O Levantador Estrela me tira do sério

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Há duas coisas pelo qual eu dediquei minha vida toda.

Vôlei e estudos. 

Das duas coisas, a que mais havia me dado oportunidades era o esporte que eu treinava desde os meus oito anos de idade. 

Escolinha, time, competições, pressão psicológica, técnicos legais, técnicos bravos, físicos que me deixavam morto antes mesmo dos treinos — que duravam a tarde inteira e às vezes até o início da noite.

Comecei como ponteiro. Acho que todo mundo que não sabe nada quando se começa em algum time passa por essa posição. Minhas funções principais eram passar e atacar. Quando se é ponteiro, você precisa fazer bem. No entanto, se você erra um passe — bola que vem do saque adversário —, você pode descontar esse erro no ataque, ou fazendo um bom saque no próximo rodizio. 

Porém, não é muito legal quando você começa a ficar baixinho perto dos outros colegas de time. De repente, você não consegue mais bloquear porque simplesmente passam por cima de suas mãos e cravam uma bola logo atrás de você. É nessa hora que alguns desistem do sonho de ser profissional algum dia. Outros começam a treinar feito loucos para saltar mais, para ganharem mais impulsão. E tem outros que fazem o que eu fiz: pedem para se tornar líbero.

E então, você aprende um rodizio novo, novas funções, reprime a vontade de atacar e se empenha em tentar ser o melhor que puder no seu novo trabalho: não deixar a bola cair perto de você. Quando se torna líbero, você automaticamente ganha uma responsabilidade enorme. Todos sabem quem você é no time, a começar pelo fato do uniforme ser chamativamente diferente do resto da equipe. Todos colocam expectativa em cima de você, porque assemelham a sua imagem alguém que saiba defender e passar todo tipo de bola e esperam que acerte tudo. 

Quando se é libero, se você erra uma defesa ou um passe, não tem como descontar isso em um ataque ou em saque bem executado. E isso é frustante. Mas é pior ainda quando se está na frente de toda escola em uma competição estadual. De repente, todos estão com bandeiras com o nome da escola estampados nelas e gritando feito loucos. 

É irritante quando você dá duro para fazer uma boa defesa, mas todos apenas enxergam o ataque certeiro do ponteiro que só teve um bom levantamento porque o idiota aqui não deixou o ponteiro cravar uma bola na diagonal menor da quadra. Não me entenda mal, eu fico super feliz quando nosso time faz ponto, mas eu queria ouvir pelo menos uma vez: PARK JIMIN, BOA DEFESA!!! e então pessoas levantando a bandeira e festejando da mesma forma como se eu tivesse feito um ace (um ponto de saque).

Nós estávamos empatados. Dois a dois para ambos os times. E o quinto set estava me deixando nervoso, porque o outro time não tinha uma defesa exatamente boa, mas de alguma forma muito esquisita, o levantador conseguia fazer milagres e distribuir bolas para o fundo e para as pontas. O central do nosso time ficava perdido, porque ninguém sabia para onde o desgraçado iria levantar. Ele era o número sete da equipe, capitão e com razão. Estava carregando o time nas costas, mas ninguém parecia ver o esforço que ele fazia. Acho que eu o entendia. 

Junto com os líberos, os levantadores são os que mais treinam e os que menos recebem reconhecimento em um bom ponto, mas que todos apontam quando erram, porque é mais nítido de quem foi a culpa.

Mas eu parei de sentir compaixão por ele quando estávamos a um ponto de fechar o set e ele joga uma bola de segunda na nossa quadra. A bola caiu bem na minha frente, cerca de uns três passos de distância. O técnico culpou o ponteiro da rede por não ter feito a marcação. Porém, para quem estava assistindo de fora e não entendia muito da parte tática de um jogo, claramente me julgaram pelas costas e então, mais uma vez, todos iriam me resumir pela única bola que eu não peguei no jogo.

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⏰ Last updated: Sep 07, 2021 ⏰

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RIVALS [JIKOOK]Where stories live. Discover now