Os preparativos para a festa de Soluço estão quase prontos. Mesmo contragosto, Apple ajudou na maior parte de tudo com a ajuda de Astrid. Soluço está voando com Stoico, conversando sobre coisas da vida.
— Eu já entendi que sou seu filho, o chefe.
— Exato — afirma Stoico — E isso torna você o sucessor.
— Esse papo de novo não.
Soluço se joga, ficando deitado nas costas de Banguela. A tradição é bem clara, filho do chefe é o próximo chefe. Mas não é o que o jovem Soluço quer. Isso implica também no seu relacionamento com Astrid. Teriam que se casar algum dia.
— Tudo bem se tornar chefe primeiro e depois se casar com a Astrid e um dia vocês terem filhos e assim em diante.
— E Apple? Ela também é sua sucessora.
— E mais nova. Vai continuar cuidando dela.
— Ela já sabe fazer isso. Mas me diga, porque está pensando assim?
A postura de Stoico muda, suas costas se esticam. Soluço se ajeita na cela e encara o pai com preocupação.
— Um dia, sabe que não estarei aqui.
— Mas isso vai demorar, pai. O senhor vai governar Berk por muitos anos ainda. Quem sabe até Apple se casar.
— E isso é uma coisa quase impossível — eles riem juntos — Você acha que Apple algum dia vai namorar?
— Olha, eu sinceramente duvido. Ela só se interessa por dragões.
— Como você. Vocês são os meus tesouros, Soluço. Minha vida.
A conversa de pai e filho, chefe e próximo chefe continua rolando. Apple está na enseada. Avaliando a Fúria da luz. O espinho na perna da dragão não é apenas um espinho. Está bem enterrado na pele. E a garota ainda não conseguiu tirar sem que o animal se agitasse ou urrasse.
— Ok, não sei o que fazer.
A dragão olha para ela de lado, tentando entender o porquê de andar de um lado para o outro.
— Vou voltar para vila. Trazer alguma coisa que eu achar útil e peixes.
Durante esses dias, Apple construiu uma espécie de cabana, para esconder a dragão. E funcionou perfeitamente.
Andando em direção à Berk, Apple ouviu a risada do pai. Pelo visto, já voltaram do bate papo. E isso vai dificultar sua volta para a floresta.— Apple — Perna de Peixe a chama — Te encontrei e precisamos conversar.
— Sobre o quê?
— Sobre os venenos que você sabe. Você tem fugido de mim sempre que toco nesse assunto.
— Olha — Apple balanças as mãos enquanto procura uma resposta — Isso é um assunto... difícil, sabe?!
— É tão difícil que você não pode contar para o seu melhor amigo?
A expressão de tristeza no rosto do amigo a entristece. Mas realmente é um assunto delicado demais. Conhecendo seu melhor amigo, Apple tem a certeza de que Perna de Peixe surtaria.
— Caçadores em Berk.
O grito de um viking alerta todos. Os guerreiros se aprontam para a defesa. Por causa da multidão, Apple não consegue sair de perto da tenda de armas do Bocão. O que a faz ficar ali.
Soluço e Stoico pousam assim que avistam a multidão de cima. Soluço toma frente de todos esperando o responsável dar as caras. E ele sai de trás dos soldados.
— Soluço.
Dagur. Apple de imediato percebe o que está acontecendo. Dagur não sabe que ela é de Berk. Seria melhor se continuasse assim, mas se ela continuar escondida, pode acontecer uma enorme briga.
— O que veio fazer aqui, Dagur?
— Não é óbvio, Soluço? Vim acabar com você. E hoje, tenho homens melhores.
Apple se levanta indo na direção do amigo e irmão. Perna de Peixe a chamou, mas ela não escutou. Com a tentativa de chamar atenção, subiu em uma casa e foi de telhado em telhado escutando a guerra fria entre Dagur e Soluço. De cima, Apple vê um arqueiro mirando em seu irmão. Uma emboscada. Banguela abre a boca se preparando para atirar, mas Apple grita de cima da casa, chamando a atenção de Soluço e Dagur.
— Não comecem uma briga.
Apple gritou escorregando pelo telhado até o chão.
— Irmãzinha? O que faz aqui?
Dagur a abraça forte.
— Tire as mãos da minha filha, seu imundo.
Stoico grita aprontando uma espada para Dagur.
— Sua filha? Você é de Berk? E filha do Stoico, o imenso? O que mais eu não sei, Apple?
Dagur se espanta. Apple troca olhares com o pai e irmão. Está mordendo o lábio de nervosa.
— Como você sabe o nome dela?
Soluço desce de Banguela se aproximando devagar.
— Não ouse se aproximar dela — Dagur aponta sua espada.
— Parem! — Apple fica entre eles — Sim, Dagur, sou de Berk e não disse pelo motivo de ser irmã do Soluço e vocês serem dois idiotas.
— Ei! — Dagur e Soluço dizem em uníssono.
— E desde quando você está do lado do Dagur, Apple?
Soluço pergunta. Apple olha para os lados. Isso não seria fácil de ser explicado na frente de todos.
Agora, no grande salão, está Apple, Soluço e sua equipe, Stoico, Dagur e seu soldado.
Apple está entre as mesas, que mantem distância entre eles.— Adorei a decoração. De quem é a festa? — Dagur diz se sentando.
— Do Soluço — Cabeçaquente diz.
— Isso não é da conta dele, gente.
— Não é mesmo. Prefiro o aniversário da Apple. Já tenho um presente para ela.
Apple melhora a postura enquanto ouve a discussão.
— Pode começar, Apple, sou todo ouvidos — Stoico diz com raiva em sua expressão.
— Sim, comece irmãzinha.
— Não chame minha irmã de irmã. Ela não é sua irmã — Soluço bate as mãos na mesa.
— Para, Soluço. Deixa a Apple explicar — Astrid coloca a mão no ombro do namorado.
— Obrigada, Astrid. Primeiro: tudo bem o Dagur me chamar de irmã. Ele é um irmão para mim também.
— Olha que maravilha. Por que não vai morar com seu amado irmão, então? Que por acaso é nosso inimigo e sempre tenta me matar — Soluço faz aspas no final da frase.
— E você acha que eu estava aonde quando sumia?
— Espera aí, você fugia para lá? — Melequento se intromete — Você fez amizade com um inimigo.
— Dagur não é bem meu inimigo.
— O Soluço é — Dagur afirma.
— Não mais. Você disse que faria qualquer coisa por mim. Você é aliado de Berk agora.
— O quê?!
Todos no salão falam ao mesmo tempo, reclamam do dito por Apple.
— E ponto final. Muita coisa que sei veio de Dagur, estou viva por ele ter me salvado e vice versa. Vocês perguntaram tanto de como eu saber do veneno e antidoto, está aí a resposta. Eu e Dagur que descobrimos.
— Foi mais a Apple, eu ajudei um pouco.
Dagur diz colocando os braços atrás da cabeça e as pernas na mesa.
— E ainda por cima — Apple continua — Temos um inimigo em comum, o Ryker.
— Quem é Ryker? — Astrid pergunta.
— Se você acha eu um caçador malvado, vai gostar do Ryker. Ele é pior que eu — Dagur diz.
— E olha que Dagur não mata os dragões, apenas os captura para coleção.
— Então esse Ryker é alguém que precisa ser detido — Soluço diz — Eu aceito me aliar a você, Dagur, mas somente para ir contra esse Ryker.
— Eu vou me aliar pela Apple — Dagur diz se levantando — Se não fosse ela, eu te trairia agora e pegaria o Fúria da noite. Mas seria traição demais já que o Fúria aí já me ajudou.
— Ajudou? Como assim meu dragão te ajudou? — Soluço olha descrente para Banguela — Banguela, que história é essa?
— Isso é outra história, Soluço.
Apple diz, o que deixa Soluço curioso. Banguela vai até a garota, que o acaricia. Dagur e Apple trocam olhares e sorriem. Uma aliança entre caçador e treinador.
Dagur já foi embora com sua frota e, Apple está indo para enseada. Está quase anoitecendo e reza para Thor que a dragão não tenha ficado irritada com sua demora.
A dragão está deitada fora da cabana improvisada. Está de cabeça baixa.— Oi — Apple diz entrando na enseada — Desculpa a demora, tive um contratempo.
A dragão esquece a explicação assim que vê a cesta com peixes. Enquanto come, Apple observa sua perna com o espinho. E sem delongas, a dragão grita. A viking puxou de uma vez. Ela sorri para a dragão mostrando o graveto na mão. Trouxe consigo ervas medicinais para fazer um curativo.
— Fiz meu irmão fazer uma aliança com o inimigo dele — a dragão olha para Apple, ainda mastigando um peixe — Eles têm um inimigo em comum, um tal de Ryker.
Apple se assusta com o rosnado. A dragão parece conhecer esse nome. Ou mais do que o nome.
— Não admitindo, mas Soluço é um ótimo guerreiro. Se você já viu esse Ryker, não se preocupe, eu vou cuidar de você...
Apple olha para a Fúria da luz. Ela precisa de um nome. E Apple começa a pensar. A dragão não entende o porquê da garota encará-la olhando e tombando a cabeça.
— White. Seu nome, gostou? — a dragão reprova — Qual é? É bonito. Que tal então, Lousie?
A agora chamada Lousie, olha com carinho para Apple. Apple sorri. Quando ia acariciá-la, é surpreendida pelo pedaço de peixe que Lousie cospe a sua frente.
— Você quer que eu coma?
Lousie olha para o peixe e depois para Apple. Sem demora, Apple pega e morde o peixe. Mesmo subindo um enjoo, ela segura para não jogar fora, não quer ofender a nova amiga. Lousie se esfrega em Apple. Uma amizade fiel começa.
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@LayHyungMin