquido, enquanto ele ajeitava aquele cabelo lavado que insistia em cair sobre a testa.

— Esquilos, uma fábrica de brinquedos e fadas coloridas.

— Todos esses?

— Na verdade não.

— Não? — Questionou ela, agora olhando para ele, enquanto Otto também insistia em rir da situação.

— Ela me contou de uma história onde os unicórnios...

— Unicórnios? De novo? — Questionou, interrompendo-o.

— Agora os unicórnios eram donos de uma fábrica de brinquedos, onde as fadas coloridas controlavam os esquilos que produziam ursinhos de pelúcia para crianças de orfanatos.

— O quê? — Rindo da situação, Luísa não consegue conter as lágrimas do riso compulsivo, afinal ela sabia da condição da filha e da qualidade incrível com que tratava todas as histórias quase mágicas e, de certa forma, bastante encantadoras.

— Não me faça repetir. — Sorri, enquanto observa a nova pintura recém instalada na parede da sala.

— Eu realmente não sei como ela consegue imaginar tanto.

— Não sabe?

— Tudo bem que Aurora se comporta como uma grande entusiasta da irmã, mas você não acha um pouco estranho que ela se comporte assim algumas vezes?

— Estranho como?

— Não sei, Otto. Não sei. Mas não me parece muito normal, nenhuma criança na idade dela tem uma mente tão evoluída assim e...

— Ei, calma. Está tudo bem. — Ele diz, enquanto faz carinho no braço dela.

— Não tente me acalmar, porque estou prestes a explodir.

— Luísa, olhe pra mim. — Chama, assim que termina de respirar profundamente.

— Não adianta me olhar desse jeito, Otto. — Assim que para de falar, ele começa a rir e acaba recebendo um tapa no tórax.

AuroraOnde histórias criam vida. Descubra agora