Rei

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Durante o tempo em cárcere, Park Chanyeol foi colocado em uma rotina rígida. Embora fosse o assassino mais famoso atualmente — e tivesse vigilância dobrada — ainda conseguia realizar algumas coisas por baixo dos panos. Para ele, às vezes, era ridiculamente fácil enganar os guardas e alguns detentos, mas sempre tentava não subestimar as outras pessoas, especialmente naquele lugar; onde era cada um por si e qualquer deslize poderia desencadear algo incontrolável. Nunca tinha estado em um presídio antes e, por mais que as coisas seguissem o curso que planejava, ainda precisa aprender como funcionava ali dentro, cada esquema e cada mente por trás do comando principal. Por isso, tinha paciência e seguia à risca as regras até que conseguisse descobrir como burlar cada uma delas.

Lentamente, os primeiros raios solares foram entrando pela pequena abertura quadrada que chamavam de janela. Mal dava para colocar a cabeça para fora por conta das grades e a altura mataria qualquer um. Para muitos, aquilo não tinha a mínima utilidade, porém, para Chanyeol, nada era inútil. O seu ambiente, por mais inóspito que fosse, ainda era a melhor arma que tinha e fazia questão de se aproveitar de cada mínima brecha. Faltavam alguns segundos para os guardas cumprirem a rotina de revistarem a cela. Como forma de estar um passo à frente, sempre acordava antes para que pudesse se preparar.

Sentado na beirada da cama, contou mentalmente até que ouvisse o alarme de liberação, logo os passos pesados ecoaram no corredor. Como sempre, uma dupla de guardas era chamada para efetuar a revista pela cela, mas isso não o intimidava. Pouco tempo depois escutou a voz grossa de um deles ordenando para que ficasse com as costas na parede e as mãos acima da cabeça. Park obedeceu, com um sorriso sacana nos lábios que logo se desfez, visto que os homens entraram na cela.

Um deles era alto e carrancudo, se chamava Stuart, e o outro era um pouco mais baixo que Park e com braços de músculos grossos, este atendia pelo nome de Ruben. O primeiro começou a revistar de maneira agressiva e, em sua expressão, era evidente que tinha tido problemas sexuais na noite passada. Chanyeol conseguia deduzir isso por conta de tê-lo visto com sutileza em algumas manhãs, o rosto de quem tinha chegado em um ótimo orgasmo. Obviamente que podia ser outro motivo, no entanto, o assassino conhecia muito bem a natureza dos homens e poucas eram as exceções nesse quesito. Outro detalhe que o denunciava era a aliança, que sempre estava no dedo errado, denunciando que ele não se importava muito com o que ela significava.

Stuart puxou o lençol sem sutileza e revirou o colchão amarelo, mas não encontrou nada além de um buraco.

— O que é isso? — indagou, irritado.

— Está velho. — respondeu Park de maneira trivial.

O guarda resmungou algo inaudível em frustração e depois ordenou que Ruben revistasse Chanyeol. O assassino conteve um sorriso debochado e encarou o homem fixadamente. Chegava a ser cômico o quanto as pessoas revelavam sem saber. Bastava uma boa observação para que o alvo de sua atenção entregasse tudo, especialmente sentimentos de cobiça e desejo. Esses eram sentimentos que Park reconhecia em qualquer um. Por conta disso, não se surpreendeu quando Ruben o apalpou com uma lentidão desnecessária, espalmando as mãos na região de suas coxas e depois pedindo para que virasse. De costas para o guarda, Chanyeol esboçou seu desprezo quando sentiu-o se aproveitar daquela posição, no entanto, logo retomou sua expressão inabalável e virou-se novamente de frente para o homem, que sorria minimamente em satisfação.

Park não gostava daquilo, porém, fazia parte do acordo que tinha com um detento chamado Kevin, este lhe forneceu o celular. Ruben contrabandeava algumas coisas para sua cela em troca de alguns favores. Quanto a Kevin, tinha lhe dado algo muito mais valioso, por isso conseguia tudo que pedia.

Xeque Mate [chanbaek]Onde histórias criam vida. Descubra agora