Capítulo 6

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Calum

A Mali estende-me a camisola que lhe peço e tento, a todo o custo, fazê-la entrar na mala que já está mais que cheia. Vejo a minha irmã erguer uma sobrancelha ceticamente, mas ignoro.

-Calum, já nem uma meia consegues fazer caber aí dentro, - ri-se ela, tirando-me a camisola da mão. - Não tens outra mala?

-O John deu-nos um limite de três malas e uma mochila por pessoa, sem contar com o estojo dos instrumentos, e estas já são as maiores malas que há cá em casa. 

Fecho a mala com um suspiro e olho para as camisolas e a moldura que queria levar comigo mas que, pelos vistos, vão ter que ficar devido à falta de espaço. A Mali dobra a camisola e poisa-a no seu colo, sorrindo para mim.

-Porque é que não pedes à namorada do Ashton ou à amiga dela para levar na mala de uma delas?

-Talvez porque elas são raparigas e devem ter as malas mais cheias do que as minhas.

-E é por isto mesmo que estás solteiro, meu caro irmão: não percebes mesmo as mulheres. Mulher que se preze deixa sempre espaço na mala quando vai viajar para poder depois pôr as roupas que comprou entretanto.

Até tem lógica. Pego imediatamente no telemóvel e mando mensagem à Emily a perguntar se ela, só por acaso, tem espaço em alguma das malas dela. Felizmente, ela manda-me mensagem rapidamente a dizer que tem e que, se eu quiser, passa rápido por minha casa para ir buscar as minhas coisas, ao qual eu respondo que a adoro mais que tudo no mundo.

-Então? Tiveste sorte? - pergunta a Mali, vendo-me pegar nas malas para as levar para o piso de baixo.

-A Emily vai passar por cá para levar as coisas que me faltam.

-Ui, ui. É tua namorada, é?

Rio-me.

-Deixa-te de disparates, Mali.

-Não, eu agora quero saber!

Embrenhamo-nos então numa discussão alegre, engraçada, em que ela me vai fazendo ameaças para eu lhe contar da tal de Emily e eu vou fazendo ameaças para ela deixar de se intrometer nos meus assuntos. Várias são as vezes que os nossos pais nos imploram para fazermos menos confusão porque eles só querem um pouco de paz e sossego naquela casa, mas eu e a Mali, quando estamos juntos, somos incapazes de fazer pouco barulho. E eu sei que os meus pais sentem a falta desta barulheira infernal quando eu estou em tour.

Quando a campainha toca, a Mali prega-me uma rasteira, fazendo-me cair de frente no chão, e vai a correr abrir a porta. Tento levantar-me para correr e abrir a porta antes dela, mas, como é óbvio, não consigo.

-Olá, deves ser a Emily! - exclama a Mali, com um sorriso amigável. - Sou a Mali-Koa!

A Emily franze o sobrolho.

-És namorada do Calum? É que se sim, então arranjavas bem melhor que ele. Para não falar de que eu acho que ele é gay.

-Não sou gay, - garanto-lhe. - E a Mali não é minha namorada, é minha irmã.

-Que raio de ex-marido que tu me saíste! Casamos e divorciamo-nos e tu nem me falas da tua irmã!? Sinceramente, Calum! Que raio de irmão e de marido que tu és.

Pelo sorriso na cara da Mali, percebo que ela já gosta da Emily, o que me faz sorrir também. O taxista traz então as malas da Emily e ela paga-lhe, antes de eu e a Mali a ajudarmos a trazer as coisas para dentro.

-Como é que tu conseguiste guardar tudo em só duas malas? - pergunto-lhe, realmente surpreendido.

-Tenho mais uma mala e uma mochila vazias aí dentro, depois posso levar a roupa que comprar, - responde ela com um encolher de ombros. - O que é que precisas que eu te leve?

