Aumentar a família

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Lua estava ansiosa para aquele final de semana. A ansiedade foi tanta, que na casa dos Kalimann Andrade, a adolescente foi a primeira a acordar, a primeira a se arrumar e a primeira a entrar no carro para seguirem viagem até a casa de campo da família da namorada.

Superar o trauma de estar em um carro foi no mínimo estressante para Rafaella. A terapia foi essencial para conseguir finalmente superar, mas ainda existia resquícios do pavor daquela noite acompanhando a mulher. Com a atenção redobrada na estrada, o SUV fez a viagem em muito mais tempo do que o necessário.

Ninguém se importou, na verdade. Mantiveram a conversa por todo o percurso até chegar à propriedade, surpreendendo Bianca com o tamanho da inteligência da nora.

Quando desceram no gramado em frente a casa, Lua abraçou a cintura da mãe com um sorriso debochado. A adolescente tinha percebido o deslumbre da mãe com a namorada.

— Ela é apaixonante, né? Daqui um pouco, doutora, você vai estar apaixonada pela sua norinha.

Bianca fechou o semblante automaticamente arrancando uma risada alta da filha. A médica jamais seria o tipo de sogra que morre de amores pela nora. Disso ela tinha certeza.

— Você tá abusada demais, Lua.

— Eu não estou nada. Só constatando os fatos.

Antes que Bianca pudesse rebater a filha, sentiu a cintura ser abraçada por braços pequenos e ao olhar para baixo viu Anthony com um sorriso de quem estava prestes a aprontar. E ele iria.

— Mamãe, a Gi falou que a gente pode ir pra piscina agora. Você vai com a gente, né?

— Piscina... Claro, meu amor.

O garoto não esperou por mais nada e saiu correndo atrás da namorada da irmã louco para contar da resposta da mãe. De toda a família Kalimann Andrade, a única que ainda não tinha se rendido aos encantos da adolescente era Bianca.

E ela não ia. Repetia isso sempre que podia.

— Vamos lá falar com seus sogros, temos que ser educados, né? Pelo menos fingir que somos uma família normal.

Junto de Rafaella, Bianca e Lua caminharam pelo gramado avistando o casal mencionado na varanda ao lado de dois golden enormes.

— Não precisa ter medo, mãe. Os cães são super dóceis. Você vai adorar eles.

Bianca novamente repetiu que não ia, mas sorriu fingindo que concordava com a filha. Ao seu lado Rafaella entrelaçou as mãos como sempre faziam. Aquele deveria ser o melhor fim de semana em meses.



No final da tarde, depois de passar horas com Anthony na piscina jogando polo aquático adaptado para a falta de altura da médica, Bianca descansava alguns minutos na varanda do quarto disponibilizado pelos pais da nora, um advogado e uma psicóloga, ao lado de Rafaella.

A mulher tinha a cabeça da esposa entre as pernas acariciando os fios negros em um cafuné delicioso. Bianca estava quase fechando os olhos e tirando um cochilo.

— Eu quero muito que esse namoro dê certo, amor. — Rafaella quebrou o silêncio, para evitar que a esposa dormisse — A Lua tá tão radiante, e o irmãozinho da Gi tem a mesma idade que o Tony. Ele quase não tem ninguém da idade pra brincar.

— A gente devia ter outro filho. Talvez mais dois. Ou mais três. Quem sabe mais...

— Ei, ei. Que vontade é essa de ter tanto filho?

A escolha de Andrade - RabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora