Capítulo 13 - Olhos de cristal

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Confesso que revelei aos meus familiares o mínimo necessário para que entendessem os motivos para a minha saída da prisão e que, por não ser algo oficial, a minha presença deve continuar em segredo. Ambos compreenderam e não me questionaram, apesar da vontade deles não me passar despercebida.

— Eu não abandonei a escola — conta Brizo, enquanto nós estamos à mesa jantando pão com manteiga, tarde da noite, depois que a emoção do reencontro diminuiu. — Você e o professor Redmond estavam certos.

— E me desculpe, meu amor — papai fala para mim. — Eu não acreditei em você sobre a índole daquele mal caráter. Ele disse absurdos, quando veio aqui, querendo me obrigar a assinar os papéis do casamento.

— Onde foi que arranjaram a manteiga? — pergunto, enquanto tiro a meleca amarelada do canto da minha boca. Não vejo razão para se desculparem. Estou tão leve que não sinto nenhuma raiva, apesar de que eu tenho considerações. — Brizo, em palavras curtas e grosseiras: você quase nos matou e é um desmiolado. — Até penso em mencionar Feal, mas não acho que isso será saudável. — Não precisa seguir exatamente o que eu digo, só pense mais antes de agir. Use o senso comum, menos heroísmo. Peça mais conselhos para mim, ao pai, ao Redmond, até a Leanan deve saber uma coisa ou outra.

— Sabe que Leanan só vai me dar dicas de como assassinar o marido e como dar um golpe na herança... — Brizo é interrompido pelo pai com um tapa na nuca, que claramente está o fuzilando, querendo dizer "essa não foi a educação que eu te dei".

— Sobre a manteiga — inicia meu pai, após pigarrear e procurar por algo nos seus bolsos. De repente, chovem monas de prata das suas mãos, com todas caindo na área livre da mesa. — Apareceram quinhentas monas no sofá de casa e eu não fazia ideia de como foram parar ali, então fui fazer compras no mercadinho.

O quê?

— Quinhentas — saliento, deixando o pão cair da minha mão.

— Quinhentas — os dois repetem.

Uma pessoa anônima contratou os seus serviços. Te pagará bem. As únicas condições são que você venha trabalhar na residência e mantenha o bico fechado.

Quinhentas monas por um dia de trabalho.

Agora entendo porque Balor disse que minha família não pode enriquecer socialmente. Além de ser para não levantar suspeitas, trata-se de dinheiro para sustentar o resto de nossas vidas na miséria, sem que eu precise voltar a trabalhar depois que finalizar o arco e as flechas. Não haverá mais necessidade de eu forjar, e não posso dizer que estou descontente com isso. Meus braços agradecem, de tantas fibras que já rompi.

De maneira estranha, hoje é o melhor dia da minha vida.

— Eu amo vocês — a fala sai sem querer da minha boca, e não me arrependo.

Papai e Brizo sorriem para mim.

— Também te amamos, maninha — completa Brizo, levantando um copo de plástico para brindarmos.

— Também te amamos, maninha — completa Brizo, levantando um copo de plástico para brindarmos

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A Forjadora do DesastreOnde histórias criam vida. Descubra agora