A Prudence House estava cheia, lotada de alunos. Ninguém se importava se aquela era a iniciação das novatas Prudence, porque aquela era uma das festas mais esperadas do ano – junto com o homecoming da fraternidade Prudence, a despedida da Kappa e as festas aleatórias da Acacia, todas elas casas republicanas.
Tracy me fez usar um dos seus vestidos, que era mais curto e justo do que eu imaginava. Minha melhor amiga fez minha maquiagem e meu cabelo, não porque sou incapaz de me arrumar sozinha, mas porque demoro muito fazendo isso. Então, em uma hora, eu estava perfeitamente pronta, apenas esperando as luzes do campus se apagarem para dar lugar à luz rosa da irmandade Prudence, na rua de trás. A casa era estupidamente grande – afinal, abrigava quase trinta garotas –, com muitos quartos, muitos banheiros e um salão de festas enorme. Foi neste salão que parei para observar as paredes bege da casa.
— Pare de olhar assim, você parece uma criança. — Tracy murmura para mim, me dando uma cotovelada.
— Desculpe, mamãe. — implico, escondendo um sorriso. — Isso aqui parece um museu.
Tracy não diz nada, talvez porque concorde. Ou talvez porque Abby Griffin está vindo até nós com um olhar determinado.
— Lisa Jenkins, presumo. — ela diz, me olhando com superioridade. — Novata da Alyssa.
— Em carne e osso. — sorrio para ela.
— A iniciação vai começar em instantes, no quintal. Se atrase, e está fora. — vejo em seus olhos que ela deseja completar "junto com Alyssa", mas ela se contém.
— Estaremos lá.
Tracy aperta a minha mão e me puxa para o lado de fora em questão de segundos, me fazendo revirar os olhos violentamente.
Quando chegamos ao lado de fora, uma fila de mulheres se estendia sobre a grama, e seus olhares nervosos e ansiosos me diziam que eram as possíveis novatas. Tudo dependeria da porra de um beijo de um garoto.
Alyssa me encontra quando me coloco no fim da fila; contando comigo e com Tracy, somos em doze, o número permitido por semestre. Aly sorri e segura minhas mãos.
— O quarto de vocês já está reservado. — ela murmura. Aly olha para os lados, para frente e para trás antes de se inclinar e sussurrar. — Bala de café e chiclete de menta. — para disfarçar, Aly me dá um selinho. — Te vejo mais tarde, Prudence Girl.
Contenho a vontade de grunhir que Prudence Girl e Prudence Boy parece nome de girlband e boyband - além de me lembrar ativamente de preservativos, claro. Eu poderia fazer essa piada mais tarde, depois de passar pela iniciação apenas porque uma peguete me pediu com carinho.
Tracy nos observava com um sorriso no rosto; um aceno me certificou de que ela escutou o que Aly me disse.
Eu diria que isso é trapaça se eu me importasse com essa droga toda.
— Sejam todos muito bem-vindos, irmãos, irmãs, novatas e alunos enxeridos. — Abby Griffin começa, calando a multidão. — Hoje vamos dar as boas vindas à nossas novas irmãs, aquelas que, é claro, passarem pela iniciação.
Tracy aperta minhas mãos. Pequena coisinha fingida.
— A iniciação vai ser o seguinte: temos aqui uma dúzia de Prudence Boys, que vocês não verão até depois de tê-los beijado. — dito isso, cada mentora leva à sua novata uma venda preta, e coloca em nossos olhos. — Cada garoto terá provado algo de diferente gosto. Talvez um morango, talvez chantilly, talvez vodca... O trabalho de vocês será, durante o beijo, descobrir o que esteve na boca de cada garoto antes de beijá-las. Boa sorte.
Aparentemente, uma fila de doze garotos parou na nossa frente, na horizontal, como nós. Mas não seríamos beijadas ao mesmo tempo.
Tive de aguentar sons de beijos babados por longos minutos, junto com palpites de alimentos ou bebidas – e todas acertaram.
Tracy apertou minha mão uma última vez antes de soltá-la. Era a vez dela.
Mais barulhos de beijo, dessa vez por mais tempo do que o normal. Revirei os olhos por baixo da venda.
— Bala de café! — Tracy fala alto, recebendo palmas e uivos.
Era a minha vez.
Senti a aproximação de alguém que cheirava a perfume barato e suor, e automaticamente fiz uma careta. Isso é, claramente, trabalho de Abby.
Mas, antes que o garoto maculasse minha boca, uma voz o impediu.
— Saia dai, Oliver. — o calor corporal do garoto foi perdido quando ele se afasta de mim, mas logo outro alguém se aproxima. Esse cheirava a Malbec e a shampoo de pêssego, um cheiro que me lembro de sentir há muito tempo. — A garota merece alguém melhor.
— E você é esse alguém melhor, Hacker? — o tal Oliver, eu acho, grita.
Não houve uma resposta, no entanto. Minha boca foi coberta por lábios macios, me beijando com carinho, enquanto uma mão deslizou para o meu pescoço, me mantendo presa no lugar, à sua mercê.
Tive uma enorme sensação de déjà-vu.
A boca do garoto, no entanto, não tinha gosto de chiclete de menta. Oliver, certamente, teria, mas esse enxerido se meteu.
Não sei se o agradeço por me livrar daquele cara suado, ou se o xingo por confundir a minha mente.
Eu ainda estava sendo beijada. Meus lábios eram amassados carinhosamente pelos dele, e, no fim daquela selvageria carinhosa, três selinhos foram deixados enquanto sua mão soltava meu pescoço.
Ah, merda. Merda, merda, merda.
A multidão, antes tão barulhenta, estava completamente silenciosa. Não havia uma só pessoa falando qualquer coisa. Nadinha. Nem um sussurro.
Me concentrei no gosto que ficou na minha boca, onde sua língua antes passeava livremente.
— Que merda foi essa, Hacker? — Abby esbraveja, provavelmente vindo até nós.
Não me atrevi a tirar a venda, com medo do que veria. De quem veria.
— Você não podia ter beijado ela! — Abby continua.
Alguém se inclina contra mim e, pelo cheiro, é ele de novo.
— Você tem namorado, querida? — ele pergunta.
— Não.
— Então sim, eu posso beijá-la. — aperto os lábios um no outro enquanto eles discutem.
— Não, não pode! Você tomou o lugar do Olly! — Abby grita de volta.
Cocei a garganta, envergonhada.
— Chocolate. — falo, de repente, os calando. — Você comeu chocolate antes de...
Um ofego escapou do garoto, baixo e suplicante, antes de sua boca tomar a minha uma segunda vez.
Ah, meu Deus...
— Vincent Hacker! — Abby grita, extremamente furiosa, enquanto o garoto a ignora completamente, mais preocupado em acariciar minha boca com a sua.
Merda, isso é muito bom!
Uma mecha de cabelo é posta atrás da minha orelha quando meus lábios são abandonados.
— Parabéns, garota do Arizona. Você é uma Prudence Girl agora.
Eu sinto que posso desmaiar a qualquer momento, mas não tiro a venda.
Porque sei quem vou ver se fizer isso, e acho que não estou pronta.
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midnight memories ꪵ
Fanfictiononde Lisa e Vinnie se reencontram na faculdade, depois de pensar que nunca mais se veriam. april 20th // july 3rd © magicklaus, 2021