"E Heyoon Jeong, eu não consigo tirar os olhos de você. Porque você é o meu céu".

Ok, eu definitivamente era do tipo que chorava em casamentos. Ou talvez fosse apenas aquele casamento, aquelas pessoas, aquele momento.

Era como se o mundo tivesse parado por um instante. E, naqueles segundos, vislumbrei uma felicidade com a qual eu tinha até medo de sonhar. Senti-me como uma alma condenada a quem permitiram ver o paraíso através de uma janela embaçada, antes de precisar voltar ao purgatório.

Ou isso ou eu realmente precisava considerar antidepressivos.

...

– Foi lindo, não foi? E tão romântico... você viu esses arranjos? Se papai não me der um casamento tão bom quanto esse, cabeças vão rolar.

Minha vontade era dizer "Hina, seu pai pagou apenas metade desse casamento, Heyoon e Josh pagaram o resto; você não tem nem um namorado, preocupe-se com suas provas de meio de semestre, por favor". Mas a culpa não era da garota se eu era uma criatura depressiva e amarga. Hina era ótima e eu gostava muito dela, só não estava no clima para bater papo e só não tinha ido embora ainda porque a noiva era minha melhor amiga.

– E você e Joel? – perguntou, arrumando o topo do seu vestido tomara-que-caia cor de rosa. – Já marcaram o casamento de vocês?

Risquei o pensamento anterior. Eu odiava aquela garota. Por que Heyoon foi me colocar na mesma mesa que ela?

– Não, não é algo certo ainda – consegui dizer com a voz quase agradável. – Nós nem estamos noivos.

Hina era realmente muito animada – lembrei do adjetivo usado por Joel para descrevê-la – e quase parecia quicar na cadeira a cada palavra minha.

– Mesmo assim, você tem a maior sorte – foi dizendo enquanto eu tomava um gole de vinho e considerava a possibilidade de me afogar nele. – Joel deve ser o cara mais gato do país! Todas as garotas da faculdade ficam babando por ele, mas ele não dá a menor atenção para elas, porque só pensa em você. E ele é tão gentil! E inteligente! Ele prometeu me ajudar com algumas matérias e tudo...

Hina não parava de falar e eu já estava começando a mudar meus planos. Em vez de me afogar em vinho, eu talvez quebrasse meu copo na cabeça dela. Só não tinha certeza se isso a faria calar a boca...

O resto do jantar foi ainda mais desagradável. O lugar do meu outro lado foi ocupado por Tara Cotton, uma antiga colega de escola. Ela era do mesmo ano que Heyoon e as duas se formaram juntas. E ela me detestava. Aparentemente, antes de Heyoon me conhecer, o posto de melhor amiga era dela.

Oh, ela era toda sorrisos para mim. Chamava-me de "querida", dizia o quanto todos na cidade sentiam minha falta e que nós deveríamos nos encontrar quando eu voltasse para casa para o dia de Ação de Graças – porque é claro que eu iria para casa para o dia de Ação de Graças, certo?

Mas quem tinha mestrado em lidar com falsidade como eu, podia sentir o desprezo em cada palavra dela. Por trás de toda aquela máscara de afabilidade, eu sabia que Tara adoraria ver o garçom derramar vinho tinto no meu vestido.

E foi presa entre a pessoa mais falsa do mundo e a garota recém saída da adolescência com uma paixonite pelo meu namorado (Joel é tão legal! Ele me emprestou seu estetoscópio porque eu esqueci o meu no primeiro dia de aula. Você é tão sortuda por namorar um cara como ele...) que eu passei as duas horas seguintes, forçando sorrisos e preenchendo silêncios com palavras educadas. Não, eu não me afoguei em vinho nem quebrei meu copo na cabeça de ninguém, mas a tentação foi grande. Foi particularmente difícil me controlar quando, logo após a sobremesa, Tara parou de falar sobre as últimas fofocas de Parsons e perguntou:

Perfectly Wrong | NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora