Capitulo 56

234 17 27
                                    

Juliana POV

Nicolas asquieceu e voltou a olhar para frente. Não era um bom momento para dizer aquilo e não sei se em meio a toda aquela bagunça, algum momento seria apropriado dizer uma coisa daquelas. Eu era casada, infelizmente devia fidelidade a um homem que eu tinha certeza que não me era fiel. O pior disso tudo: eu preferia que ele não fosse fiel e não me importava nem um pouco quando viajava e passava semanas no local de destino, eram as minhas férias da sua obsessão por saber aonde eu estou, com quem eu estou e que horas pode me buscar, esse inferno durante todo o dia, toda semana, todo o mês e em todos os anos que estamos casados. Liberdade, a palavra tatuada na minha costela direita em mandarin, era um sonho muito distânte. O engraçado é que o mantra de Nicolas quando eramos mais novos de resumia a busca da liberdade: era idiota, eu sei, mais isso nunca fez tanto sentindo nos dias de hoje. Eu me apegava ao fato de Roberto estar velho e que logo logo bateria as botas. Isso sério um sonho, seria o alcance da minha liberdade, a tão sonhada liberdade.

- No que está pensando? - ouvi Nicolas perguntar, então olhei para ele. Mais ele ainda não me olhava.

- Nada.

- Ninguém pensa em nada, você está franzindo o cenho.

- E o que tem franzir o cenho?

- Ninguém franze o cenho quando não está pensando.

- Eu franzo o cenho quando não estou pensando. - Nicolas olhou para mim, mentirosa bem escrito na minha testa.

- Não estamos conversando nada com nada.

- Concordo. - eu disse e suspirei, então puxei um pouco a manga da minha camisa para olhar as horas no meu relógio de prata. - Porra, eu preciso ir.

- Por que?

- Por que ele... - me interrompi. - Não te interessa.

- Me interessa sim, você é casado com o meu...

- Que porra, ele nem é o seu pai. - quando percebi as palavras já haviam sido proferidas com impaciente. Analisei o rosto de Nicolas, ele apertava os lábios em uma linha branca, enquanto franzia o cenho. - Eu...no que está pensando?

- Estou pensando que eu já tinha sugerido essa alternativa em meus reflexos, mais precisava que alguém confirmasse isso. Um pai não pode tratar um filho como Roberto me tratava, mesmo o pior pai de todos.

- Eu sinto muito.

- E eu sinto alívio. - era verdade, parecia aliviado e isso me deixou menos culpada, porém eu continuava culpada. - Mais sinto tanta...tanta raiva. Ele tirou o brilho da minha mãe, tirou o brilho da sua mãe e agora conseguiu lhe apagar completamente.

Eu abaixei a cabeça.

- Eu não me casei por amor. - comecei. - Só não posso/não consigo te explicar por que me casei. - eu sabia bem como explicar, mais eu não podia. - Eu magoei a minha mãe, magoei o meu pai, magoei minha melhor amiga, eu magoei você mais eu juro, Nicolas, eu juro que não sou uma pessoa ruim. - minha garganta se fechou, eu coloquei uma mexa de cabelo atrás da orelha e analisei o carro estacionado ao lado. - Eu sinto muito, eu sou um lixo e nunca vou me perdoar por saber que fui o motivo pela minha mãe...por ela.

- Você não é um lixo. - ele sussurrou, eu senti sua mão em minha coxa e deixei. Nossa, eu realmente não me importava que me tocasse. - Por incrível que pareça, eu não sinto raiva. - a mão em minha coxa começou a se movimentar, as borboletas em minha barriga alcançando o mesmo ritmo lento de sua carícia. Eu fechei os olhos e só senti, eu queria que ele me tocasse, era errado mais parecia muito certo. Queria que não só me tocasse a coxa, em um sinal de conforto, queria que tocasse todo o meu corpo intimamente, por que nunca deixou de ser todo seu, sempre foi e sempre vai ser.

Amor Proibido (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora