Capítulo Quatro - O que eu sou?

155 10 3
                                    

        Corri. Quando saí pela porta pude ouvir minha mãe me gritar, mas não tentei voltar ou sequer parar. Não queria acreditar no que eu tinha visto, Minha mãe não poderia ser algo como aquilo que eu vi com meus proprios olhos. Nunca tinha ficado com medo de minha mãe, pois ela sempre foi muito gentil. Mas naquele momento era como se ela tivesse deixado de ser minha mãe, como se fosse um monstro.

        Estava correndo muito rápido, nunca havia corrido assim. Em menos de dois minutos eu já estav no parque, fui para a arvore que eu sempre ficava, ela era grande e ficava separada das outras, era a mais distanciada do parque. Então ninguem me veria, estava confuso. Por que minha mãe estava fazendo isso comigo? ela não fazia esse tipo de brincadeiras. Mas no fundo eu sabia que aquilo não era brincadeira, eu hava visto as presas dela sairem de perto. Perto de mais para ver que era real.

        Lembrei me do olhar triste que ela me olhava, ela também não gostava daquilo. Eu a vi chorando... Ela não mentiria para mim, mas aquilo era irreal demais e se fosse realmente verdade eu demraria muito ainda para crer.

        Estava começando a me arrepender por deixar minha mãe sozinha, ela também devia estar sofrendo. Mas não poderia voltar não agora, tinha que pensar mais. Lembrei-me daquele casal estranho, eles falaram varias coisas que eu  não entendia, eles poderiam saber de algo. E Caio, eu devia contar para ele algo assim? Não podia esconder, ele era meu melhor amigo. E sua mãe se soubesse de algo assim, algo que provava que suas loucuras eram reais, ela iria pirar.

        Me perdi em meus pensamentos, até chegar a conclusão que: Devia deixar minha mãe se explicar, e depois acreditar no que eu achar ser a verdade. Então fui tomado por um susto, pulei do banco quando o vi.

        Liam estava na minha frente, e me olhava com curiosidade. Mas logo sua expressão se suavizou, e se sentou ao meu lado, por alguns instantes não disse nada. Apenas olhava para a frente, acho que estava me dando espaço. Então olhou para mim e disse:

- oi Gui - E sorrio de maneira mais inocente possivel.

- oi... - lagrimas ainda corriam em meus olhos, tentava segura-las, mas pareciam ter vida propria.

- o que aconteceu?

-  nada... eu só... - agora já estava fungando - não estou me sentindo bem.

- tá bem.

         Ele agora olhava para mim, como se duvidasse de minha resposta. não tinha certeza se contaria a ele, mas eu precisava conversar, saber se uma pessoa normal acharia aquilo tudo loucura. Então olhei para ele e relutantemente, contei lhe tudo. Tudo que havia acontecido naquela tarde. Ele não pareceu surpreso, mas quando o disse sobre meus pais (o que minha mãe havia me contado) ele pareceu totalmente assustado, olhou-me incrédulo.

- o que sua mãe é? - perguntou-me

- ela me disse ser uma vampira, muito louco, né? ela até me mostrou suas presas...

        Ele não me olhava, olhava para suas proprias mãos, parecia pesativo. Ele provavelmente estava pensando como eu era louco, e como iria se livrar de mim. Mas ele apenas me olhou e sorrio, e começou a me olhar com aquele olhar curioso.

- acho melhor você ir para sua casa já escureceu, e sua mãe pode estar preocupada... - eu nem havia percebido que já era noite, pulei do banco e limpei meu short e Liam se assustou quase ri de sua reação.

- é mesmo tenho que ir, minha mãe deve estar muito preocupada... - quando estava me virando para ir embora, quando ele me segurou pelo braço.

- aqui é muito perigoso, irei com você. - ele já estava de pé, eu iria negar. Mas lá era realmente perigoso. Então apenas assenti com a cabeça. - e não diga a mas ninguem o que você me disse. Sobre seus pais, quero dizer. Por que também sou um lobisomen.

- ahh... Você agora resolveu me zoar também, isso não é legal. - eu havia ficado nervoso, e estava prestes a começar a correr.

