Meu corpo doía mas em especial meu pulso, ainda estava atordoado e podia sentir vibrações ao meu redor, por um minuto pensei que talvez fosse o ruivo me levando para o meu quarto após o meu, desmaio ? Tudo ao meu redor ainda estava desfocado conforme eu abria meus olhos, mas, o choque veio como um soco em meu rosto quando a primeira coisa que eu vi foram os mesmos cabelos verdes escuros não muito longe de mim, de costas no banco da frente. Com um pouco de dificuldade eu consegui mexer minha cabeça e olhar em volta, meus olhos se encheram de lagrimas quando me dei conta de que estava dentro do carro do homem e quando tentei mover meu corpo, a dor do meu pulso voltou, meus olhos deslizaram até o pulso que estava com o imobilizador, provavelmente na queda eu acabei abrindo meu pulso o que agora me daria algumas semanas com aquilo.
-Finalmente você acordou. -a voz rouca do homem me arrepiou.
-Aonde a gente vai ? Por que eu não estou na escola ? -respondi irritado.
-Céus. -ele respirou fundo. -Amanhã é o aniversário de morte da sua mãe.
Naquele momento pude sentir minha garganta arranhar, eu havia esquecido completamente, já havia se passado varias semanas desde que eu cheguei aquela escola mas para mim não eram mais do que alguns dias. Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa senti um arrepio passar pelo meu corpo quando minha mão esquerda tocou no bolso da minha calça, meu celular não estava lá e naquele momento eu temia que ele, em algum momento, o maldito homem olhasse as fotos e mensagens, se antes daquilo eu tivesse alguma chance de sobrevivência agora, com isso, seria minha morte na certa.
-Será que, só por esses dois dias... -minha voz estava chorosa.
-Não vou te bater, nem brigar. Vamos nos evitar durante esses dias, o que acha ? -ele forçou um sorriso.
-Por mim, tudo bem. -soltei um suspiro aliviado.
-Então esta feito, nos veremos apenas no jantar ou quando necessário.
-Obrigado. -sussurrei o mais baixo que pude.
Talvez pela viagem longa, meu corpo pediu um pouco mais de tempo para descansar e assim eu cochilava as vezes durante toda a trajetória até minha casa. O caminho não era tão longo e as vezes que eu acordava eu podia ouvir a musica que tocava no radio, vez ou outra eu pegava as mãos dele batucando sobre o volante e aquilo me fazia lembrar das vezes que saiamos pra passear, me lembrava da mamãe cantando enquanto ele batucava e eu ria da cena. Meu coração se apertou com as memorias, eu realmente desejaria saber em que momento deixamos de ser uma família, mesmo depois da morte da mamãe eu achei que estaríamos juntos mas ele foi se afastando cada vez mais de mim.
-Chegamos.
O solavanco do carro sendo parado me fez ir para frente com tudo e por instinto levei minhas mãos a frente do meu corpo para não bater o peito, um urro de dor indicava o quão mal meu pulso direito estava. Eu sai o mais rápido que pude do carro, precisava ir ao banheiro o quanto antes, eu mal havia notado o quão cheia minha bexiga estava e eu juro que pude ouvir uma risadinha vindo dele quando eu comecei a correr de forma desengonçada escada acima na direção do meu quarto já que só usava o banheiro daquele cômodo.
-Eu vou explodir ! -resmunguei enquanto lutava com o botão da calça. -ABRE CARALHO !
Quase rasgando a droga da minha calça eu havia finalmente obtivo a vitória mas assim que eu a abaixei escutei o barulho de algo batendo no chão, um suspiro aliviado ao ver que era meu celular. Enquanto estava sentado estiquei minha mão para pegar o aparelho que infelizmente estava sem bateria.
-Eu preciso avisar o Kashima, ele deve ta preocupado comigo.
Já no meu quarto e jogado sobre a cama eu esperava ansiosamente até que meu celular estivesse com 100% de bateria, andava de um lado para o outro inqueito, as vezes mechia em alguns móveis outras apenas ficava deitado olhando para o teto.
-Yoko você pode descer aqui um minuto ? -a voz do homem estava distante.
‐Ja to indo ! -gritei enquanto saia do quarto meio receoso. -O que foi ?
Ele estava sentado na mesa da cozinha, uma garrafa de saque ainda lacrada o que me espantou pois ele nunca bebia em casa, na verdade, ele bebia muito raramente.
-Toma, pega esse dinheiro e compra alguma coisa pra você almoçar. -ele jogou algumas notas sobre a mesa.
-Por que você... Quantas garrafas você ja bebeu ?
Eu me aproximei dele, mesmo com medo eu tentava entender o motivo dele estar sendo gentil comigo, claro, não era como no passado antes dele descobrir esse meu lado, antes ele apenas me dava alguns sorrisos e acenos de cabeça mas agora, mesmo depois daquilo, eu realmente não conseguia entender o que se passava na cabeça dele.
‐Desde quando se importa se eu bebo ou deixo de beber ? Só pega essa droga de dinheiro e some daqui ! -ele bufou.
Arrisquei abrir a boca para responder mas entendi que se falasse alguma coisa iriamos entrar em outra discussão e eu realmente não queria isso, queria apenas um pouco de paz então apenas suspirei pegando o dinheiro e subindo até meu quarto para pegar meu celular, não iria bobear com ele. Pouco antes de sair pela porta da frente eu pode ouvir um soluço vindo da cozinha mas apenas dei de ombros batendo a porta e começando a caminhar pelas ruas. O sol não tão quente mas ainda sim um pouco incomodo as vezes atrapalha minha visão conforme eu andava até a pequena loja de conveniência que tinha perto da minha casa, as vezes havia vantagem em morar em um bairro pequeno e calmo mas outras vezes era horrível pois enquanto eu andava o silêncio da rua me fazia ficar perdida nos meus pesamentos.
Acho que fiquei por volta de uns 20 minutos dentro da lojinha até escolher alguma coisa descente pra comer, haviam tantas opções que chegavam a embaralhar o meu cérebro. Decidi levar oque fosse fácil e rápido de fazer ja que era péssimo cozinhando e sabia que o maldito homem não iria fazer comida alguma, mas, antes que eu fosse até o caixa meus olhos pararam em uma pequena caixa de picolés de diversos sabores o que me fez sorrir e o pegar, talvez pelas memórias dos dias de verão em que passávamos brincando no quintal ou porque, de certa forma eu sentisse que aquilo seria bom para nós dois.
-Finalmente ligou.
Dei uma risada baixa voltando a guardar meu celular no bolso, mal via a hora de sentir ele vibrando com inúmeras mensagens dos meus amigos, ja podia até mesmo ver a cara de bravo do Kashima e de como o Toono teria que segurar ele quando eu contasse que meu pai me trouxe de volta pra casa mas também estava aliviado por não ter que fazer as atividades do clube por alguns dias.
-Aquela vadia azul deve ta maluca de preocupação. -dei uma risada alta. ‐É, ele deve estar preocupado...
Um sorriso bobo se formou em meus lábios mas ele logo se desfez quando mais a frente meus olhos se prenderam a figura de alguém que eu conhecia muito bem, alguém que um dia foi o motivo dos meus sonhos agora era o motivo dos meus pesadelos.
-AMAYA ! -gritei enquanto me aproximava dela com passos pesados.
Meu coração batia freneticamente em meu peito, sentia que poderia cair duro naquele mesmo instante, não sabia o que fazer quando ela se virasse, minha cabeça estava girando mas foi o estalo dos meus dedos batendo tão forte contra o rosto dela que me fez voltar a realidade. Eu fiz isso ? A ardência na minha mão confirmava que eu havia acabado de dar um belo e tão esperado tapa no rosto daquela traidora.
-Y-Yoko ? Você enlouqueceu ?! -ela esbravejava. -Eu vou contar pro meu pai que você me bateu !
‐Então vai, conta pro merda do seu paizinho mas conta depois da surra que eu vou te dar porque é isso que uma traidora duas caras merece ! -a adrenalina corria pelo meu corpo ao ponto de me fazer tremer mas antes que eu pudesse dar mais algum golpe ela sai correndo. -FOGE MESMO, É SÓ ISSO QUE VOCÊ SABE FAZER !
Mesmo com toda a minha raiva eu sorria feliz, mesmo que quisesse uma vingança mais elaborada, ter dado aquele tapa ja havia valido como uma boa vingança.
No caminho de volta eu não conseguia parar de olhar pra minha mão, ainda podia sentir aquela ardência maravilhosa, a cara de assustada de Amaya foi inegável e eu sabia que nada poderia me tirar aquela felicidade. Assim que entrei em casa notei que ele ja não estava mais na cozinha. Um sorriso aliviado enquanto eu guardava as coisas no armário, ainda não estava com fome e provavelmente iria acabar dormindo novamente durante todo o resto da tarde.
-Espero que ele tenha saido, se já e difícil com ele sóbrio bêbado então. -resmunguei sentindo meu corpo se arrepiar somente de lembrar da surra que ele me deu aquela noite.
Lentamente eu subia as escadas em direção ao segundo andar, foi passando pela porta do quarto dele que notei a mesma aberta, da última vez que olhei pela fresta a cena não foi tão agradável mas desta vez, quando tomei a coragem de abrir um pouco mais pra ter uma visão mais limpa no cômodo pude ver ele deitado sobre a cama, encolhido e pelos barulhos de ronco ele provavelmente ja estava dormindo a um bom tempo. Recuei dando alguns passos para trás mas notei que havia algo preso entre os braços dele e talvez a curiosidade tenha matado o gato mas ou era isso ou uma crise por não saber o que era.
Com cuidado dei alguns passos me aproximando do corpo dele, meus olhos se encheram de lagrimas me fazendo levar a mão até a boca tentando controlar o choro, entre os braços dele havia uma foto nossa no meu último aniversário que passamos com a mamãe, ele me segurava no colo beijando minha bochecha enquanto minha mãe passava o chantilly do bolo no rosto dele. Eu podia ouvir as risadas daquela foto, podia sentir o quente dos braços dele no meu corpo. Por um minuto arrisquei aproximar minha mão da foto pra guardá-la e foi ai que notei o rosto molhado do homem, talvez todo o meu rancor por ele tivesse apagado da minha cabeça que tanto eu como ele sentíamos muita falta dela, talvez ele muito mais do que eu.
‐Sei que no fundo você queria que tivesse sido eu. -sussurei enquanto puxava a coberta jogando sobre o corpo dele. -Eu também queria.
Voltei para o meu quarto me jogando contra a cama abraçando o travesseiro com força, mesmo que quisesse abrir meu celular pra responder as mensagens de Kashima que ja havia lotado até mesmo meu correio de voz, meu corpo pedia muito por um pouco mais tempo, a viagem realmente havia me cansado e em poucos minutos acabei caindo no sono.
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Depois eu reclamo que a fic ta caindo nos ranking, mas eu posto? Claro que não kkkkkkkkk
Bem espero que gostem, desculpa ter sumido eu realmente ando fodida pra cacete psicologicamente e acreditem eu fiz e refiz esse cap inúmeras vezes.
Feliz dia dos pais pra vocês tanto pros que o pai foi comprar cigarro como o meu quanto pros que ainda tem pai em casa, e claro, pra vcs que tem mãe que tbm é pai. Amo vocês ❤