i remember tears

241 19 69
                                    

Pov Jack.


Agora e para todo o sempre.

Um sorriso bobo brincava em meus lábios enquanto sentia os beijos preguiçosos de Soluço sem pressa trilhando caminho por meu rosto.

Ele arrastou o nariz por minha pele até encontrar o meu, esfregando-os com a mesma lentidão dos beijos, e eu sorri ainda mais. Abri os olhos devagarinho, encontrando aquelas esmeraldas brilhantes e tão vivas, me encarando de pertinho e fazendo meu coração se acelerar. Sempre se acelerava. Soluço sempre tinha aquele efeito sobre mim.

Ergui a mão e pousei a palma em sua bochecha, acariciando a pele ainda suada pelas nossas atividades de alguns minutos atrás, sentindo a barba rala por fazer e traçando as linhas de seu sorriso. Tracei também as sardas de suas bochechas e nariz, apreciando cada detalhe daquele homem que me segurava com tanto amor.

O homem que eu amava.

E parecendo ler isso em meus olhos, ele de inclinou sobre mim mais uma vez e me beijou lentamente, daquela maneira que me mandava para uma realidade completamente nova. Uma realidade onde não havia mais nada além de nós dois, nenhuma preocupação além de ter a certeza de estar tocando e amando Soluço de todas as formas possíveis.

Sua língua quente se esfregava na minha, o beijo roubando todo o meu ar. As mãos fortes e calejadas acariciavam meu corpo nu, ainda meio trêmulo, me arrancando arrepios e suspiros. Enfiei as mãos em seus cabelos outra vez, segurando-os com força. Soluço se afastou alguns centímetros, enterrando o nariz na curva do meu pescoço e suspirando longamente.

- Eu sinceramente queria poder ficar aqui o resto do dia - ouvi sua voz rouca resmungar e soltei um risinho pelo nariz.

- Acho que Bocão não vai aprovar essa ideia. E provavelmente Banguela vai cobrar mais caro do seja-o-que-lá que você tiver prometido à ele.

Ele gemeu frustrado, se agarrando a mim ainda mais.

- Mas eu não quero ir trabalhar na Ferraria hoje...

- O que tem de tão ruim na Ferraria? - perguntei inocentemente, rindo ao ouvi-lo bufar.

- Acho que a pergunta que você deveria me fazer é o que há de bom em trabalhar lá. E eu acho que não vou saber responder.

- Ah, vai - brinquei outra vez, olhando-o nos olhos. - Você sabe que gosta de ajudar as pessoas. Facilitar a vida delas, fazê-las felizes. É meio que a sua... coisa.

- A minha "coisa"? - ele riu, se apoiando nos cotovelos para me olhar melhor. - Ok, primeiro que essa pequena parte boa não vale o preço de ter que ficar aguentando a atrocidade sonora que é Bocão cantando o dia inteiro, ou então brigando com Resmungão o tempo todo por ter deixado nossa forja apagar ou melhor ainda, contando pela Odin sabe qual vez sobre como perdeu sua mão e perna. Tudo isso enquanto eu tento fazer selas de dragões para vikings irritadiços, e ele não parece entender que a confecção de selas é uma arte que requer concentração - e para de rir de mim!

Mas era impossível, porque Bocão era exatamente daquela maneira e eu só poderia imaginar como era conviver com a figura todo santo dia e boa parte dele.

- Desculpe, desculpe - pedi, ainda rindo, e recebi outro beijo.

- E segundo, como assim essa é a minha "coisa"? O que é isso de ter uma "coisa"?

Sorri ternamente para ele, acariciando seus cabelos.

- Isso apenas significa que você é alguém de coração puro, Soluço. Você gosta do seu povo e gosta de ajudá-lo, mesmo que isso signifique ter de aturar Bocão o dia inteiro. Você apenas faria de tudo por aqueles que ama. E eu amo isso em você.

Safe and SoundWhere stories live. Discover now