É tarde para nos amarmos? - NaruSaku

Capítulo 1

- O que você mais gosta em mim?

- O que?

Estava prestando atenção no que ela dizia, óbvio. Ele sempre estava disposto a escutar os seus desabafos. Trabalho, dia-a-dia, problemas e fofocas com Ino, ideias malucas, paranoias, ele sempre a escutava como se fosse a primeira vez que estavam conversando.

Escuta-la era ótimo, nem mesmo sentia vontade de falar sobre si. Perdeu o foco com as mechas de seus cabelos cor-de-rosa que deslizaram sobre sua bochecha, sendo presa novamente atrás da orelha.

Existe algo em Sakura que ele não é capaz de compreender, mesmo que fosse próximo a Sasuke e o tivesse no coração como um quase irmão, ainda se frustrava com a falta de carinho que ele tinha para com a rosada.

E tudo que tange sobre ela, é mais do que bem-vindo...

- Te fiz uma pergunta, o que você mais gosta em mim? - Intensificou o olhar.

- Que pergunta boba, dattebayo! - Colocou a xícara de chá novamente sobre a mesa. - Acho que você se tornou uma mulher muito bonita e corajosa, mas não é isso que importa. Eu realmente acho que sua aparência não chega aos pés do quanto você é legal.

Viu o mesmo rosto calmo ganhar uma feição confusa.

- Você quis dizer que sou mais legal do que bonita?

- Naahh, Sakura-chan, não sei falar com você. - Coçou a nuca constrangido.

- Como você vai elogiar Hinata se não sabe elogiar nem a mim?

Tocar no nome de sua quase namorada foi como um balde de água cair sobre sua cabeça. Junto a presença de Sakura, ele não se lembrava de outras pessoas.

- Ah, ok, deixe-me pensar um pouco. - Ele alisou o queixo com alguns fios dourados. - Você é minha quase irmã, muito bonita e legal. - Sorriu como se aquilo fosse o suficiente para satisfazer a rosada.

- Só isso, Naruto? Eu te trago para minha casa, faço chá com biscoitos e você só me responde isso? Coitada da Hinata.. - Seu rosto se transformou em uma careta.

Soltou ar pelo nariz em uma risada descrente e encarou os olhos esverdeados.

- Me diz você, o que mais gosta em si. - Cruzou os braços esperando pela resposta.

Ela permaneceu em silêncio, olhou para o espelho no canto da sala e viu o próprio reflexo, mas ainda não era capaz de dizer.

- Não sabe me dizer o que mais gosta em si? - Se esforçou para que ela não notasse a aproximação de suas mãos. Enquanto ela ainda olhava para seu reflexo no espelho, entrelaçou suas mãos sobre a pequena mesa enfrente a eles. - Eu gosto de tudo em você, tudo mesmo! Dos seus cabelos cor de cerejeira, dos seus olhos da mesma cor da grama molhada, da sua testa, do seu sorriso tão bonito quanto o da minha mãe. Tudo, tudo mesmo! Mas o físico não é tão importante quando o assunto é você, dattebayo.

- O que? Por que? - Sua aparência sempre foi algo que lhe causava inseguranças, ele sabia disso.

- Você é a única pessoa que sempre esteve ao meu lado, até na hora de abrir os meus olhos sobre Hinata. Você não liga se eu sou um herói de guerra e um portador de chakra assustador ou se o Sasuke é um ex-renegado que fez coisas ruins para várias nações. Você nos vê com amor e carinho. Você é uma pessoa de alma pura, uma raridade no nosso mundo, não existe ninguém semelhante a você. Você é uma pessoa incrível, Sakura-chan.

- E o que você menos gosta em mim? - As púpilas balançavam descompensadas nas orbes esmeraldinas.

- O que eu menos gosto em você...bom, você não acredita em absolutamente nada em que eu acabei de falar.

A olhou mais uma vez nos olhos, ela estava chocada com suas palavras. A sentiu surpresa por ter dito aquilo tudo sem nem ao menos gaguejar.

Levantou-se do chão com as mãos esticadas para ela, oferecendo ajuda para se levantar. Encarou as mãos do louro por alguns segundos antes de toca-las, claramente envergonhada.

Naruto viu o rosto da rosada ganhar um sorriso tímido e um raro rubor da ponta do nariz até abaixo dos olhos, onde ressaltaram as sardas.

- Eu já vou indo, dattebayo. - Olhou para o relógio logo atrás dele. - Tenho um encontro com Hinata, espero que ela desculpe meu atraso.

- Ah, poise, agora você é capaz de elogia-la como merece.

- Com ela vai ser mais fácil, imagino. - Coçou a nuca caminhando até a porta. - Te vejo amanhã?

- Claro, com agendamento você pode me ver no hospital. - Piscou para ele.

- Não existe exceção para o melhor amigo? - Ela negou. - Então dou um jeito de ver você mesmo em casa.

Ele desapareceu no movimentar das ruas de Konoha, e ela, ainda presa nas palavras que havia escutado.

[...]

Pensara que iria aproveitar seu feriado ao lado de Ino, virando alguns copos e assistindo filmes de comédia e romance, mas acabou sendo completamente diferente.

Lá estava Sakura sentada ao lado da janela com um copo de cerveja em mãos, pensando se tudo aquilo que havia escutado era verdade. Talvez ele apenas quisesse fazê-la sentir-se especial ou ele realmente havia dito palavras trancafiadas em seu peito por anos.

- Quando ele se tornou tão cuidadoso ao dizer coisas para uma mulher? - Deitou o rosto sobre seus joelhos dobrados. - Hinata terá muita sorte..