Propina. Chantagem. Suborno. Podemos chamar de várias maneiras o que aqueles adultos pretendiam fazer ali. Não me surpreendeu, embora. É o velho discurso da alta sociedade, aparência e poder. Porém, nessas horas vence aquele que sabe falar. Então, saiba falar.
Era uma situação totalmente desfavorável, estávamos sozinhos em uma sala de espera que era basicamente o clássico : Sofá e cadeira ao canto, duas portas : uma de entrada e outra de saída, uma copa ao canto e uma simples janela de cubos que dava vista ao ginásio da escola. Aquela sala simples e quieta, nos isolava do mundo. No canto, sentadas, de frente ao inimigo que nos acuava e olhava de cima tentando ganhar a conversa na pressão. Sinceramente, garotas não tem vida fácil, sempre a mesma tática.
- Me diga, vá. O que você quer para a gente esquecer desse caso e deixar ele morrer aqui? - Foi a proposta deles.
- Eu, particularmente, não desejo nada. - Eu respondi a olhando convencida. Ela, claramente, não havia gostado, suas sobrancelhas tremiam em agonia para manter seu rosto simpático forçado e seu marido já se virava de costas saindo da conversa.
- Vamos, lá... Todo mundo quer algo. Eu aposto que você consegue pensar em algo caso se esforce. - Ela respondeu esforçadamente.
- Hmm... Então, vamos jogar um jogo de advinha! - Eu sugeri fingindo animo.
- Advinha?! - Ela retrucou me olhando com entojo.
- Sim. - Eu respondi sorrindo abertamente. - Bem, minha amiga esta dormindo, né. E eu não vou acordar ela, afinal de contas, depois do que seu filho fez... Ela merece um descanso. Eu dei de ombros entortando a cabeça.
- Então, eu quero sua ajuda para me fazer pensar em algo. Eu vou dizendo minha opinião sobre a situação e você tenta opinar. Que tal? - Eu sugeri levantando minha mão virada como se na intenção de pedir que me desse algo.
- Ah... tá bom. - Ela respondeu apenas, se virando de lado me olhando com o canto do olho que eu apenas respondi com um sorriso inocente.
- Veja comigo. Eu sou nova no colégio, e eu não tenho muitos amigos, logo eu fico a tarde toda sem ter o que fazer isolada. Eu gosto de música, mas ficar só parada ouvindo é chato. - Eu comecei a falar forçando uma expressão de solitária.
- Pronto. Eu te dou um instrumento para aprender a tocar! Ai você vai ter o que fazer e ainda pode tocar para essa sua amiguinha e chamar a atenção de várias outras pessoas. - Ela respondeu rapidamente ficando animada juntando as mãos junto ao peito.
- Ótimo! Eu ia adorar. - Eu respondi sorrindo tentando copiar seu animo.
- Resolvido então. Só me diga qual você prefere que eu trago amanhã mesmo! Ai você conversa com suas amigas para ela deixar tudo de lado. - Ela respondeu graciosamente e logo virou para o marido fazendo sinal para que fizesse algo ao celular. - Assim todo mundo fica feliz. - Ela completou sorrindo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Eu quero viver um romance de livro cheio de clichê.
Teen Fiction" O amor me causa medo. Desde pequena, eu consigo enxergar quem as pessoas amam com a minha íris. Podendo ver assim, suas paixões, suas ilusões e suas mentiras. Por que os sentimentos são tão voláteis? Afinal o que é amar? Eu já não consigo sentir m...