09• Sr. Pallamus e a Turma D

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Kayllen


- É o nosso primeiro dia! - Gritei enquanto corria porta à fora.

- Leve seu casaco, Kayllen! - Mamãe gritou da sala, mas eu estava empolgada demais para voltar e pegar o bendito casaco.

- Não vai chover, mamãe! - Ía sim. E muito.

Mas eu realmente não me importava, eu quero mesmo é que ela venha. A tão esperada chuva de março, que só não era tão esperada quanto esse dia.

Sempre criei expectativas sobre esse momento, sempre imaginei como seria ingressar no ensino médio. E em todas às vezes, Jack fazia parte dos meus devaneios. Todos eles.

Nesse instante, enquanto caminho até a casa de David, me pego pensando nisso. Jack sempre esteve em meus pensamentos para o futuro, em cada plano mirabolante que fazia, cada aventura que arquitetava. Mas hoje de manhã, quando abri meus olhos, só consegui pensar nesse dia ao lado de Shawn e Davie. Mais ninguém.

- Ensino médio, então? - David me aguardava na porta.

- Ensino médio, afinal. - Disse enquanto o abraçava.

Tivemos duas semanas de férias, Shawn viajou para a casa dos tios em Toronto e David viajou junto com Liz para Quebec na casa dos avós paternos, Karll e Fullia Zean. Eles são um casal admirável, e estiveram na segunda guerra. O senhor Karll era um médico de campo de uma das tropas alemãs e a senhora Fullia é judia, e cozinhava para os batalhões. É uma história de muita dor, mas também de amor, já que eles se conheceram durante essa época e nunca mais se separaram. Vez ou outra me pego pensando na história deles, ele deserdou e fugiu com ela para uma aldeia secreta de judeus.

O pai de David, e seus outros 5 tios e tias são a consumação desse amor que nasceu em meio ao holocausto. Eu considero a história deles a mais linda que já tive a oportunidade de ouvir. Realmente uma história que merece se tornar um livro, talvez eu a escreva algum dia.

- Shawn chegou ontem - David tirou uma caixinha do bolso -, e me trouxe um presente.

- Me mostre. - Parei a caminhada e estendi a mão em direção a caixinha.

- Você é muito curiosa para alguém que só tem um metro e sessenta de altura. - Gracejou

- Um metro e sessenta e seis, otario. Agora me deixe ver. - Tomei a caixinha de sua mão e corri o restante do caminho que faltava para a casa de Shawn.

- Quanta maturidade, Kayllen West! - David me alcançou, mas não a tempo de me impedir de abrir a caixinha.

- Ele te deu um colar militar, por quê? - O encarei.

- Eu pedi. - Ele respondeu, apenas.

Antes que eu pudesse fazer mais alguma pergunta, Shawn saiu de sua casa. Tão ou mais empolgado que nós.

- Hoje é o grande dia! Estamos no ensino médio! - Ele passou seus braços ao redor dos nossos pescoços, nos unindo em um abraço desajeitado.

- Vamos nos atrasar se você não nos soltar - David murmurou.

- Você precisa aprender a receber abraços. - Shawn disse, soltando David e permanecendo com o braço ao meu redor.

- Eu sei receber abraços, só não gosto muito deles. - Davis pontuou.

- Mas do abraço de Sabrina Woodle você gosta, né? - Alfinetei.

- Do abraço, do beijo, do cheiro, do sorriso - Shawn complementou.

- Parem de bobagem, só fiquei com ela uma vez. - David defendeu-se, e instantaneamente corou.

- Oh, que gracinha. Davie está ficando vermelho. - Apontei para o garoto ranzinza.

Conceito abstrazíaOnde histórias criam vida. Descubra agora