Capítulo 19

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1342 palavras

Eve abriu os olhos vagarosamente, deparando-se com o rosto de Benjamin, que dormia tranquilo e sereno, os braços dele ao seu redor. Ela sentiu seu coração esquentar dentro do peito, lembrando-se da noite anterior e sorriu.

Benjamin parecia tão calmo naquele momento. Ela admirou os detalhes daquele homem em sua frente, reconhecendo e sabendo que desde o primeiro momento foi ele. Todas as vezes em que ela esteve chorando e chorando havia sido uma despedida para suas dores e seus temores, seus anseios e solidão. Toda aquela confusão que Eve sentiu depois que voltaram do baile foi somente a confirmação de algo que ela estava se recusando tão firmemente a acreditar, mas que estava estampado em sua própria cara.

Ela esticou sua mão, quase tocando o rosto de Benjamin. Hesitou por um breve momento, mas então envolveu a bochecha dele em uma concha, o sorriso ainda presente em seu rosto e o encarou. Ela nunca imaginou que se sentiria tão feliz com alguém acordando ao seu lado. Nunca imaginou que um dia seu mais profundo desejo se realizasse. Aquele desejo que ela nunca se atrevia a dizer em voz alta, aquele desejo nunca compartilhado e tão bem escondido às mil chaves dentro de seu coração, dentro de sua alma: o fim de sua solidão.

Eve sentiu seus olhos ficarem ligeiramente úmidos quando traçou os lábios macios e cheios de Benjamin com a ponta de seu dedo, as memórias dos poucos dias que tiveram juntos em Manhattan, mas que foram unicamente especiais, invadindo sua mente.

E pensar que tudo começou com um cachorro quebrando a sua mala.

Ela lembrou de quando ele segurou sua cintura enquanto assistiam ao pôr do sol, de quando assistiram ao casal patinando no lago congelado do Central Park, de quando ele segurou suas mãos na mesa daquele restaurante no meio do Central Park e disse que queria ajudá-la, de quando ele a levou para o outro restaurante e ficaram sozinhos dentro daquela cúpula, de quando foram ao cinema e ele abriu seu coração e mostrou que confiava nela, de quando ele a levou para o baile, e fechou os olhos com a lembrança daquele beijo que confirmou tudo e fundiu seu cérebro, não a deixando pensar em outra coisa até fazê-la admitir que ela o queria, que ela estava apaixonada por ele. Lembrou das horas anteriores quando Benjamin a amou durante o alvorecer e durante a noite, em meio a tantas palavras de amor e desejo. E por fim, Eve lembrou-se das palavras de sua avó há um tempo atrás:

"Si vive solo una volta, principessa."

Eve sorriu, uma lágrima solitária escorrendo pelo canto de seu olho e molhando levemente o seu travesseiro, enquanto ela notava que a tanto tempo não se sentia tão bem, tão realizada, tão... completa e tão... feliz.

Ela então aproximou seu rosto do dele, sentindo sua respiração roçar delicadamente em seu nariz e grudou as suas testas, os olhos ainda fechados. Ela o sentiu se mover sutilmente, sabia que ele estava prestes a acordar. Eve foi tomada por uma sensação arrebatadoramente gostosa em seu peito quando as mãos de Benjamin apertaram suavemente a sua cintura. Sentiu tantas coisas naquele momento. Sentiu-se tão protegida, tão amada e cuidada.

Ela foi surpreendida por uma mão quente envolvendo a sua e os lábios dele tocaram a sua testa, beijando suavemente ali. Abrindo os olhos, ela o viu abrir aquele lindo sorriso. Seu coração bateu forte por ele, enquanto seus olhos se encontraram. Seu coração, seus lábios, suas mãos, seu corpo, tudo, tudo em Eve chamava por Benjamin e sentia que o mesmo acontecia com ele. E mesmo que ele não dissesse, Eve podia ver em seus olhos.

- Oi, você. - ela disse com um sorriso no rosto.

- Oi, você. - ele respondeu e levou as mãos dela aos seus lábios, depositando um beijo demorado e suave. - Dormiu bem?

Um Natal em Manhattan [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora