Capítulo 20

846 102 106
                                    

— Vai procurar a sua irmã? — A voz de Magnus soava sonolenta e cansada, após transarmos por horas como dois  animais no cio. 

—  Sim, eu vou. — Eu tinha uma mão sobre a sua cabeça e a outra acariciava os seus cabelos. Aspirei o seu cheiro. Sândalo. Eu adorava! — Ligarei para o Jace e explicarei que eu tenho que viajar. 

— Onde a sua irmã mora? 

— Em Boston. 

— Você é de lá, ou nasceu aqui em New York? 

Alec riu de forma preguiçosa, do jeito que ele me deixava arrepiado. 

— Moço, eu vim de Tucson, Arizona. 

— Moço, você está um bocado longe de casa!  —  Exclamei, surpreso.

— Se eu for te contar, por quantas mudanças passei. Acho que morei em quase todo canto desse país..

 — Por que se mudou tanto?  —  Perguntei, curioso.

— Bom.. Quando a minha mãe saiu de casa, o meu pai ficou meio perdido. E não ficávamos mais de um ano em uma mesma cidade. Depois que ele morreu, Izzy e eu nos mudamos para Boston. Ela se casou e quando eu completei dezoito anos, eu vim para New York. 

— Eu só posso dizer: ainda bem que você veio para New York! — Enrosquei-me ainda mais a ele, envolvendo o seu pescoço. — Bom, são umas boas quatro horas daqui a Boston. Vai pegar avião? 

— Não, acho que eu prefiro dirigir. Pensar um pouco..

— Eu falei sério quando eu disse que eu iria com você, se quiser. — Encarei-o apoiando a cabeça nas mãos cruzadas sobre o tórax dele. 

— Eu não quero atrapalhar o seu trabalho, meu anjo. E eu vou ficar bem, não se preocupe. 

— Ok.. Eu espero que você encontre as respostas que precisa. E quem sabe se entenda com a sua mãe? 

— Isso é.. Tão surreal! Eu sofri por anos, achando que ela poderia ter abandonado a mim e a minha irmã.. Odiando-a! O que pode mudar tudo agora? 

Fiquei pensativo.   

— Eu fico imaginando você, um garotinho, perdendo a mãe desse jeito..

Ele ficou quieto e eu senti o peito dele arfar lentamente. 

— Foi complicado! Meu pai sempre foi um homem difícil e assim eu me apeguei muito a ela. E quando isso aconteceu.. Eu me senti tão traído quanto meu pai. Para um garoto de nove anos, ouvir seu pai aos berros te dizer.. "Sua mãe não te amava! Ela fugiu com outro e te deixou aqui!" 

Ele suspirava e eu tive a impressão de que a voz dele estava embargada. 

— Foi a última vez que eu falei com ele sobre a minha mãe. Foi a última vez que eu falei sobre ela com qualquer um! 

— Talvez por isso a sua irmã não tenha lhe dito nada.. 

— Eu não sei. Isabelle sofreu tanto quanto eu, garanto isso. Já era uma mocinha e perdeu a sua referência feminina.. Nós ficamos mais próximos depois disso, mas não falávamos dela. Acho que porque era doloroso para os dois..

 — Eu nem posso imaginar isso! Você acha que ela vai querer ver a sua mãe? 

— Não sei. E eu também não sei se eu quero vê-la de novo. Dependendo do que a Izzy disser. 

— Tudo vai se resolver, vai ver.

— Espero! Mas agora, — Ele pulava da cama e segurava os meus pés, puxando-me. — Vamos tomar um banho que eu tenho que  terminar de preparar o café, ou vai chegar atrasado na sua loja! — Assim concluindo, pegou-me da cama e me jogou sobre os ombros novamente, levando-me rumo ao banheiro. 

For You (Malec)Onde histórias criam vida. Descubra agora