Somente outra.

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Primeiro, ela fechou seus olhos, respirou fundo e deu dois passos em falso.
Se recompôs de forma rápida, fazendo com que ninguém notasse seu descuido e enquanto apertava o guarda-chuva contra seu peito, seguiu em frente, movida por um único impulso.

Tudo ao seu redor tornara-se escuro e nebuloso, acompanhado de sons ofuscados, apenas meros murmúrios contínuos, incluindo a voz do homem que uma vez disse ser o grande amor da sua vida.

Addison respondia as perguntas do seu marido automaticamente, sem sequer desviar seu olhar da loira a sua frente, que também a olhava fixamente.

Estavam vidradas uma na outra, presas no momento que viveram juntas.

Cores instantâneas, num mundo cinza.

Literalmente.

- Oi, eu sou Addison Sheperd. -Estendeu sua mão a mulher, que em seguida ergueu a sua, apertando-a com firmeza.


Ao mesmo tempo que era espalhafatosamente ignorado pelas duas, Derek tentava controlar a raiva irracional por sua mulher, que apareceu num momento importante que estava tendo com sua Meredith. Claro que, nem em seus sonhos mais loucos, surgiria em sua mente o pensamento de que elas estavam por viver aquilo que ele tentou com as duas e não conseguiu; enxergar as cores. Encontrar o amor da vida.

- Sheperd? –Grey tentou perguntar, porém sua voz, já afinada por consequência das pequenas lágrimas que eram produzidas pelas suas glândulas lacrimais, sairá tremula, soando como um sussurro breve.

Montgomery, quando ouviu a voz de Meredith, assim como sentiu ao vê-la pela primeira vez, seu coração acelerado deu espaço ao pensamento vago de um possível ataque cardíaco, ideia essa que logo foi amassada pelas tentativas falhas de nomear as emoções novas que sentia a cada segundo.

Angústia fugaz, borboletas tamborilando suas asas por todo seu sistema digestório.

E em seguida, seu coração, apoderado por uma felicidade diferente e repentina, quebrou-se como vidro no chão.

Tudo acontecendo em segundos, talvez, em milésimos.

Despedaçou-se ao voltar ao mundo real: a mulher a sua frente seria machucada, mesmo que isso não estivesse na sua lista de desejos no momento.

Convenhamos, se fosse qualquer outra, o custo do comentário não importaria a Addison, já que ser sarcástica e maldosa não era só uma característica da sua personalidade, era como uma espécie dom.

Dizer a moça que o seu ''namorado'', ''o amor da sua vida'', na verdade tem uma esposa e estava a usando, acabar, brevemente, com sua realidade, não teria grande custo, tampouco sentimentos.

Porém se fosse, somente, outra.

Não era outra.

Era...

Ela.

Pensou, ao respirar fundo, em não dizer nada, apenas tentar, com todas as suas forças, manter aquelas sensações formidáveis, fruto de um momento consideravelmente mágico, digno de uma história de conto de fadas.

Ou uma comédia romântica.

Queria convida-la para sair, dar as mãos, jantar à luz de velas.

Mas não podia.

Precisava manter o personagem.

Precisava mostrar a Derek o que ele mesmo havia feito.

Maldito Derek Sheperd, pondo-a naquela situação.

Por que sua amante deveria ser logo ela, o amor da sua vida?

- E você deve ser a mulher que está transando com o meu marido. – Detalhe, tudo isso, acontecendo num curto espaço de tempo, sem que elas soltassem as mãos uma da outra.

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