Capítulo XVIII

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P.O.V. Andrew Lynch

Sempre me senti forte e abençoado por ter o apoio da minha esposa e o amor incondicional da minha filha. Nada jamais poderia me parar ou me impedir de mantê-las a salvo. Mas recentemente, essa fortaleza tem sido colocada à prova. Helena não concordou quando interferi nos acontecimentos que ocorreram com nossa filha nos últimos anos. Nunca a vi tão magoada e preocupada. Ela estava magoada porque, quando saímos de Nova York, prometemos um ao outro que não tomaríamos nenhuma decisão sozinhos a partir daquele momento, principalmente quando se tratasse da nossa menina. E ela estava preocupada porque me viu ultrapassar um limite moral atrás do outro, sempre se perguntando se aquilo tudo valia a pena. Valia, sempre valeu. Mas não pude manter minha palavra quando descobri que ela foi levada e torturada. Precisei pedir forças aos céus para não pausar meus planos e ir atrás de quem ousou tocar nela, fazê-los implorar pela própria vida. Helena não foi mais a mesma depois que introduzi Dan à equação.

Quarenta minutos de voo e estávamos prestes a chegar quando sentimos as ondas da explosão. Eu sabia que algo deu errado.

"Entrem na água, agora!" Gritei, assustando a todos.

"Senhor", eles responderam prontamente.

Nunca senti tanto medo. Havia muitos escombros, então demoramos tempo demais para encontrá-los. Quando chegamos, Helena já estava desacordada, pálida devido à água fria. Dan estava acordado e ainda abraçando minha filha, provavelmente foi o que a manteve viva. Cuidadosamente, os tiramos dos escombros e os colocamos na lancha para levá-los até o helicóptero. Carregar nos braços minha filha, que parecia estar quase sem vida, me fez lembrar quando contei a Helena o que eu tinha feito.

"Se algo acontecer com ela, a culpa será sua, e eu não vou perdoar você." Foram as piores palavras que eu poderia ouvir dela.

Levamos cerca de trinta minutos para chegar ao hospital mais próximo. Quando chegamos, eu não soube responder a nenhuma pergunta sobre o histórico médico de nenhum deles. Me senti o pior pai e esposo do mundo. A espera foi agoniante. Os médicos explicaram que Dan e Helena estavam apresentando hipotermia, mas ficariam bem. Já minha filha estava em estado crítico, não só por causa das contusões e ferimentos, mas também por ter ficado tempo demais embaixo da água. Como eu não estava lá, não pude dizer quanto tempo demoraram para tirá-la de debaixo dos escombros.

Helena foi a primeira a acordar. Fiquei ao seu lado o tempo todo, segurando sua mão e rezando para que ficasse bem. Assim que seus olhos se moveram, me inclinei para que ela visse que não estava sozinha.

"Oi, meu amor, eu estou aqui. Como se sente?" Ela sorriu por uma fração de segundos.

"Onde ela está? Ela está bem? O que aconteceu?"

"Nossa filha está sendo cuidada pelos médicos. Ainda não sabemos o estado dela", eu disse sem olhá-la nos olhos porque já atribuía a culpa a mim mesmo.

"Eu disse que não te perdoaria se algo acontecesse com ela, Andrew. Não deveríamos ter nos envolvido. Mesmo com o sequestro, eles saberiam que ela não tinha contato conosco. Mas seu ego sempre fala mais alto."

"Não me arrependo de tê-la salvado. Não me arrependo de ter tentado. Diferente de você, que queria manter o status de boa samaritana e deixar sua única filha à mercê de assassinos. Estou farto de ouvir você me condenar por fazer o possível e o impossível para manter os dois lados correndo na mesma direção." Não alterei meu tom de voz, mas deixei minha dor transparecer em vez da raiva.

Saí do quarto em seguida. Assim que fechei a porta, o médico chamou minha atenção no corredor.

"Sua filha vai ficar bem. Já a estabilizamos. Pode haver algumas sequelas devido ao tempo que o cérebro ficou sem oxigênio, mas acreditamos que sejam mínimas, como dificuldade de fazer certos movimentos e na fala durante conversas contínuas. O que mais nos preocupa é a concussão. Ela foi atingida no lado esquerdo da cabeça com muita força. Recomendamos que ela fique em observação por pelo menos uma semana para descartarmos qualquer inchaço do cérebro ou acúmulo de sangue dentro do crânio."

Quem É Ella Lynch?Onde histórias criam vida. Descubra agora