- Ei! é sério, olhe só! - ele levantou sua mão ficando perto de mim, onde eu podia ver perfeitamente. Então sua mão começou a mudar, seus dedos crescerão ficaram mais peludos, as unhas tambem estavam grandes e pontudas e parecia até mais musculosa. Tentei não mostrar meu panico, mas era impossível, quando o olhei ele parecia muito orgulhoso do que acabrá de fazer...

- okay... só posso estar alucinando. Vou indo... 

        Estava assustado, poderia atté dizer que minhas pernas estavm tremendo. Então minha luta agora era andar corretamente, para que Liam não percebesse. Estava bem escuro, não podia dizer que horas eram, mas podia dizer que minha mãe a essa hora estaria bastante preocupada.

     Meus passos eram apressados, e Liam me seguia. Não sabia o por que mas um grande desesperado crescia em mim, quanto mais chegavamos perto da minha casa mais desesperado eu ficava. Logo não aguentei mais saí correndo, o mais rápido que eu podia como mais cedo.

           Liam não conseguio me acompanhar, mas estava logo atras. E quando cheguei em casa vi o por que de meu desespero. Minha casa estava escura, sem nenhuma luz ligada e a porta da frente estava aberta com a fechadura quebrada. Corri para dentro para procurar minha mãe, mas quando entrei encontrei somente nossa casa toda bagunçada, os moveis estavam quebrados e jogados por todos os cantos, corri para o andar de cima.

        Meu quarto estava a mesma coisa, minhas roupas jogadas no chão. Segui para o quarto de minha mãe  e assustei-me quando vi seu quarto do jeito que eu me lembrava, todo arrumado e nada fora do lugar, então finalmente vi Liam do meu lado ele me encontrara. Percebi algo fora do normal ali, tinha um tipo de pergaminho perfeitamente enrrolado, encima da cama de minha mãe, fui devagar e cauteloso.

        Quando o peguei senti minhas entranhas revirarem, como se borboletas estivessem ganhando vida. E quando o abri não estendi nada, havia linhas curvas e retas que não fazam nenhum sentido para mim, mas me davam medo. Liam estava ao meu lao e só percebi isso quando ele pegou o papel de minhas mãos e comecou a analisar.

- você entende isso? sabe o que está acontecendo aqui? - questionei-o

- não sei o que está acontecendo aqui, isso é lingua das fadas e eu não entendo. Mas conheço quem entende - Liam parecia muito preocupado, eu estava preocupado, onde estava minha mãe? Ela poderia estar trabalhando... Eu tinha que ir no hospital. - temos que ir, ainda pode ter algum dele aqui.

- tenho que procurar minha mãe! - disse eu

- não hoje... eles não  a deixariam para trás... - não entendi o que ele quis dizer, mas não parecia ser coisa boa- vamos, temos que ir para um lugar seguro.

        Ouvi um barulho vindo do andar de baixo, Liam também havia ouvido pois olhava para mim alarmado, ele fez um sinal ara que eu não fizesse nenhum barulho e o seguisse e eu o fiz. Estavamos descendo a escada quando ouvimos um som horrível que parecia uma risada. Quase pulei. Então Liam começou correr e gritou para que eu corresse também.

        Mas quando estavamos chegando na porta, havia uma figura esguia, com cabelos loiros.

- pensavam que eu iria deixa-los fugir? - nem eu nem Liam respondeu, mas ele não pareceu se importar, e me olhava com curiosidade - você parece muito fraco... Você é o hibrido não é?  Quero que mostre-me sua forca.

- Saia daqui e não enfrentará a furia da União - ameaçou Liam, fazendo aquela coisa rir novamente.

- vou esperar ansioso pela furia da "União". Dê me o garoto híbrido e deixarei você sair vivo.

- não o darei - ele olhou para tras e sorrio - fica ai, não deixarei ele lhe machucar, okay?

        Apenas confirmei com a cabeça. E no mesmo instante vi seu rosto mudar, não era mais o Liam que eu conhecia, havia crescido pelos em seu rosto, havia presas no lugar dos dentes e suas mãos estavam como havia visto mais cedo, aquilo me assustou, mas nem tanto ja estava me acostumando.

- lobo idiota! acha que pode ganhar de mim? - perguntou aquele cara

        Liam não respondeu apénas soltou um rugido e correu em direção a ele.

Clãs das SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora