Capítulo 7

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- Alice Narrando -

Quando acabamos de comer ele lavou a louça e para não bancar a abusada acabei secando tudo, assim que ele guardou ele foi para a sala e eu fui atrás, ele ficou assistindo um jogo e eu prestei atenção já que assistia com o meu pai as vezes, quando finalmente acabou o jogo eu faltei dar pular de felicidade, estava cheia de sono, ele desligou tudo e subimos.

- Eu vou forrar aqui no meu quarto pra você dormir, tá? - falou assim que entramos no cômodo - Gabriel dorme com a minha mãe e eu nem me liguei de falar pra trocar

- Sem problemas - falei olhando pra ele - Na verdade acho que é melhor assim, não temos muito assunto mas é você que eu conheço

- Não sou ruim, Alice - falou e eu olhei confusa para ele que logo voltou a falar quando viu a cara que eu fiz - Amanhã eu entro em um plantão de 48 horas e se eu dormir no chão vou fuder com a minha coluna

- Não tem problema - falei sincera e ele começou a forrar

- Tem um banheiro ali no corredor, pode ir se quiser - falou me olhando

- Vou lá então - falei saindo

- Renan Narrando -

Quando ela voltou do banheiro eu já tinha forrado tudo, consegui deixar bem fofinho com as cobertas, separei um moletom e uma bermuda de pano mole daqueles de futebol e deixei na cama.

- Se quiser vestir - mostrei pra ela

- Obrigada - agradeceu e eu saí do quarto, escovei os dentes e antes de entrar no quarto bati na porta

- Alice? - chamei

- Pode entrar - falou e eu entrei, ela já estava deitada e coberta, apaguei a luz do quarto e quando ia fechar a porta escutei a voz dela - Tem como deixar a porta aberta? - perguntou me olhando

- O ar tá ligado - falei e ela ficou me olhando

- Só encostada pra luz entrar - falou e eu bufei mas acabei encostando a porta - Obrigada

- Ligou pra sua casa? - perguntei me deitando

- Sim, expliquei direitinho - falou me olhando

- A Júlia chegou quase agora em casa - falei esticando a mão pra apagar a luz

- Nossa - falou baixinho

Coloquei meu celular para despertar e não demorei para apagar, de madrugada a chuva voltou com tudo e eu nem liguei, gostava do barulho de chuva para dormir, começou a trovejar para caralho e a luz foi para o espaço, quando estava conseguindo pegar no sono novamente senti um cutucão.

- Renan - me chamou baixinho

- Deita aqui, Alice - resmunguei de olhos fechados já imaginando o que era, me ajeitei na cama e senti a movimentação na cama

- Tá trovejando muito - falou se enfiando embaixo da coberta

- Tem medo de trovão também? - perguntei baixo

- Tenho - falou bem baixinho

- Ei, eu tô aqui - falei colocando a mão no rosto dela - Fecha os olhos e esquece o barulho

- É impossível - falou baixinho

- Não é não - falei fazendo carinho no cabelo dela

- Ta bom - falou ficando em silêncio

- Você tem namorado, Alice? - perguntei de repente

- Não - falou se ajeitando pra tentar me olhar - Por que?

          

- Seria estranho você ter namorado e tá na minha cama - falei  óbvio

- Não estamos fazendo nada - falou simples

- Mesmo assim, eu não iria gostar - falei pegando meu celular e vi que eram 03:30 da manhã

- Mas eu não tenho namorado - falou dando de ombros

- Ok - falou e eu sorri de lado

- Você tem? - perguntou colocando a cabeça no vão do meu pescoço e eu estranhei essa aproximação dela

- Não - falei baixo

- Vou comprar um perfume desse seu - falou e eu ri baixo - Deveria rir mais, sua risada é linda

Quando ela falou isso tirou o rosto do meu pescoço e meio que senti ela me olhando, não sei porque mas me deu uma vontade de beijar ela e foi isso que eu fiz. Coloquei minha mão por dentro do cabelo dela, puxei a cabeça dela em minha direção e iniciei um beijo lento, sem pressa, explorava toda boca dela e percebi a mesma sorri. Fui parando o beijo aos poucos e finalizei com alguns selinhos.

Eu até pensei que fosse ficar um clima estranho mas ficamos trocando uns beijos e conversando, quando olhei no celular era 04:30 da manhã.

- É filha única? - perguntei mexendo no cabelo dela

- Sim, meus pais não podem ter mais filhos, minha mãe na verdade - falou explicando - E a mãe do Gabriel?

- Você sabe que ela morreu, né? - perguntei e ela assentiu - Eu tinha um rolo com ela mas não era nada sério, cada um ficava com quem bem entendesse, um dia ela chegou em mim e falou que estava grávida

- Você acreditou? - perguntou se sentando na cama

- Não briguei nem nada mas eu disse que só iria assumir depois do exame de DNA - falei olhando pra ela

- Mas? - perguntou e eu ri baixo

- Não precisou, assim que nasceu me mandaram a foto e ele era minha cara. Minha mãe foi na hora comprar um monte de coisa e eu fui pro hospital - falei explicando e a luz voltou

- Ele é sua cara mesmo - concordou - Como ela morreu?

- Quando eu cheguei lá o Gabriel já tinha umas horas de nascido,ela começou a passar mal e quando viram ela estava com uma hemorragia - falei e ela assentiu- Coisa de Deus mesmo, assim que eu cheguei lá ela pediu pra se acontecesse alguma coisa eu cuidasse do menino

- Não acredito em Deus - falou de repente

- Não? - perguntei assustado

- Não - falou simples

- Estranho - falei pensativo

- E o corpo de bombeiros? - perguntou interessada

- Ele nasceu eu tinha 21 anos - contei - Na época eu curava Ed. Física mas tive que parar para trabalhar, fiz o concurso e acabei passando

- Você gosta? - perguntou curiosa

- Gosto sim - confirmei

- Deve ser difícil ter que mudar os planos assim - falou e eu concordei

- Mas não me vejo sem meu filho - falei sorrindo

- Tô com sono - falou bocejando

- Vai dar 05:00 horas - falei olhando pra ela - Tá mais calma?

- A luz voltou e parou de trovejar - falou sorrindo

- Nunca imaginei que você tivesse medo disso - falei e ela riu

- Acha frescura? - perguntou me olhando

- Como eu disse meu filho morre de medo também - falei dando de ombros

- Mas ele é criança - falou me olhando

- Medo não tem nada a ver com idade, tem pessoas que o medo é tão grande que vira fobia - falei e ela balançou a cabeça

- Vou dormir - falou se levantando

- Vai pra onde? - perguntei estranhando

- Para o chão - falou óbvia

- Para de graça, cara, sentido nenhum isso agora - falei puxando a mesma pelo braço

- Tem certeza? - perguntou meio incerta

- Cala a boca vai - falei fechando os olhos

- Idiota - falou rindo e se deitou novamente, só que dessa vez por cima do meu braço

- Alice - reclamei tirando o braço

- O que? - perguntou me olhando

- Isso machuca - falei como se fosse óbvio

- Dormir assim é bom - falou me olhando

- Bom pra você - falei revirando os olhos e ela se ajeitou na cama

- Chato - resmungou e eu nem respondi

Foi como se eu não tivesse falado nada, quando eu estava quase pegando no sono senti ela deitando a cabeça no meu braço e cabelo na minha cara.

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