Me dá o amor que eu mereço ( PAUSADA )

Capítulo 25

Maraisa*

Quinze anos já se passaram, quinze anos desde que minha irmã foi levada de mim e ainda não conseguimos encontrar ela. Quando minha mãe foi na delegacia eles iniciaram as buscas e conseguiram imagens das câmeras de segurança de várias rodoviária e também de aeroportos, um tempo depois descobrimos que ela foi vista no aeroporto de São Paulo mas não souberam dizer pra onde ela estava indo, eles pediram a escala de todos os vôos daquele dia e haviam várias cidades e também outros países, mas não dava pra saber.
A polícia comunicou vários lugares sobre o desaparecimento dela mas não adiantou muito pois só conseguiram as imagens uma semana depois do desaparecimento dela então provavelmente ela já estava bem longe de nós.
Cinco anos depois os policiais encerraram as buscas, meus pais desistiram de encontrar ela mas eu não, eu nunca vou desistir de tentar achar a minha irmã, ela pode não estar bem mas eu sei que ela está viva, eu sinto isso.
Marília conseguiu realizar o seu sonho, se tornou uma das cantoras mais reconhecidas do Brasil e eu estou muito feliz por ela, ainda moramos juntas aqui em São Paulo mas ela quase nunca fica em casa. Já eu desisti dos meus sonhos, sonhos esses que não eram só meus, pra mim não tinha mais sentido nenhum seguir isso sem a minha metade do meu lado.
Eu escrevi algumas músicas pra Marília e também pra alguns amigos dela, como Jorge e Mateus, eu amo as músicas deles, sou fã demais.
Atualmente eu vivo disso, componho pra Marília e pra alguns amigos dela que também cantam pelo Brasil, as vezes nos encontramos aqui em casa e eles tentam me convencer a ir atrás dos meus sonhos mas eu sempre digo que meus sonhos morreram, eu nunca mais vou cantar.
Hoje a Marília chega de viagem pois na sexta feira ela vai ter um festival aqui na cidade com alguns outros artistas como Jorge e Mateus e Fernando e Sorocaba, amo as músicas da dupla, as vozes são maravilhosas, os arranjos então nem se fala.
As quatro da tarde vou no aeroporto buscar a Lila e confesso que estou ansiosa, não gosto de ficar em casa sozinha, sempre penso do que não deve e acabo ficando muito mal.
As horas foram passando e eu fui tomar um banho pra poder ir buscar a Lila no aeroporto, me arrumo rápido e saio de casa, quase uma hora depois eu chego lá e fico esperando ela no estacionamento, foi nesse mesmo aeroporto que viram a Maiara ser levada, que ela foi vista pela última vez.
Todas as noites eu olho pro céu e peço pra Deus cuidar dela, eu fico me perguntando como será que ela está? Se está bem? Se tem com quem conversar afinal ela nunca gostou de ficar sozinha.

Lila: Ei abre aí!! - Saio dos meus pensamentos com a Marília socando o vidro do meu carro.

Eu: Se você quebrar vai me comprar outro carro. - Ela coloca suas malas no porta malas e entra no carro, se sentando ao meu lado.

Lila: Saudade amiga, como você tá? - Ela diz me abraçando.

Eu: Bem e você? Como foi os shows?

Lila: Foram maravilhosos, tá bem mesmo?

Eu: Sim.

Lila: E esses olhinhos marejados?

Eu: Tava pensando na Mai, foi aqui que viram ela pela última vez.

Lila: Pois é, eu pensei o mesmo enquanto estava vindo pro estacionamento, imaginei que não fosse entrar.

Eu: Não consegui. - Digo enxugando as lágrimas.

Lila: Eu sei, vamos? - concordo com ela.

Sai do aeroporto e fomos o caminho todo conversando, assim que chegamos em casa eu ajudei ela a guardar as malas e disse que depois queria conversar com ela.

Lila: O que foi? - Diz aparecendo no meu quarto depois que tomou banho.

Eu: Acho que vou voltar pra Goiânia.

Lila: Tá doida, por que?

Eu: Não quero viver aqui nas suas custas, eu não trabalho e me sinto uma inútil e aproveitadora.

Lila: Nada a ver, essa casa é nossa, a gente sempre se ajudou, desde que nos mudamos pra São Paulo e não vai ser agora que isso vai mudar.

Eu: Eu sei mas eu não ganho tanto quanto você, me sinto muito inferior.

Lila: Para com isso Mara, você ganha pelas suas músicas que são maravilhosas e valem muito, não quero que você vá embora. - Fico em silêncio.

Lila: Vamos comigo no festival sexta feira?

Eu: Acho melhor não.

Lila: Por favor, você quase nem sai comigo, vamos?

Eu: Não sei, acho que não.

Lila: Você vai sim, só fica trancada nessa casa, você precisa viver.

Eu: Tá bom, não tenho escolha mesmo.

Lila: Ótimo, agora vamos beber, vem.

Ela me puxa pra fora do quarto e fomos pra varanda, pegamos algumas cervejas na geladeira e bebemos pelo resto da tarde, quando anoiteceu nenhuma de nós tinha condição pra cozinhar então decidimos ir a um restaurante.