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A Mali diz que vai preparar qualquer coisa para comer porque está cheia de fome e eu vou rapidamente ao meu quarto buscar as camisolas e a moldura. Quando volto para junto dela, já os meus pais começaram uma conversa animada com ela.

-Achas que cabe? - pergunto à Emily, mostrando-lhe o que trago nas mãos.

-A sério? - ri-se ela. - Tens as malas tão cheias que nem três camisolas e uma moldura consegues levar? 

Encolho os ombros enquanto ela põe o que lhe pedi numa das malas. Reparo que ela fica algum tempo a fitar a moldura com um pequeno sorriso na cara antes de a efetivamente colocar dentro da mala, o que me faz questioná-la sobre o porquê.

-Tens que perceber que eu sou filha única, a coisa mais próxima que tenho de um irmão é o Zach, e que, por isso, a ideia que eu tenho de irmãos são duas pessoas que são obrigadas a partilhar o espaço e que discutem a toda a hora. Fiquei surpreendida por ver que querias levar uma foto da tua irmã emoldurada, e achei um gesto mesmo bonito. És tão fofo, Calum!

Ela arruína o seu discurso sério com esta última exclamação e salta para me abraçar, guinchando ao meu ouvido que sou mesmo adorável.

-Não me ponhas surdo, Emily, por favor! - rio-me.

-Mas tu és tão fofo! - torna ela a guinchar.

Pelo canto do olho, vejo a Mali com um sorriso conhecedor a olhar para nós antes de entrar na sala, mas não comento essa sua ação.

Quando a Emily me solta, vejo que o John me mandou uma mensagem a dizer que já está um carro à minha porta. Abraço os meus pais em silêncio, prometendo que lhes ligo todos os dias e que lhes compro todas as lembranças que conseguir.

-Vou ter saudades tuas, - diz-me a Mali, com os olhos marejados de lágrimas. - És um chato, e és impossível de aturar, e devia estar mesmo feliz por me ver livre de ti, mas não quero que vás, Cal.

A voz falha-lhe nesta última parte e eu puxo-a imediatamente para um abraço. A Mali soluça contra o meu ombro, murmurando que me adora e que vai ter imensas saudades minhas, enquanto eu lhe acaricio o cabelo e as costas com as minhas mãos.

-Em junho já passo cá outra vez, - relembro junto ao seu ouvido.

-São quatro meses, Calum...

Abraço-a com ainda mais força, apertando-a contra o meu peito, e sussurro que a adoro. Quando nos separamos para ela dar um abraço rápido à Emily e lhe desejar boa sorte para me aturar, mantenho a minha mão na sua.

-Segue-me no Twitter que tenho uma coisa que quero que vejas, - diz a Mali à Emily.

Começo a resmungar.

-Se tu lhe mandas fotos minhas em criança, Mali-Koa...

Quem quer que esteja dentro do carro buzina, como que a avisar-nos para nos despacharmos, pelo que eu abraço a Mali com força mais uma vez e pego nas minhas malas, antes de ir lá para fora. A Emily segue-me em silêncio, colocando as suas próprias malas - que incluem o estojo do baixo que lhe ofereci - na bagageira da carrinha.

-Estás bem? - pergunta ela, vendo a minha expressão.

Desvio o olhar da janela ao meu lado e fixo-o nela.

-É sempre difícil vir embora, mas é o preço a pagar.

A Emily passa um braço à volta dos meus ombros e abraça-me com força, apesar de os cintos de segurança tornarem a posição algo desconfortável. Abraço-a de volta, puxando-a pela cintura esbelta.

-Obrigado, Emily... - sussurro.

Quando nos separamos, ela lança-me um sorriso encorajador e deita a sua cabeça no meu ombro, permitindo-me apoiar a minha cabeça na sua. Rapidamente passamos pelas casas da Charlotte, do Ashton, do Luke e do Michael para irmos para o aeroporto,  mas, ao ver as caras das famílias deles, a Emily esconde a cara no meu ombro.

Lost In My Skin • Calum HoodWhere stories live. Discover now